terça-feira, 7 de setembro de 2010

OS (ATUAIS) DESMANDOS DAS FERROVIAS NO BRASIL

A Ferronorte no Alto Taquari (Foto Rodrigo Cabredo).

A concessionária ALL, que já opera o trecho da antiga Ferronorte entre Santa Fé do Sul, SP, e Alto Taquari, MT, decidiu devolver a concessão das (futuras) linhas que ligam Rondonópolis a Cuiabá, MT; Cuiabá a Porto Velho, RO; Cuiabá ao Porto de Santarém, PA e Rondonópolis a Araguari, MG. O motivo? para operar as linhas, teriam de construí-las. E, depois de quatro anos, resolveram desistir, depois de terem sido constantemente cobradas pelas obras não feitas pelos interessados (o que foi realizado até agora? Apenas 100 km de terraplanagem em parte de um trecho), desde a ANTT até políticos como o vereador Vuolo, do Fórum Pró-Ferrovia (sim, isso existe).

No dia 31 de agosto, diversos políticos da região reuniram-se com o ministro dos Transportes (outro inútil em termos de infra-estrutura) para pedir que o próprio estado faça os estudos para não atrasarem as obras mais ainda. É uma vergonha. A ALL só visa seus próprios interesses e joga às favas o interesse maior do país. E nem é a primeira vez.

Entre os projetos sinalizados pelo Fórum estaria o de possibilitar o transporte de passageiros entre Rondonópolis e Cuiabá, o que faria com que o trecho fosse entregue antes da Copa do Mundo de 2014. Com a mudança do processo, que retira a ALL como a responsável, a Copa torna-se importante para acelerar ainda mais as obras. Quem acredita nisto, realmente, dada a pouquíssima importância com que é tratado o transporte de passageiros por aqui?

Enquanto isto, no Paraná, o governo de Requião prova que o estado não sabe, mesmo, administrar estradas de ferro: depois de romper com a ALL, que tinha a concessão da Ferroeste até alguns anos atrás e por achar que ela estava dando prejuízos à empresa estatal, deu a concessão para o próprio estado - que fez a ferrovia quase falir. O armário foi aberto há cerca ce um mês atrás. Agora está todo mundo correndo atrás de investimentos que possam reerguer a ferrovia e fazer com que os projetos de ligar Cascavel a Foz e ao Mato Grosso tornem-se realidade... sem dinheiro.

"As necessidades de escoamento da safra na região são muitas, segundo o presidente da Ferroeste, mas o relatório ajudará na formatação de uma estratégia agressiva de recuperação empresarial, sem o que a ferrovia continuará com sérias deficiências técnico-operacionais", diz uma matéria de alguns dias atrás, da Agência de Notícias do Estado do Paraná. Em resumo, a ferrovia, com 14 anos de operação, está sucateada e em péssimas condições de operação.

Triste. Os governos não sabem nem operar estradas de ferro (vide os últimos 60 anos), nem sabem fiscalizar o que as concessionárias fazem (vide os desmandos da ALL, quase todos os dias nos jornais). Qual a solução, então? Talvez seja chamar gente séria para operar e gente séria para fiscalizar. Essas pessoas existem? Certamente, mas é preciso que urgentemente descubramos onde elas estão e quais são as condições para que elas trabalhem sem interferências nocivas.

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