terça-feira, 28 de setembro de 2010

"SOMOS TODOS IGUAIS PERANTE A LEI!!!"


A ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - que vive de semestralidades de seus sócios (quando pagam), de venda de bilhetes para as viagens que faz com seus trens, de trabalho voluntário de alguns abnegados e de doações (também voluntárias) de terceiros, pediu a desocupação de uma de suas estações intermediárias, Desembargador Furtado, ex-estação da Mogiana que funcionou até os anos 1960 e construída em 1926, pois esta havia sido invadida por integrandes do Movimento Sem-Terra, que, pelo visto, são também Sem-Estações.

A decisão judicial realmente tirou os invasores (três meses depois!!!), mas ao mesmo tempo CONDENOU o seu diretor, Helio Gazetta, a alugar ônibus para levar esses invasores até o ponto que eles escolhessem, e também a guardar todos os seus pertences que ali estivessem - nota: os invasores pediram 4 ônibus e 4 caminhões. Para uma entidade sem fins lucrativos, é muita grana, que possivelmente vai ter de ser bancada com doações de sócios.

Alguns comentários: do Hélio - "nessas horas, a Rede (Ferroviária Federal, dona do imóvel) diz que o problema é nosso e a Prefeitura (de Campinas) não atende o telefone". De outro diretor: "durante a invasão, os barracos ficam armados em volta, o pessoal só fica dentro deles durante o dia, porque à noite ficam meia dúzia de gatos pingados tomando conta de toda a tralha. Não me perguntem onde vão parar todos eles, entre homens, mulheres e crianças, mas acredito que todos vão, na verdade, para suas casas cuidar de sua famílias, ou seja, a invasão é jogo de cena, os caras são verdadeiros artistas".

E mais: "para mim, é o único caso em que o acusador vira réu, e a distinta juíza ainda tem a capacidade de, na sua sentença, colocar que a desocupação é de interesse público. Pô! Se é, porque ela não convocou a PM ou a PF para tirar esses desocupados de lá?"

É o fim da picada. E o governo federal atual ainda dá suporte para esses caras. Um chute na cara de quem tenta trabalhar para viver, como este que vos escreve. Uma vergonha. É de chorar de raiva.

Um comentário:

  1. A culpa é toda da ABPF, que insiste em acreditar que somos um país sério. Que insiste em fazer tudo pelos trâmites legais e honestos. Que insiste em salvaguardar o patrimônio que é de todos, mas que ninguém é responsável. Que insiste em fazer milagre com a pouca grana e muita boa vontade. Que acredita em leis, justiça, autoridades e em dias melhores. Pobre ABPF. Está dentre os poucos que acreditam de verdade que Patrimônio Histórico tem alguma importância real. Defender ferrovias no país do Domingão do Faustão e do Tetra? O problema da ABPF às vezes acho que é justo o "B", de Brasileira. Foi nascer justo no país onde o cabo de guerra tem 180 milhões de pontas e cada um puxa pro seu lado. Todas as cordas se arrebentam, todos perdem e nada avança. Não quero entrar no mérito do assunto dos Sem-Terra, mas essas atitudes da "justiça", de obrigar particulares a fazer o serviço em que o Estado se omitiu já é tão tradicional quanto à que privilegia os interesses particulares em função do coletivo. Num país igual o nosso, quem for ateu e honesto (ao mesmo tempo), enlouquece. Só Deus pra dar jeito mesmo.

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