segunda-feira, 6 de setembro de 2010
SÃO PAULO EM 1934
O mapa acima foi encontrado nos arquivos de meu avô e data de 1934. Mostra o município de São Paulo pouco antes da anexação do município de Santo Amaro, que se deu em 1935. Nessa época, Sud Mennucci, que trabalhava na comissão estadual que estudava a redivisão municipal do Estado, defendia a progressiva anexação de diversos municípios em volta da Capital, com a opinião de que isto melhoraria a administração. Graças a Deus ele não conseguiu seu intento... ou mudou de ideia depois e parou de pressionar para tal.
A divisa com Santo Amaro ia desde a nascente do rio Carapicuíba em linha reta até a foz do córrego da Traição no Pinheiros. A partir dali, acompanhava o córrego (atual avenida dos Bandeirantes) até o ponto mais alto do morro da Divisa, o que era a divisa tripla dos município da Capital, Santo Amaro e São Bernardo (hoje, essa parte deste último é Diadema). A partir dali, a divisa não difere das atuais - o que mudou foi o fracionamento dos municípios limítrofes. Reparar que o número de municípios que tinham divisa com a Capital era de sete, apenas.
Na zona oeste, no entanto, houve alteração depois. Osasco ainda era um bairro de São Paulo. O limite oriental era numa reta que unia a nascente do rio Carapicuíba com o Quartel de Quitaúna, que estava então dividido entre São Paulo e Parnaíba. Hoje, a divisa de Osasco (separado da Capital em 1959) com Carapicuíba (e não mais Cotia) é exatamente o córrego Carapicuíba, que desagua no final da plataforma da atual estação da CPTM, General Miguel Costa.
As linhas férreas estão bem mostradas: Sorocabana, Cantareira, Central (já existia a variante de Poá) e S. P. R. (Santos-Jundiaí). Lá no norte, acima do bairro de Caieiras, existia um enclave, dentro do município de Juqueri, pertencente à Capital: era onde ficava o Hospital do Juqueri, depois Franco da Rocha, bem como também essa parte oeste de Juqueri - que por sua vez virou Mairiporã em 1944.
A zona urbana e mais adensada de edifícios era a que está hachureada no mapa. O resto eram campos, mata e alagados, pontilhados por pequenos vilarejos que mais tarde cresceram e se tornaram os bairros de hoje, alguns bastante deteriorados, alguns ricos, a maioria pobre. A importância das ferrovias era notória: elas apareciam em destaque no mapa, enquanto nenhuma rodovia ou estrada aparece - embora já existissem. Já existiam, mas nesse tempo não ainda a Anchieta, a Anhanguera, a Dutra, a Castelo Branco e muito menos as mais recentes ainda Ayrton Senna, Imigrantes, Bandeirantes.
Como uma lembrança de mapas mais antigos, aparecem também rios e córregos, coisa rara nos dias de hoje, onde exceto os três maiores, Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, os pequenos nem são citados, quando não foram entubados.
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Transcrevo um e-mail do Carlos aqui, e ele está correto no que diz:
ResponderExcluir"Sobre a postagem de ontem, há um pequeno erro no mapa: o córrego apontado como sendo o do Cordeiro é na verdade o das Águas Espraiadas. O terceiro córrego, contado à partir do córrego da Traição em direção a S.Amaro, é que é o do Cordeiro. A mancha urbana que fica entre os 2 córregos é o Brooklin Paulista". Um abraço, Carlos Augusto
Ah! era exatamente isso o que eu ia perguntar. Não me lembro de nenhum córrego entre o Cordeiro e o centro de Santo Amaro. OK, ele já poderia estar canalizado antes de eu me entender por gente. Mas este comentário resolveu minha dúvida.
ResponderExcluirPuxa, o expansionismo da capital ampliou muito seu território! Santo Amaro era todo aquele prolongamento ao sul que vemos nos mapas de hoje! E pensar que votei contra o separatismo santamarense no plebiscito de 1985! :))
Quando Santo Amaro quis se emancipar em 1985, o território já era um pouco menor: ia do Cordeiro, e não do Traição, para o sul. E, do outro lado (Morumbi), lembro-me que a rua Charles Chaplin era uma das divisas. Creio que, se tivesse acontecido a separação, o Shopping Jardim Sul ficaria hoje em Sto Amaro, por exemplo, mas o estádio do Morumbi, não.
ResponderExcluirEm 1985 haviam facções santamarenses mais radicais que queriam avançar sobre o Palácio dos Bandeirantes e o Aeroporto de Congonhas. Ia ser gozado se tivesse dado certo, o palácio do governador fora da capital do estado...
ResponderExcluirAté hoje o pessoal da Gazeta de Santo Amaro lamenta a dívida do município de Santo Amaro que levou à ocupação do município pela capital do estado em 1934. Acho que era uma dívida relacionada com obras de abastecimento de água, não tenho certeza...
Conhecendo o Brasil, provavelmente não foi por isso que o município foi anexado. Por outro lado, uma das desculpas dadas em jornais para a anexação foi que "São Paulo poderia ter pontos turisticos e balneários para se divertir".
ResponderExcluirUé... os santamarenses impediam os paulistanos de ter acesso aos "pontos turísticos e balneários"? Essa jurisprudência permitiria também a anexação de toda a Baixada Santista, no mínimo.
ResponderExcluirNa época essa anexação poderia ser exagerada, mas mostrou-se bastante racional depois da expansão do município. Por falar em Baixada Santista, aqui na Ilha de São Vicente é incrível você ter de pagar 50% a mais para cruzar uma linha imaginária de ônibus ou táxi, fazendo trajetos cujo comprimento é muito menor do que se vê na capital. Hoje, ao menos, as tarifas telefônicas são mais racionais entre os municípios da Baixada Santista, praticamente uma cidade só, de Bertioga (no mínimo) a Peruíbe .
É, para v. ver como era uma desculpa cretina. E foi meu avô quem a deu, numa entrevista para um jornal pouco tempo depois. Ele era da comissão que fez a anexação. De qualquer forma, já pensou se outras cidades tivessem sido anexadas? Não valeria a pena, a julgar pelo crescimento absurdo e totalmente desplanejado que se seguiu.
ResponderExcluirAbsurdo é ter quase 6000 municípios no país, sendo que pelo menos 70% deles sobrevive do FPM e são praticamente cidades mendicantes.
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