sábado, 11 de setembro de 2010

CAVALOS, TRENS E BONDES

Meu trajeto em 1910 passaria por aqui

Hoje fui visitar meu filho em seu apartamento no bairro do Paraíso, em São Paulo, próximo à Brigadeiro Luiz Antonio com a rua 13 de Maio. Como sabem os meus fieis leitores, moro em Alphaville, Santana de Parnaíba, bem próximo à avenida Alphaville.

Saí de casa, segui pela Via Parque até a rodovia Castelo Branco, dali continuei pela Marginal do Rio Pinheiros até passar sob a ponte da avenida Cidade Jardim, entrei no túnel, peguei a Juscelino, tomei outro túnel sob o parque do Ibirapuera, virei na 23 de Maio, por ela segui até o viaduto da rua Pedroso e por esta rua entrei à esquerda para chegar ao meu destino. São cerca de 32 km.

Hoje, sábado, início de tarde, havia pouco trânsito. Tive de ouvir uma rádio pirata que tocava música caipira e tinha anúncios de medicações "naturais" e "infalíveis" contra todos os problemas que v. possa ter. Basta telefonar para um determinado número de telefone e fazer sua encomenda. Era isso ou ouvir propaganda política obrigatória que inclui sempre a daquele partido que fala o que Lênin pregava há cem anos atrás e que não deu certo na Rússia nem em nenhum país do mundo até hoje. Até Fidel tem confirmado isto nas suas últimas entrevistas.

Mas, voltando àquelas divagações de que gosto, como teria sido para visitá-lo há cem anos atrás, tendo como premissa (improvável) que tanto eu como ele morássemos nos mesmos pontos em que moramos hoje?

Bom, eu teria de chegar à estação ferroviária mais próxima de casa (Barueri) e que fica a cerca de 8 km de onde moro. Para isso, teria de pegar a "estrada de dentro" ou "estrada velha de Parnaíba", que, aqui, passava no mesmo leito da atual av. Alphaville. Que opções eu teria? Não havia taxis (carros de praça) nem telefone naquela época, nem telefone (nesta região) para chamá-los. Ou eu iria a pé ou a cavalo. A pé, condução que, nessa época, na zona rural, era extremamente comum mesmo para longas distâncias, tomar-me-ia cerca de 2 horas e meia. Melhor teria sido pegar meu cavalo e fazer o trecho em cerca de meia hora a uma hora, a trote.

Precisaria ver também a que horas passava o trem da Sorocabana em Barueri. Nessa época, 1910, não existiam trens de subúrbio ainda nessa linha, chegaram somente 12 anos depois. Portanto, raros eram os trens para São Paulo e interior por dia, talvez dois ou três apenas. Teria de levar uma revista (A Cigarra?) para ler e apreciar o mesmo tipo de propaganda enganosa que ouvi hoje pelo rádio. Mais um quarenta minutos de trem e chegaria à estação São Paulo, lá na esquina da rua Mauá com a rua dos Protestantes - o trem somente parava nas duas estações que existiam, Osasco e Barra Funda.

Ali, eu teria de arranjar uma charrete ou um tílburi para chegar à Sé. Ou tomar o bonde e seguir para o centro e ali tomar outro bonde que subisse a Brigadeiro Luiz Antonio. Próximo à rua 13 de Maio, eu deveria descer e andar cerca de três quarteirões para chegar onde meu filho mora(va).

Demoraria bem mais do que os 35 minutos que levei hoje. Porém, fazendo isto num dia de semana, possivelmente o tempo de percurso em 1910 e hoje seriam iguais. Talvez 1910 ganhasse.

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