Há cerca de uma semana estive na casa que foi de meu avô na Vila Mariana. Fui muito bem atendido pelo atual proprietário, o mesmo que comprou a casa dos herdeiros há mais de 40 anos. Na verdade, eu já havia ido lá duas vezes antes. Uma vez nos anos 1980 e outra nos 1990. Nós já nos conhecíamos.
O fato é que a visita me fez aflorarem memórias e lembranças.
As pombas arrulhando no terraço de cima onde via minha avó costurando em sua máquina Singer com caixa e gavetas de madeira e pés de ferro fundido. Minha tia Abreu sempre em sua cama, doente, no quarto da frente. A família enchendo a casa com seu imenso falatório nas festas de aniversário de minha avó. A despedida da casa, quando foi vendida, que coincidiu com a festa de bodas de ouro de minha tia Angélica.
A televisão em branco e preto no canto da sala de jantar. A mesa pesadíssima de madeira escura na mesma sala onde eram feitos os jantares. O som de Big Ben do carrilhão. As visitas dominicais de minha tia Angélica, de meu tio Flávio e da tia Meiry. Meus primos ainda bebês no quadrado – ou chiqueirinho, como queiram – na sala da frente. As janelas lindas de madeira pintadas de branco. A janela e a porta diferente do escritório. O velho galinheiro abandonado no fundo do quintal. A visão da chácara no imenso terreno de trás vista do alto.
O futebol jogado no quintal que dava acesso do portão à garagem. Os portões de ferro. A sala de brinquedos. As estantes lotadas de livros até o teto, nas quatro paredes do escritório. A escrivaninha de meu avô abandonada que ninguém usava. A cozinha enorme. Minha avó, sempre na cozinha, na copa ou na sala de jantar – ou no andar de cima. O jardim de inverno com vidros em ferros em diagonal.
Os inúmeros fins de semana e “férias”que passei lá. O Austin, sempre quebrado na garagem, com o primo Olindo tentando consertá-lo. Minha avó na cadeira de balanço. Minha tia Mévia tentando fazer com que os outros sussurrassem enquanto seus filhos dormiam à tarde. As gaiolas com os pássaros de meu tio Marcos. A máquina de lavar roupa com rolos para espremer e secar as roupas. Os gatos de nome Cianeto e Potássio – nomes dados pela minha tia Lélia, que era química.
Meus passeios de velocípede. Meu primo quebrando os brinquedos para ver o que tinha dentro. Lembranças, lembranças, lembranças.
Tudo isso fluía pela minha cabeça enquanto estava lá dentro conversando com o atual proprietário, que, na verdade, já viveu mais tempo lá do que minha família. Ele me perguntou dos meus tios e tias. Eu lhes disse que desde a última vez que fui lá, vários morreram. Foram alguns dos que trataram com ele durante a venda da casa.
Muita coisa mudou dentro da casa. Outro dono, outras ideias. Mas muita coisa ainda está igual. Quanta saudade, meu Deus!
O fato é que a visita me fez aflorarem memórias e lembranças.
As pombas arrulhando no terraço de cima onde via minha avó costurando em sua máquina Singer com caixa e gavetas de madeira e pés de ferro fundido. Minha tia Abreu sempre em sua cama, doente, no quarto da frente. A família enchendo a casa com seu imenso falatório nas festas de aniversário de minha avó. A despedida da casa, quando foi vendida, que coincidiu com a festa de bodas de ouro de minha tia Angélica.
A televisão em branco e preto no canto da sala de jantar. A mesa pesadíssima de madeira escura na mesma sala onde eram feitos os jantares. O som de Big Ben do carrilhão. As visitas dominicais de minha tia Angélica, de meu tio Flávio e da tia Meiry. Meus primos ainda bebês no quadrado – ou chiqueirinho, como queiram – na sala da frente. As janelas lindas de madeira pintadas de branco. A janela e a porta diferente do escritório. O velho galinheiro abandonado no fundo do quintal. A visão da chácara no imenso terreno de trás vista do alto.
O futebol jogado no quintal que dava acesso do portão à garagem. Os portões de ferro. A sala de brinquedos. As estantes lotadas de livros até o teto, nas quatro paredes do escritório. A escrivaninha de meu avô abandonada que ninguém usava. A cozinha enorme. Minha avó, sempre na cozinha, na copa ou na sala de jantar – ou no andar de cima. O jardim de inverno com vidros em ferros em diagonal.
Os inúmeros fins de semana e “férias”que passei lá. O Austin, sempre quebrado na garagem, com o primo Olindo tentando consertá-lo. Minha avó na cadeira de balanço. Minha tia Mévia tentando fazer com que os outros sussurrassem enquanto seus filhos dormiam à tarde. As gaiolas com os pássaros de meu tio Marcos. A máquina de lavar roupa com rolos para espremer e secar as roupas. Os gatos de nome Cianeto e Potássio – nomes dados pela minha tia Lélia, que era química.
Meus passeios de velocípede. Meu primo quebrando os brinquedos para ver o que tinha dentro. Lembranças, lembranças, lembranças.
Tudo isso fluía pela minha cabeça enquanto estava lá dentro conversando com o atual proprietário, que, na verdade, já viveu mais tempo lá do que minha família. Ele me perguntou dos meus tios e tias. Eu lhes disse que desde a última vez que fui lá, vários morreram. Foram alguns dos que trataram com ele durante a venda da casa.
Muita coisa mudou dentro da casa. Outro dono, outras ideias. Mas muita coisa ainda está igual. Quanta saudade, meu Deus!
Olá Sr. Ralph, boa noite.
ResponderExcluirNós, com nossos 40 ou mais, nos lembramos muito bem da infância. Para coisas de uma ou duas semanas atrás, entretanto, é preciso que forcemos a memória para lembrar coisas recentes.