segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

POSTES E FIAÇÕES


Fiação na esquina da rua Martinico de Carvalho com a rua Santa Madalena, no Paraíso. As duas fotografias mostram o mesmo local. com a diferença de menos de um ano.

É irritante quando queremos fotografar alguma coisa em uma rua qualquer – uma casa, por exemplo – e damos de cara com os fios elétricos da fiação pública. É verdade que existem outras coisas que podem atrapalhar, como as árvores, mas como também gosto das árvores, não as condeno... já os fios, sim.

Embora haja avenidas em São Paulo, além da rua Oscar Freire, que possuem fiação subterrânea — não são muitas, mas lembro-me da Rebouças, Eusébio Matoso, rua da Consolação, rua Xavier de Toledo, avenida Paulista, as ruas do centro velho — a esmagadora maioria não tem essa “mordomia”. Nem a Faria Lima escapa da “floresta de fios”. Já a Oscar Freire, única rua que me lembro agora que tem fiação subterrânea sendo uma via estreita (fora as do centro velho da cidade), tem-nos porque os comerciantes bancaram os gastos do “enterramento” poucos anos atrás.

Não vamos também misturar as coisas: não sou contra a fiação dos ônibus elétricos, assim como não era contra as dos bondes hoje inexistentes. E isto porque eles normalmente não se utilizam de postes de concreto, usando ou os próprios prédios existentes para ancorar os fios de sustentação (como nas ruas do centro) ou pequenos postes de metal ou ferro.

Postes de concreto são outra coisa que realmente polui visualmente de forma cruel, especialmente quando estão com fios demais: telefone, eletricidade, tv a cabo e outros quetais. Antigamente os postes eram de madeira, muitas vezes de troncos de árvore, tortos, mesmo. Depois passaram a ser de ferro, em alguns casos muito bonitos, como os que se vê no centro da cidade, que têm o brasão de armas do Brasil na parte de baixo e com uma, duas ou três luminárias. Estas luminárias antigamente eram de vidro. Hoje, mesmo nas antigas, elas são de plástico, pelo menos quando foram substituídas por terem se quebrado.

Em Santana de Parnaíba, cidade onde moro e vizinha a São Paulo — estou aqui falando do lindíssimo centro histórico que ela possui — os postes de concreto estão lá com sua horrorosa fiação. A cidade quer enterrá-los, mas alega não ter dinheiro para isso. E num tipo de casario como o deles, os fios e postes realmente são desastrosos. A Lapa, no Paraná, que é uma cidade muito bem cuidada e preservada, com um tipo de casario semelhante ao de Parnaíba, já enterrou seus fios há muito tempo — se é que lá um dia houve postes com fiação.

Quando não há fios, os únicos postes necessários são os de aço que hoje se usa para a iluminação pública com lâmpadas de sódio ou de mercúrio. O único problema é que em muitos casos eles são colocados acima da linha das copas das árvores, escurecendo bastante a rua durante a noite. Já os postes de ferro antigos de que falei são baixos e acabam iluminando muito mais.

Enfim, somente com uma forte conscientização cultural é que esse problema será resolvido. E vai demorar muito para que tal aconteça.

2 comentários:

  1. Luto há anos com a PMSP e a Eletropaulo pedindo
    que um programa de enterramento de fiação e eliminação de postes seja implementado em nossa cidade. Zero de sucesso. Poucas pessoas em SP se preocupam com isso e as autoridades não sentem infelizmente nenhuma pressão para mudança. Antes da AES comprar a Eletropaulo, a
    EDF (Eletricité de France) teve participação na nossa, à época, estatal estadual. Perguntei à êles porque na França não tinha mais um metro
    de fio sem ser enterrado e aqui êles não faziam o mesmo. Responderam-me que os valores pagos pelos usuarios nas contas de luz aqui no Brasil eram muito menores que os da França.
    Ocorre que eu tinha morado pouco tempo antes em Nice , no sul da França e possuia as contas de luz pagas por lá. O valor do Kwh de lá era menor feitas as conversões de francos/reais do que em SP. Tambem nada resultou e só resta lamentar a feiura geral. A quem interessar posso enviar fotos recentes feitas pelas ruas em Istambul. Nada de fiação exposta. A
    cidade tem uma arrecadação de menos de 50% da de SP. E cerca de 9 milhões de habitantes.

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  2. Luiz, a questão é cultural, mesmo. Todos gostariam de não ver os fios, mas por outro lado não sentem necessidade de pedir para isso ser feito pois a maioria das pessoas não vê exatamente onde os fios atrapalham. Atrapalham justamente nas fotos (e riscos de raios, etc etc etc). O fato que a fiação é visivel, mas os incômodos e problemas, não.

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