O litoral norte de São Paulo vai do município de Bertioga até o de Ubatuba, na divisa com o Estado do Rio. Praias e mais praias, muito bonitas, vão passando enquanto dirigimos do início do trecho da SP-55 na Rodovia Piassaguera-Guarujá até a divisa com o Rio.
O curioso, no entanto, é que esta SP-55, que se confunde com a BR-101, é um trecho em sua maior parte muito antigo que passa por dentro das cidades e bairros que ela serve. A ideia, nos anos 1970, era construir a tal “Rodovia do Sol” para ligar o Rio a Santos – a Rio-Santos, numa distância bem maior da costa e passando pelas encostas da Serra do Mar. Isto evitaria o que ocorre hoje: a estrada estreita passa dentro dos bairros e cidades. A Rodovia do Sol começou a ser construída e em algum momento acabou a verba: viadutos e trechos escavados foram abandonados junto à Serra do Mar, sendo que alguns podem ser vistos de longe ainda hoje.
Até os anos 1970, somente se podia ir de Santos a Maresias, um bairro-praia do município de São Sebastião a cerca de 20 quilômetros da sede deste, pela areia ou por alguns trechos de estradas em péssimas condições. Entre Bertioga e São Sebastião, as praias eram semi-desertas e apenas algumas delas tinham um pequeno núcleo de casas. Bertioga, mesmo, somente alcançada via Ilha de Santo Amaro (município de Guarujá) por balsa – duas, visto que de Santos a Guarujá também somente se podia ir de carro por outra balsa – era um vilarejo pertencente a Santos.
Com a construção da estrada Piassaguera-Guarujá no início dos anos 1970 (tem esse nome, pois a estrada que existia antes somente ligava Santos a Piassaguera, onde o núcleo industrial siderúrgico e petroquímico da COSIPA existia desde 1955 e levava esse nome), Guarujá ganhou acesso por carro, mais longo para quem vinha de Santos, mas bem mais curto para quem vinha de São Paulo e acelerou seu crescimento predatório. A deserta praia da Enseada dos anos 1960 tornou-se rapidamente um dos bairros mais populosos do município.
Nos anos 1980, a prefeitura de São Sebastião ligou a sede do município a Maresias com uma estrada decente e asfaltada, mas perigosa e com muitas curvas, estrada essa que existe até hoje. Logo depois, o Estado ligou também a Piassaguera-Guarujá com Bertioga e todo o litoral norte, asfaltando e construindo trechos até encontrar a estrada que São Sebastião construiu.
Com isso, todas aquelas praias começaram a se encher de casas e até um ou outro prédio baixo (3-4 andares, de acordo com a regulamentação que ainda hoje sobrevive apesar das pressões). Algumas construções antigas ainda sobraram em pé, muito poucas, uma em Boiçucanga e outra em Boracéa, casas com aparência de terem sido construídas nos anos 1920 ou 1930 e que nos dois casos estão no centro de um terreno grande aberto, mas sem uso algum, já meio abandonadas. Também sobraram igrejas das vilas de pescadores em Maresias e Boiçucanga. Curioso que isto tudo está à beira da estrada improvisada. Na maioria desses bairros-praia é o único asfalto que o local tem. A falta de uma estrada como tal (a Rio-Santos abandonada) faz com que o passeio a pé pelas estreitas calçadas ou acostamentos da estrada atual seja realmente um negócio de alto risco. A Praia Preta, perto de Camburi, somente pode ser frequentada pelos usuários com os carros sendo estacionados no estreito acostamento, pois a praia está do lado da estrada e não há casas ou estacionamentos para as pessoas se hospedarem ou pararem seus carros.
Infra-estrutura, portanto, no litoral norte de São Paulo é algo muito pobre. Ao norte de São Sebastião, em Caraguatatuba e Ubatuba, a situação é a mesma, mas a densidade populacional ali é maior, complicando o trânsito de veículos dos municípios como um todo. Alguém se habilita a consertar tudo isto?
O curioso, no entanto, é que esta SP-55, que se confunde com a BR-101, é um trecho em sua maior parte muito antigo que passa por dentro das cidades e bairros que ela serve. A ideia, nos anos 1970, era construir a tal “Rodovia do Sol” para ligar o Rio a Santos – a Rio-Santos, numa distância bem maior da costa e passando pelas encostas da Serra do Mar. Isto evitaria o que ocorre hoje: a estrada estreita passa dentro dos bairros e cidades. A Rodovia do Sol começou a ser construída e em algum momento acabou a verba: viadutos e trechos escavados foram abandonados junto à Serra do Mar, sendo que alguns podem ser vistos de longe ainda hoje.
Até os anos 1970, somente se podia ir de Santos a Maresias, um bairro-praia do município de São Sebastião a cerca de 20 quilômetros da sede deste, pela areia ou por alguns trechos de estradas em péssimas condições. Entre Bertioga e São Sebastião, as praias eram semi-desertas e apenas algumas delas tinham um pequeno núcleo de casas. Bertioga, mesmo, somente alcançada via Ilha de Santo Amaro (município de Guarujá) por balsa – duas, visto que de Santos a Guarujá também somente se podia ir de carro por outra balsa – era um vilarejo pertencente a Santos.
Com a construção da estrada Piassaguera-Guarujá no início dos anos 1970 (tem esse nome, pois a estrada que existia antes somente ligava Santos a Piassaguera, onde o núcleo industrial siderúrgico e petroquímico da COSIPA existia desde 1955 e levava esse nome), Guarujá ganhou acesso por carro, mais longo para quem vinha de Santos, mas bem mais curto para quem vinha de São Paulo e acelerou seu crescimento predatório. A deserta praia da Enseada dos anos 1960 tornou-se rapidamente um dos bairros mais populosos do município.
Nos anos 1980, a prefeitura de São Sebastião ligou a sede do município a Maresias com uma estrada decente e asfaltada, mas perigosa e com muitas curvas, estrada essa que existe até hoje. Logo depois, o Estado ligou também a Piassaguera-Guarujá com Bertioga e todo o litoral norte, asfaltando e construindo trechos até encontrar a estrada que São Sebastião construiu.
Com isso, todas aquelas praias começaram a se encher de casas e até um ou outro prédio baixo (3-4 andares, de acordo com a regulamentação que ainda hoje sobrevive apesar das pressões). Algumas construções antigas ainda sobraram em pé, muito poucas, uma em Boiçucanga e outra em Boracéa, casas com aparência de terem sido construídas nos anos 1920 ou 1930 e que nos dois casos estão no centro de um terreno grande aberto, mas sem uso algum, já meio abandonadas. Também sobraram igrejas das vilas de pescadores em Maresias e Boiçucanga. Curioso que isto tudo está à beira da estrada improvisada. Na maioria desses bairros-praia é o único asfalto que o local tem. A falta de uma estrada como tal (a Rio-Santos abandonada) faz com que o passeio a pé pelas estreitas calçadas ou acostamentos da estrada atual seja realmente um negócio de alto risco. A Praia Preta, perto de Camburi, somente pode ser frequentada pelos usuários com os carros sendo estacionados no estreito acostamento, pois a praia está do lado da estrada e não há casas ou estacionamentos para as pessoas se hospedarem ou pararem seus carros.
Infra-estrutura, portanto, no litoral norte de São Paulo é algo muito pobre. Ao norte de São Sebastião, em Caraguatatuba e Ubatuba, a situação é a mesma, mas a densidade populacional ali é maior, complicando o trânsito de veículos dos municípios como um todo. Alguém se habilita a consertar tudo isto?
Ralph , vejo que você é um apreciador do litoral norte como eu fui até poucos anos.
ResponderExcluirO meu primeiro contacto com aquelas belezas foi no final dos anos 50 com barco saindo de Santos pois não havia ainda outro meio de se atingir aquelas paragens. Em 1962 começei a frequentar a região de auto , graças à estrada que estava sendo construida pelo na época gov. Adhemar de Barros em consorcio com a Petrobras
Essa estrada não tinha outro interesse senão a manutenção do pipeline de petroleo que saía de São Sebastião com destino à Refinaria Pres.
Bernardes em Cubatão. Aquêles eram realmente
"the good times". Pouquissimos turistas, mata praticamente intocada , aguas claras , muito mas muito peixe para quem fazia caça submarina
No principio a estrada que partia de Bertioga chegava apenas até Juquey. Bem, classificar como estrada é exagero,era apenas um caminho pelas praias ditas de areia dura e depois de Boracéa uma estrada de terra subindo e descendo os morros até Juquey. Nessa época do lado norte vindo de São Sebastião a "rodovia" atingia apenas Guaecá onde creio que até hoje no canto sul da praia exista um casarão antigo dos anos 30 que abrigou entre outros fugitivos da ditadura de Vargas, o jovem Roberto de Abreu Sodré. Desta forma o trecho entre Guaecá e Maresias demorou ainda mais uns 10/15 anos para ser aberto. Depois disso veio o desatre. Mesmo antes do asfalto cobrir a estrada vislumbrou-se um paraiso a ser conquistado. Uma conquista que se fêz com a ganancia e falta de escrupulo típica da nossa gente. Indiferença das autoridades , ausencia de planejamento e o mais grave de tudo centenas de casas sem sequer fossa asséptica, despejando seus esgôtos nos rios da região.Lá se foram pro espaço os pitús das cachoeiras e os criadouros de peixe nos mangues. Aterros , invasões de areas de mananciais enfim de A à Z tôdo o alfabeto da destruição. Mas o pior estava por vir.Os peões que construiam as casas dos veranistas eram requisitados continuamente para novas obras e tinham de morar em algum lugar na redondeza.
Surgiram as inevitáveis favelas,que hoje tem como expressão maxima a "Vila Baiana" na
Barra de Sahy. Só para ter idéia de como as coisas evoluem mau por aqui , até hoje êsse mesmo Sahy não conta com coleta de esgôto. O primeiro morador famoso de Barra de Sahy foi Clovis Graciano, pintor famoso do grupo Santa Helena. Instalou-se lá pelos anos 50, depois de conhecer e se apaixonar pelas praias da região quando retornava do exilio em Ilha Grande.
O seu Toque/Toque é uma honrosa exceção.
A area comprada em sua totalidade pelo Takaoka e desenvolvida como loteamento fechado se viu livre das misérias acima citadas tornando-se hoje um dos poucos abrigos resmanecentes na região.
Por isso tudo é que iniciei êsse testemunho com um "eu fui um apreciador". Para terminar alguns velhos amigos , muitos já falecidos, iam no inicio dos anos 60, com um Cessna para Juquey, pousavam no canto norte da praia , lá havia areia dura , passavam o dia mergulhando nos costões e voltavam à tarde para Santos abarrotados de peixe.
Luiz, gostei muito das suas histórias. Dá uma postagem de blog... na verdade conheço muito pouco o litoral Norte. Em Ubatuba não passo há 20 anos. Mas tenho feito o trajeto Bertioga-Toque Toque muitas vezes nos últimos anos, indo à casa de um grande amigo. Esse trecho eu conheço de tanto passar. Mas jamais fui em qualquer praia que não fizue à margem da estrada, exceto a própria Toque-Toque...
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