A privatização das ferrovias brasileiras começou em 1996 e terminou em 1998. Aliás, nem foi privatização. Toda a malha está nas mãos do Governo, que as tirou da RFFSA quando extinguiu a empresa. O que existe, na verdade, são concessões para operação das linhas. A primeira concessão deu-se no primeiro semestre de 1996 e foi a da antiga Noroeste do Brasil. Começou mal. O consórcio que a arrendou deu-se o nome de Novoeste e nada fez a não ser manter uma ou outra carga que já existia pela RFFSA, eliminar outras e abandonar totalmente o ramal de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Em dois/três anos mudou de dono, depois passou a ser parte da Brasil Ferrovias, uma junção das estradas de ferro Ferronorte (que já passou a operar a estrada que ela própria construiu desde 1998) e Ferroban, que foi o consórcio que adquiriu a Fepasa, das mãos da RFFSA, para a qual tinha sido entregue de bandeja pelo Governo paulista em abril de 1998. Hoje essas três concessões são parte da ALL, que, no início, havia adquirido a concessão da malha Sul, ou seja, as ferrovias dos três Estados sulinos, com exceção da E. F. Teresa Cristina.
Sem querer fazer grande análise aqui, hoje em dia apenas a Vitória-Minas e a Carajás, que são concessões da Vale do Rio Doce – hoje Vale -, além da MRS, são realmente bem-sucedidas no negócio. A Teresa Cristina, que manteve o nome da malha, também vai bem, mas a sua quilometragem é muito pequena comparada com as outras, então, o faturamento também o é. A ALL cuida de seus trechos do jeito que ela quer: só conserta quando algum trem descarrila – o que acontece muito. As outras concessões são problemáticas.
Em termos de atender as necessidades do País, no entanto, todas as empresas deixam a desejar. Transportando pelo menos 72% de toda a carga como minério, principalmente de ferro e bauxita, o que resta de carga é mal atendida – ou mesmo não atendida. Fora isso, muitíssimos trechos – talvez pelo menos 50% da malha que existe, não é utilizada. Será que não há carga para elas? Ou será que há má vontade por parte das concessionárias? E o que fazer se uma concessionária não quer um trecho? Será que o fato de ela não querer operá-lo significa que certamente ele é um “mico”? Ou ela não tem nenhuma vontade de investir neles?
Fora isso, a privatização não contemplou trens de passageiros regulares. E como o lucro nesse campo é sempre baixo, quando há, as concessionárias pouco ou nada se importaram com o assunto. Mesmo quando algum interessado quer operar um trecho e pede concessão para tal, as concessionárias levantam mil empecilhos para que ele não vingue — caso típico do Trem de Prata, que acabou um ano depois da privatização do trecho Rio–São Paulo.
Agora e tardiamente o Governo Federal fala em rever as privatizações. Quer que outras empresas ganhem a concessão dos trechos pouco ou nada usados. Já devia ter feito isto há muito tempo. As atuais concessionárias não ligam para eles, não limpam, não cuidam e fazem vista grossa para o roubo de trilhos e depredações de ativos.
Esperamos que o Governo faça algo sério desta vez e rearranje as coisas de uma forma que seja do interesse do País. Lógico que ninguém vai querer operar linhas que deem prejuízos, mas pequenas operadoras podem fazer milagres com trechos indesejados – vide Estados Unidos, onde isso existe e funciona.
Quanto tempo, porém, vai demorar até esse “rearranjo” se tornar uma realidade? Esperamos que as atuais concessionárias não boicotem o plano, se é que já há um. Esperamos, também, que se dê condições para a volta de pelo menos alguns trens de passageiros, e que isto também resolva a eterna briga entre a MRS e a CPTM pelas linhas que passam dentro de São Paulo — passageiros x carga, aqui, é o grande problema. Perdem todos.
Sem querer fazer grande análise aqui, hoje em dia apenas a Vitória-Minas e a Carajás, que são concessões da Vale do Rio Doce – hoje Vale -, além da MRS, são realmente bem-sucedidas no negócio. A Teresa Cristina, que manteve o nome da malha, também vai bem, mas a sua quilometragem é muito pequena comparada com as outras, então, o faturamento também o é. A ALL cuida de seus trechos do jeito que ela quer: só conserta quando algum trem descarrila – o que acontece muito. As outras concessões são problemáticas.
Em termos de atender as necessidades do País, no entanto, todas as empresas deixam a desejar. Transportando pelo menos 72% de toda a carga como minério, principalmente de ferro e bauxita, o que resta de carga é mal atendida – ou mesmo não atendida. Fora isso, muitíssimos trechos – talvez pelo menos 50% da malha que existe, não é utilizada. Será que não há carga para elas? Ou será que há má vontade por parte das concessionárias? E o que fazer se uma concessionária não quer um trecho? Será que o fato de ela não querer operá-lo significa que certamente ele é um “mico”? Ou ela não tem nenhuma vontade de investir neles?
Fora isso, a privatização não contemplou trens de passageiros regulares. E como o lucro nesse campo é sempre baixo, quando há, as concessionárias pouco ou nada se importaram com o assunto. Mesmo quando algum interessado quer operar um trecho e pede concessão para tal, as concessionárias levantam mil empecilhos para que ele não vingue — caso típico do Trem de Prata, que acabou um ano depois da privatização do trecho Rio–São Paulo.
Agora e tardiamente o Governo Federal fala em rever as privatizações. Quer que outras empresas ganhem a concessão dos trechos pouco ou nada usados. Já devia ter feito isto há muito tempo. As atuais concessionárias não ligam para eles, não limpam, não cuidam e fazem vista grossa para o roubo de trilhos e depredações de ativos.
Esperamos que o Governo faça algo sério desta vez e rearranje as coisas de uma forma que seja do interesse do País. Lógico que ninguém vai querer operar linhas que deem prejuízos, mas pequenas operadoras podem fazer milagres com trechos indesejados – vide Estados Unidos, onde isso existe e funciona.
Quanto tempo, porém, vai demorar até esse “rearranjo” se tornar uma realidade? Esperamos que as atuais concessionárias não boicotem o plano, se é que já há um. Esperamos, também, que se dê condições para a volta de pelo menos alguns trens de passageiros, e que isto também resolva a eterna briga entre a MRS e a CPTM pelas linhas que passam dentro de São Paulo — passageiros x carga, aqui, é o grande problema. Perdem todos.
Aqui no título houve um erro lamentável de minha parte: onde se lê " estatização" leia-se "privatização". O erro se repete pelo texto. Falta total de atenção. Lamento. Vou editar a postagem e mudar, mas nas chamadas provavelmente continuará o nome errado. - o autor, Ralph
ResponderExcluiro problema foi essa tal conseção pra mim ou se vendia toda a malha nem que fosse por um preço baixo ou nao se consedia nada pq e isso ai as empresas sabem que vao ter que devolver e nao tao nem ai nao investem nao cuidao as ferrovias viraram grandes esteiras so fazem trasnporte do interio pro por so atendem acionistas nao desafogam em nada as estradas alem de terem feito conseçoes mal feitas acabaram com a policia erroviaria federal q era quem deveria fiscalizar as consecionarias ate hoje nao ha fiscalização nunca houve por isso tudo acaba abandonado e em sucata e ruinas.
ResponderExcluirGouveia, a privatização foi mal feita, mas teve resultados bons também. O abandono nada tem a ver com as concessionárias e sim com o governo, dono de tudo. Ele é o dono do que não é usado e não toma conta disso. As concessionárias não precisam da enorme parte do ativo fixo, e se fossem obrigadas a conserta-los nunca se interessariam pela concessão, pois teriam prejuízo. Apesar de tudo, a carga transportada pela ferrovia aumentou e muito, inclusive proporcionalmente em comparação com os outros meios de transporte.
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