E aqui estou falando do antigo município de Santo Amaro que é hoje um distrito do município de São Paulo.
A povoação já existia havia algum tempo quando foi elevada a distrito do município de São Paulo no ano de 1686. A partir dos anos 1820 começou a receber a imigração alemã, que se acentuou no final do século 19. Antes disso, em 1832, o distrito foi separado da Capital e elevado a município. A partir de 1886 passou a ser ligado com o centro de São Paulo pelo Tramway de Santo Amaro. Já o era pela Estrada de Santo Amaro, hoje o corredor rua Santo Amaro-Av. Brigadeiro Luiz Antonio-Avenida Santo Amaro. Em 1935, foi reincorporado a São Paulo. A causa oficial foi uma dívida que a cidade tinha com o Tesouro do Estado, mas, na época, também havia um grande interesse na incorporação de todos os municípios em volta de São Paulo a esta.
O motivo alegado era que seria mais fácil de se administrar uma capital maior, aumentando a qualidade de vida desses municípios-subúrbios. Na verdade, toda a região que hoje é a Grande São Paulo (40 municípios, atualmente) era composta por bem menos municípios e todos eles com baixa arrecadação, ao contrário de hoje, quando há municípios com altíssima arrecadação mesmo em termos nacionais: Santo André, São Bernardo, Barueri, Guarulhos e Osasco são alguns exemplos.
Em 1931, por vontade de Getúlio Vargas, foi instituída em cada Estado uma comissão para se reavaliar o número de municípios que existiam – podendo esta Comissão diminuir o número ou criar novas unidades autônomas. O critério em São Paulo não foi político para esta redivisão; na época, a conformação de cada município existente foi alterada, novos distritos e comarcas foram criados e alguns municípios foram anexados a outros. O critério era geográfico e baseado nas estradas de ferro e também nas vias fluviais e rodoviárias que existissem em bom estado, além da população e da renda de cada um. Algumas decisões, no entanto, não chegaram a ser implantadas: a atual Santana de Parnaíba e o município de Juqueri (hoje Mairiporã) chegaram a ter seus fins decretados, com sua anexação a São Paulo, mas na última hora tal decisão foi revogada – provavelmente por influencia e pressão política dessas cidades, que, mesmo assim, perderam, nessa época, amplos territórios.
Mesmo assim, alguns dos municípios mais pobres do Estado foram extintos – não todos. Muitos tiveram a sede alterada dentro dos seus limites. Acabaram-se os enclaves, ou seja, partes de municípios sem comunicação física com a sede – geralmente fazendas que brigavam com a Prefeitura e entravam com pedido ao Estado para que fossem anexados a um dos municípios vizinhos. Por exemplo: o sanatório do Juqueri, na atual Franco da Rocha, era em 1933 parte do município de São Paulo e não do de Juqueri: era um enclave.
Quanto a Santo Amaro, algumas pessoas hoje podem se recordar que em 1985 houve um plebiscito para a separação do bairro, que já não teria o mesmo tamanho que tinha em 1935, mas sim menor. Afinal, quais eram as divisas de Santo Amaro em 1935 com São Paulo? A mais conhecida era a avenida dos Bandeirantes, na época apenas um córrego, o da Traição. Mas e do outro lado do rio? A oeste do rio Pinheiros, a divisa era uma linha reta que saía um pouco ao sul da ponte da Cidade Jardim – que, nessa época, era mais ao sul do que hoje num rio ainda não retificado e cheio de corcovas – e se dirigia para a divisa com o município de Cotia (não existiam ainda Carapicuíba, Barueri, Jandira e Osasco ainda era parte da Capital). Isto, de tal forma que a ponte estaiada, o Palácio do Governo, o Estádio do Morumbi, o Aeroporto de Congonhas e o novíssimo Shopping Center Cidade Jardim, aquele monstrengo na beira da avenida Marginal de Pinheiros, todas essas construções seriam parte de Santo Amaro.
A povoação já existia havia algum tempo quando foi elevada a distrito do município de São Paulo no ano de 1686. A partir dos anos 1820 começou a receber a imigração alemã, que se acentuou no final do século 19. Antes disso, em 1832, o distrito foi separado da Capital e elevado a município. A partir de 1886 passou a ser ligado com o centro de São Paulo pelo Tramway de Santo Amaro. Já o era pela Estrada de Santo Amaro, hoje o corredor rua Santo Amaro-Av. Brigadeiro Luiz Antonio-Avenida Santo Amaro. Em 1935, foi reincorporado a São Paulo. A causa oficial foi uma dívida que a cidade tinha com o Tesouro do Estado, mas, na época, também havia um grande interesse na incorporação de todos os municípios em volta de São Paulo a esta.
O motivo alegado era que seria mais fácil de se administrar uma capital maior, aumentando a qualidade de vida desses municípios-subúrbios. Na verdade, toda a região que hoje é a Grande São Paulo (40 municípios, atualmente) era composta por bem menos municípios e todos eles com baixa arrecadação, ao contrário de hoje, quando há municípios com altíssima arrecadação mesmo em termos nacionais: Santo André, São Bernardo, Barueri, Guarulhos e Osasco são alguns exemplos.
Em 1931, por vontade de Getúlio Vargas, foi instituída em cada Estado uma comissão para se reavaliar o número de municípios que existiam – podendo esta Comissão diminuir o número ou criar novas unidades autônomas. O critério em São Paulo não foi político para esta redivisão; na época, a conformação de cada município existente foi alterada, novos distritos e comarcas foram criados e alguns municípios foram anexados a outros. O critério era geográfico e baseado nas estradas de ferro e também nas vias fluviais e rodoviárias que existissem em bom estado, além da população e da renda de cada um. Algumas decisões, no entanto, não chegaram a ser implantadas: a atual Santana de Parnaíba e o município de Juqueri (hoje Mairiporã) chegaram a ter seus fins decretados, com sua anexação a São Paulo, mas na última hora tal decisão foi revogada – provavelmente por influencia e pressão política dessas cidades, que, mesmo assim, perderam, nessa época, amplos territórios.
Mesmo assim, alguns dos municípios mais pobres do Estado foram extintos – não todos. Muitos tiveram a sede alterada dentro dos seus limites. Acabaram-se os enclaves, ou seja, partes de municípios sem comunicação física com a sede – geralmente fazendas que brigavam com a Prefeitura e entravam com pedido ao Estado para que fossem anexados a um dos municípios vizinhos. Por exemplo: o sanatório do Juqueri, na atual Franco da Rocha, era em 1933 parte do município de São Paulo e não do de Juqueri: era um enclave.
Quanto a Santo Amaro, algumas pessoas hoje podem se recordar que em 1985 houve um plebiscito para a separação do bairro, que já não teria o mesmo tamanho que tinha em 1935, mas sim menor. Afinal, quais eram as divisas de Santo Amaro em 1935 com São Paulo? A mais conhecida era a avenida dos Bandeirantes, na época apenas um córrego, o da Traição. Mas e do outro lado do rio? A oeste do rio Pinheiros, a divisa era uma linha reta que saía um pouco ao sul da ponte da Cidade Jardim – que, nessa época, era mais ao sul do que hoje num rio ainda não retificado e cheio de corcovas – e se dirigia para a divisa com o município de Cotia (não existiam ainda Carapicuíba, Barueri, Jandira e Osasco ainda era parte da Capital). Isto, de tal forma que a ponte estaiada, o Palácio do Governo, o Estádio do Morumbi, o Aeroporto de Congonhas e o novíssimo Shopping Center Cidade Jardim, aquele monstrengo na beira da avenida Marginal de Pinheiros, todas essas construções seriam parte de Santo Amaro.
oLÁ sR. Ralph,boa noite. Parece que o critério econômico, hoje, é motivo de separação: No vale do Ribeira, que abriga os municípios mais pobres de SP, houve um movimento separatista, por conta do esquecimento governamental daquela região. Por outro lado,na década de 90, ouvi que a cidade de Paraty queria se tornar paulista.
ResponderExcluirNa verdade o critério econômico não pe usado como critério, mas como desculpa para políticos fazerem a separação de municípios e até de Estados (no caso, o tal "São Paulo do Sul" no vale do Ribeira"). Sou totalmente contra separações de municípios hoje em dia, a não ser em casos muito bem fundamentados. O que adianta, por exmplo, criar um e deixar aquele que originou o novo pobre, por exemplo? Melhor manter um só... mude a sede, se for o caso - e mesmo assim, analise bem.
ResponderExcluirE qual é hoje a Auto Estrada Santo Amaro?
ResponderExcluirEu não escrevi qual é? Pisei na bola. É a Moreira Guimarães/Washington Luiz. Aliás, até os anos 1970 ainda existiam placas com o nome "Auto-Estrada Washington Luiz".
ResponderExcluirA avenida República do Líbano também era parte da Auto Estrada de Santo Amaro.
Excluir2. Talvez a Light tenha sido a responsável pela anexação de Santo Amaro à Capital. A câmara municipal santamarense tentou impedir a construção da represa do Guarapiranga no início do século passado e, muito provavelmente, ficaria contra a retificação do rio Pinheiros. Assim, em vez de brigar na justiça, como no caso da Guarapiranga, eles acharam melhor resolver politicamente.
Em 10.07.1932 a Auto Estrada publicou anúncio no Estadão sobre a inauguração do serviço de ônibus para a represa:
Excluirhttp://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19320710-19216-nac-0010-999-10-not
Ralph,
ResponderExcluirEspetacular o seu blog !
Parabéns !
Ralph...
ResponderExcluirAté hoje na Av.Francisco Morato,próximo ao farol de pedestres e em frente a chácara do Jockey, ainda existe o marco de divisão dos municípios de São Paulo e Santo Amaro.
Meio maltratado pelo tempo, mas ainda está lá...
Onde é a chácara do Jockey? Gostaria de ver isso!
ResponderExcluirNa folha 62 do mapa da Sara, no exato ponto em que a "Estrada de Itapecerica ou M'Boy", atual Francisco Morato cruzava a linha divisória municipal, uns 600 metros depois de cruzar o Caminho do Engenho (indo da Capital para o Embu). O marco está uns 20 metros depois da esquina da rua Santa Crescência:
Excluirhttp://arquiamigos.org.br/info/info37/img/mosaico/f62maxi.jpg
Na Av.Francisco Morato,entre os números 5000 e 6000,lado direito sentido Régis Bittencourt.
ResponderExcluirNum farol de pedestres defronte a rua Min.Heitor Bastos Tigre, próximo a divisa com Taboão da Serra.
Bem desgastado pelo tempo, mas com as inscrições ainda perfeitamente legíveis.
Se tiver a oportunidade, vá até lá.
Saudações!
Senhor Ralph,
ResponderExcluirUma duvida: fala-se muito das divisas de SP com o antigo Santo Amaro no que veio a ser tornar a Zona Oeste de SP e a Avenida dos Bandeirantes....mas nao se fala da divisa de Santo Amaro a leste, em especifico na regiao do Jabaquara e Aeroporto...para o leste, aonde era a divisa dos municipios? O bairro do Jabaquara, por exemplo, era paulistano ou santo-amarense?
Grande abraco e parabens pelo blog
Alexandre Ferraz
Alexandre, a divisa seguia por todo o córrego da Traição (avenida Bandeirantes) até as nascentes, no topo do morro (junção av. Bandeirantes - Engenheiro A. A. Pereira (na época, estrada da Conceição), e depois, margeando o lado direito desta até a divisa tripla com o então municipio de S. Bernardo (hoje naquele ponto Diadema)
ResponderExcluirSeguem coordenadas para o marco. Pode utilizar o google earth e ve-lo pelas fotos do google street.
ResponderExcluir23°36'0.42"S
46°44'33.53"O
Abs,
O caos urbano de São Paulo é resultado da ação combinada de imobiliárias e empresas de ônibus. As primeiras compravam glebas de terras distantes da Sé, a preços baixos, faziam o loteamento e, para atrair compradores, conseguiam uma linha de ônibus para o local.
ResponderExcluirA Cia.Auto-Estradas fazia tudo isso ao mesmo tempo. Levava o asfalto, fazia os loteamentos e também explorava o serviço de ônibus, como mostrava o anúncio de primeira página do Estadão de 21.04.1933:
http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19330421-19472-nac-0001-999-1-not
Anúncio da Chácara Flora no Estadão de 12.05.51:
ResponderExcluirhttp://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19510512-23310-nac-0011-999-11-clas
Anúncio da Auto-Estradas no Estadão de 03.02.1929. Será que o asfalto atual foi feito sobre o concreto?:
ResponderExcluirhttp://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19290203-18152-nac-0001-999-1-not