terça-feira, 5 de janeiro de 2010

COMO É DIFÍCIL!!!


Como são difíceis as coisas para as ferrovias no Brasil. As notícias dos últimos dias não são nada animadoras.

A Transnordestina não anda, mesmo. As linhas que darão origem à ferrovia não saem nem com reza braba. As obras feitas até agora são poucas, muito poucas e uma ferrovia que era para ser entregue em 2008, depois 2010, agora deverá (será?) ser entregue em 2012. O Presidente Lula está brabo, dona Dilma também. Se nem eles conseguem fazer com que as obras andem, então é porque as coisas por ali vão muito mal.

Em São José dos Campos, a Prefeitura passou à ação: está retirando mesmo os trilhos da antiga linha da Central do Brasil que passava pelo Banhado e chegava, vinda de Jacareí, até a estação ferroviária central da cidade. Não adiantaram os apelos para se fazer passar por ali um VLT. Vão mesmo fazer uma avenida – como prefeitos gostam de avenidas. São José precisa dela? Não, não precisa, posso garantir. Mesmo assim, ela deverá ser feita e, para avenidas, no Brasil, aí sim, as coisas sempre andam. Ô coisa para degradar uma cidade como uma avenida. Ainda mais essa, no Banhado, lugar curiosamente tombado pela própria Prefeitura, pois é, sem dúvida, um lugar muito bonito, uma joia da natureza e que agora vai perder vários de seus brilhantes com a nova obra.

Notícias frescas dão conta que a ALL perdeu a concessão das linhas Bauru-Panorama (larga, ex-Companhia Paulista) e Santos-Juquiá (métrica, ex-Sorocabana), que deverão ser licitadas para outros interessados. Será verdade? Verdade ou não, o fato é que essas duas linhas estavam operacionais e ativas até o último dia de operação da FEPASA em 1998 e foram logo depois abandonadas. A de Panorama chegou a levar trens de passageiros até o início de 2001.

A ferrovia que desce de Recife para a divisa Alagoas-Sergipe e dali para Laranjeiras (antigas RFN e VFFLB) estão abandonadas desde 2000. Começaram a ser limpas novamente em 2007 e prometidas para ser reativadas. Não foram, e agora se promete isto para este ano.

Em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, as promessas de prolongamentos e novas linhas de metrô se perpetuam e nunca saem. Há poucos dias dois pedaços de linhas foram entregues no Rio, mas é pouquíssimo se olharmos o tempo que isso levou. A tal linha 3, que será construída sobre o leito da velha Leopoldina, linha Niterói-Itaboraí, fica no papo e não sai mesmo.

A continuação da Ferronorte não engrena, bem como a da Ferroeste no Paraná. As únicas frentes de trabalho que avançam são as linhas do metrô em São Paulo e a Ferrovia Norte-Sul em Tocantins e Goiás.

Em São Paulo, o escândalo da ALL levando locomotivas elétricas, diesel e carros Budd e ACF para juntar no vulnerabilíssimo pátio de Triagem como se fossem sucata não tem jeito. A previsão é das mais pessimistas possíveis, apesar de que existe muita associação de preservação que quer o material e algumas têm até uso imediato para eles (depois de uma boa reforma, claro). Elétricas seriam para museus, pois acabaram-se os trens eletrificados no Brasil, com exceção dos metropolitanos da CPTM, Demetrô (BH) Supervia (Rio) e Salvador.

Enquanto isso, que os grandes empresários se curvem aos voluntários que estão, com pouquíssimo dinheiro e pessoas, reativando as velhas Perus-Pirapora, em São Paulo, e a E. F. Santa Catarina, na região de Rio do Sul. E estão mesmo, cada dia os trilhos avançam mais e o material rodante antes abandonado vai sendo recuperado.

6 comentários:

  1. Ola Ralph

    Continuando assim só ficaremos com as fotos principalmente do seu site.......

    Abaixo vai um trecho de uma reportagem do jonal " Folha da Região " de Araçatuba datado de 14 de setembro de 2009 ( vai por e-mail a trancrição inteira)...não é bem sobre recuperação ou construção de ferrovias mas reflete o pensamento das nossas "otoridades" quado o assunto é ferrovia....


    " As 15 antigas estações ferroviárias localizadas em 12 municípios da região de Araçatuba não atendem à recomendação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de preservá-las em favor da memória histórica. Os prédios, do início do século passado, estão deteriorados, depredados e até modificados por moradores, que instalam janelas novas fora do padrão arquitetônico e fazem até paredes novas....."

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  2. Daniel, as estações da NOB são muito parecidas, principalmente as que ficam além de Araçatuba. Além do mais, o tombamento não é somente por antiguidade ou arquitetura, mas também sobre o que ela representa. O IPHAN não tem interesse em tombar mais do que 20 estações no Estado - isso, se chegar a tanto, o que eu duvido. Depois, o fato de o IPHAN não tomba-las não significa que o CONDEPHAAT ou órgãos municiáis não o possam fazê-lo. São as pessoas das cidades que têm de apresentar as suas razões pelas quais elas querem que tombe um imóvel. Eu mesmo tenho 8 estações em processo de tombamento no CONDEPHAAT, pedidas por mim.

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  3. As antigas da Santos-Jundiaí: Perus, Rio Grande da Serra, Varzea Paulista. Jundiaí, Ribeirão Pires, Franco da Rocha, Jaraguá e Caieiras

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  4. Caro Ralph: Primeiro, parabéns pelo blog. Nunca vi ou li a história do nosso tempo tão bem lustrada e bem contada assim. É um espaço de reflexão e ilustração. Puro encantamento. Fiquei feliz com a tomada de concessão da ALL nos trechos de Bauru e Juquiá. O trecho de Juquiá foi um crime. Entrevistei o Adriano Murgel Branco que levou os trilhos até aquela faixa do Ribeira, no começo dos anos 80. Um crime de lesa a Pátria, com o patrimônio dos paulistas numa região deprimida economicamente. Entrevistei no ARENA LIVRE, programa da TV Assembleia, do qual tive a honra de recebê-lo também, o delegado Carlos Abelha, da PF, que coordena a operação Fora dos Trilhos. Ele está pondo o garrote nos espoliadores do patrimônio público, e ele me disse que a simples ação da polícia já zerou atividades de sucateiros em alguns trechos.Espero em breve trazer alguma boa notícia da CPI das ferrovias, que está em curso na Assembleia Legislativa.Quem tem ferro nas veias não pode permitir o descaso com a nossa história. Mãos à obra. Conte comigo para novas empreitadas. Um abraço, Jorge Machado.

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  5. Jorge, obrigado pelo reconhecimento do meu trabalho. Quanto à atuação da PF no roubo de trilhos e em outros assaltos Pa[is afora, costumo dizer o seguinte (sou leitor de HQs). O Batman acha que tem excesso de trabalho em Gotham City. Se ele vivesse no Brasil, já teria morrido de stress. Aguardo mais notícias suas. Abraços

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