terça-feira, 29 de setembro de 2009

SERÁ QUE UM DIA TEREMOS UM VLT?

Nos últimos dias tivemos diversas notícias sobre os VLTs pelo Brasil afora. Embora algumas notícias sejam até otimistas, há outras que são tipicamente brasileiras.

Em Sobral, Ceará, o projeto, que dizem que sai até o fim do ano que vem (!!) pretende utilizar os trilhos que passam dentro da cidade e que são da antiga Linha Norte da extinta Rede de Viação Cearense, além de ter um ramal que seguirá pelo leito desativado do esquecido ramal de Camocim (fechado em 1978) e outro que terá de ser construído em leito a ser aberto.

Esta linha deve ter movimento razoável, pois é a que liga os estados de Pernambuco e Paraíba ao porto de Itaqui no Maranhão. Uma fotografia que vi do pátio da estação de Sobral, pelo menos, mostra uma quantidade considerável de vagões estacionados.

Já em Santos, aqui em São Paulo, as notícias são que o VLT, que seguirá pela linha do abandonado ramal de Santos a Juquiá, “somente poderá iniciar seu tráfego em 2012”, pois antes, tem o projeto, tem aprovação, tem isso, tem aquilo e tem a própria construção de estações, readaptação de linha, etc. Cheira a pavio queimado, mas quem sabe sai mesmo? Por que o de Sobral pode ser o ano que vem e o de Santos não? Quem está mentindo mais nessa história?

Já em Campinas, também São Paulo, única cidade do Brasil que já teve um VLT (entre 1991 e 1995), que percorria parte das antigas linhas da Sorocabana e da Mogiana então desativadas da cidade (em bitola larga e não métrica, já que as linhas tiveram as bitolas alargadas no caso), teve os trilhos retirados depois de 14 anos de uso algum e estações totalmente abandonadas. O que vai se fazer com o leito? Dizem que vai ser usado para VLPs (ônibus, enfim, que correm por uma rua exclusiva), outros que para a construção de uma avenida (lembrem-se que prefeituras adoram avenidas). A foto lá em cima, de Luiz Souza, mostra um dos viadutos por onde passava o VLT já sem trilhos, só dormentes.

Esses trilhos, que não serviam infelizmente para nada, serão transferidos para a linha Taquaral-Anhumas, que fará com que o trem turístico a vapor da ABPF que hoje parte de Anhumas e segue para Jaguariúna passe a partir do Parque Taquaral.

Finalmente, em Vitória, Espírito Santo, mais uma vez tivemos um caso de promessa de campanha que deu em nada. O prefeito da cidade eleito em 2004 prometeu fazer um VLT. Mostrou animação gráfica, tudo. E hoje, já no segundo mandato, está sendo cobrado e nada. Diz ele que “continua apostando na ideia do metrô, embora reconheça a dificuldade de colocar o projeto em prática - em função da falta de parcerias e também da crise financeira” (fonte: Gazeta on Line).

São cinco anos de projeto e nada de construção ou aprovação. "Precisamos desse apoio. Até porque, como o próprio nome diz, é um transporte metropolitano. Então o gasto não pode ser de apenas uma prefeitura", falou ele em 2007. Claro: ele não sabia disso (???). Esbarrando na falta de apoio político, o projeto também encontrou barreiras nos empresários do setor de transportes. Com a redução da frota de ônibus prevista no projeto do VLT, houve uma ameaça de que trabalhadores do setor se posicionassem contra a ideia, temendo o desemprego. Ou seja: o lobby atacou e o prefeito ficou com medo (como se um VLT fosse passar por todos os lugares que os ônibus passam hoje em uma cidade como Vitória).

4 comentários:

  1. Boa tarde, estava passando e enncontrei seu blog. Muito interessante alguns posts sobre ferrovia. Procurei o contato de email do senhor, mas não encontrei. Li um post em que o senhor cita que "no início de 1991, a Guerra do Iraque dava ao governo a desculpa que ele queria para acabar com os trens de passageiros de longa distância da RFFSA: "economizar combustível"..." Eu me interessei muito pelo assunto e queria saber o que ligava exatamente o Iraque e os trens de passageiros nesse período da história. Um abraço. Desculpe a intromissão, mas é um assunto interessante.

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  2. Não há intromissão alguma, Nanda. O governo em 1991 (durante a guerra EUA x Iraque, o preço do petróleo importado subiu bastante) com a desculpa de precisar economizar combustível, cortou vários trens - todos eles puxados por locomotivas diesel. Meu e-mail é ralph.giesbrecht@gmail.com.

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  3. Olá Sr. Ralph

    Acompanho sempre o site da estações ... sou da região da baixa Mogiana ... Mogi Guaçu pra ser mais exato ... sempre tive admiração sobre a história de nossos trens e ferrovias ... tanto que vou abrir um bar com decoração que lembre nossas estações e trens e gostaria de saber se o Sr. sabem quem vende peças antigas sobre o tema. Grato pela atenção ... marciomandeli@terra.com.br

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  4. Infelizmente, Marcio, é de duçar muito no Mercado Livre e outros sites de compras, bem como em antiquarios. As peças hoje são raridades e caras.

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