Estava eu aqui este fim de semana pesquisando sobre duas estações das quais me foram mandadas fotografias. Mais especificamente, as estações de Catiara e de Batista Frazão, ambas em Minas Gerais e por coincidência relativamente próximas entre si.
Como sempre, fui à Internet tentar achar alguma coisa sobre elas, além das fotos que recebi. Fiquei até surpreso com o que achei sobre a de Catiara. Esta estação não é nem sede de município, é uma vila pequena e pobre, de acordo com a descrição que me foi passada pelo autor das fotos. Porém, teve um passado bastante movimentado. Achei três ou quatro relatos sobre “os bons tempos” de Catiara, quando nesta estação se embarcava toda a produção de leite da região de Patrocínio, na entrada do Triângulo Mineiro e próximo à divisa com Goiás.
Um deles dizia que ela teria sido a segunda estação do Estado de Minas em movimento, perdendo apenas para a de Juiz de Fora. Pareceu-me um exagero, mas deu para perceber por outros relatos que o movimento era bastante intenso – estou falando de cargas como leite e derivados de carne. E se a vila hoje é pequena e pobre – está no município de Serra do Salitre – é porque já há muito tempo os caminhões passaram a transportar tudo e de outros lugares que embarcavam antes no trem em Catiara, fechando de vez uma estação já sem movimento.
Procurei também informações sobre a estação de Batista Frazão, sem muitas esperanças de achar algo. Afinal, estações construídas a partir de meados dos anos 1970 somente serviam como pátios de cruzamentos, não havia trens de passageiros para usá-las e muito menos carga miúda. Além disso, eram sempre construídas longe da civilização. Então, não há lembranças, não há recordações, é como se nada existisse ali. O povo não os conhece, somente vai até elas quem gosta de ver movimento de trens.
Isso é um dos fatores que torna difícil a pesquisa histórica das ferrovias e suas estações a partir dessa época. É muito mais fácil conseguir-se informações de tempos mais antigos, por mais paradoxal que seja. A partir do final dos anos 1960, os relatórios anuais das empresas ferroviárias, quando existiam, já eram simplesmente cadernos com fotos e um ou outro comentário sobre algumas realizações, mais dados financeiros. Uma inauguração de trecho, quando era citada, não dava os mesmos dados detalhados dos relatórios de antigamente. Pior: existem relatórios dos anos 1990 que escrevem mentiras. O que dirão pesquisadores quando os lerem daqui a cem anos?
Uma forma de se obter dados é a consulta a jornais da época, mas mesmo estes muitas vezes não dão os detalhes e algumas vezes infelizmente contem erros por falta de uma boa pesquisa na época. E há que se saber o dia exato do evento, senão perde-se um enorme tempo folheando papel. Consegui saber a data de inauguração da EF-045 - a variante Araguari-Celso Bueno, onde está a estação de Batista Frazão, num livro escrito sobre o Batalhão Mauá, o 2º Batalhão Ferroviário que construiu essa e outras linhas, sediado em Araguari. Mesmo este, no entanto, não tem o nome das estações do trecho nem sua quilometragem. O trecho foi aberto em maio de 1984.
As recordações de quem conheceu a estação de Catiara (foto acima de Eduardo Marini) são de saudade, são sobre o que acontecia ali, o movimento, a vila próxima. Sobre Batista Frazão, isso não existe e somente virá a existir se um dia voltarem trens de passageiros e alguma pequena vila se formar em volta dela. Coisa altamente improvável, digamos, praticamente impossível.
domingo, 13 de setembro de 2009
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Muito interesçante a sua historia da sua pesquisa,moro em uma cidade que tem uma estaç]ao que se chama (Acauã antes era escrito Acauan),mas no mesmo municipio tem uma estação chamada Mafrense e estou fasendo uma pesquisa sobre ela mas não conceguer quase nada sobre esta estação gostaria muito poder contar com sua ajuda. estas estações fica localizadas todas em Acauã-Piauí. se caso voçê tiver algun material que possa mim fornecer mande para este E-mai (luizmnsilva@hotmail.com)
ResponderExcluirSó sei o que está no meu site de estações - e é muito pouco; nunca fui para o sul do Piauí, moro em SP. Mas gostaria de receber fotografias das estações de Acauã e Mafrense, se v. tiver - a não ser que já tenham sido demolidas. Veja http://www.estacoesferroviarias.com.br/ba_paulistana/acaua.htm e http://www.estacoesferroviarias.com.br/ba_paulistana/mafrense.htm - meu email é hr.cons@uol.com.br
ResponderExcluirRalph, sobre as estações da EF-045 aqui em Araguari, o livro não traz o nome das estações porque eles foram posteriores à inauguração. Antes cada um desses "postos" só tinham uma letra e um número. Por exemplo, a atual Estação do Brejo Alegre era a antiga P9. Fica no Km 1055,601. As estações seguintes, a partir desta, em sentido oposto à Araguari são: José Bittencourt (EJT) - Km 1028,806;
ResponderExcluirAlvino Damião (EAY)(antiga P5) - Km 998,317 e, por último, a Batista Frazão (EYD), recentemente abandonada pela FCA - Km 957,950.
Fonte: Mapa Esquemático das Linhas - FCA (data ilegível)
Infelizmente não sei nada sobre a estação de catiara , mas sei sobre outra estação que ficou sem o final da história, é a estação de miragen de são paulo no municipio de bebedouro!Estação pela qual situada na fazenda do cutrale e foi demolida pelo seu funcionário Sr. Osvaldo Adão Sempionato no ano de 73, aliás como teve o destino a maioria das estações da antiga cfspg.
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