No último dia 4 de setembro, apareceu na mídia uma notícia de estarrecer. O DNIT, que administra (em parte, mas isso não é dito na reportagem) os bens da morta-viva RFFSA, afirma em reunião na qual estavam presentes representantes do IPHAN, da ANTT, do BNDES e do SPU (espero que todos os leitores saibam a que órgãos se referem essas siglas) que “podemos transformar vagões, trilhos e imóveis que estão se deteriorando ou sendo depredados em lugares habitáveis, que a população possa desfrutar de lazer e que possam ser integrados a roteiros turísticos”, pois “percebemos uma demanda crescente por pequenos trechos de ferrovias, estações, vagões e locomotivas para fins turísticos”.
Ora! Até que enfim eles perceberam isso! Entidades preservacionistas e mesmo pessoas físicas e jurídicas interessadas em bens da RFFSA já se manifestam quanto a isso há pelo menos trinta anos e pelo jeito somente agora os “governamentais” ficaram sabendo. Não deviam saber, pois receber algo da RFFSA, de graça ou pago, é algo que sempre foi extremamente difícil nesse período. Parece até que a RFFSA preferia deixar o material apodrecendo a que cedê-lo a terceiros (e olhe, parece meeeesmo!).
Outra pérola que a notícia dá conta é que “o diretor geral do DNIT relatou que 28 mil quilômetros de trilhos pertencentes à antiga RFFSA foram concedidos à iniciativa privada, mas a autarquia ainda administra cerca de 30 mil quilômetros, além de grande quantidade de imóveis”. Puxa, então tínhamos 58 mil quilômetros de ferrovia e não sabíamos! Sempre se soube que chegou no máximo a 37 mil, incluindo as ferrovias da Vale do Rio Doce, que jamais foram pertencentes à RFFSA. Parece que vamos ter de contratar advogados para saber como desapareceram mais de 20 mil quilômetros de trilhos e ninguém viu, tanto antes como depois do sumiço!
Em resumo: a conversa deve ter sido muito animada, e, como sempre, nada mudará, pois a burocracia estatal é algo escorchante e não vai mudar. Há prefeituras pelo Brasil que querem comprar pátios ferroviários e seus imóveis há anos e simplesmente não conseguem.
Ah! E ainda segundo a notícia, dia 23 de setembro tem outra reunião. Aguardem mais novidades. Enquanto isso, o carro que estava apodrecendo em Triagem Paulista, Bauru, como se pode ver na foto por mim tirada no dia 30 de junho do ano passado, continua apodrecendo. Mas nem vender como sucata para levantar dinheiro para pagar as dívidas da defunta...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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Olá Sr. Ralph,
ResponderExcluirNão pode ser uma coisa dessas. Nessa Reunião, acho que faltou o CDHU e o extinto BNH. Somente nese país. Estação, vagões depredados, trilhos não podem ser coisas "habitáveis", em qualquer sentido que se empregue, ainda que para fins turísticos. Material ferroviário deve ser empregado para transpote ferroviário, e isso de preservar somente com finalidade turística é coisa de saudosismo, coisa de museu. Por que, não ter uma estação preservada, estilo anos 20, funcionando como estação de trens? No mundo iteiro é assim, somente aqui não é. Que vá lá, não termos mais trens de passageiros, então a estação serviria para abrigar a adminsyração de um trecho. Isso tinha qu estar no edital da privatização, como condição para que uma concessionaria recebesse a concessão. E, atente-se: Essa coisa de que prefeituras querem comprar as áreas ferroviárias, é "roubada" na certa. Existem muitos prefeitos mal intencionados. O de Olímpia, por exemplo (comprovei isso pessoalmente), quer comprar a área da estação não para preservá-la, mas para construir um conjunto habitacional. Tenho a matéria do jornal, inclusive.
Sobre Olimpia, tambem ouvi a mesma coisa. Mas não estou julgando aqui o que farão com o imovel: infelizmente, cada dono de predio faz o que quer com ele (a não ser que seja tombado). De qualquer forma, é um direito das Prefeituras comprá-los para fazer o que quiserem; o que me estranha é haver tantas dividas por parte da RFFSA e demore-se até anos para atender quem quer comprar. - Ralph
ResponderExcluirTrilhos, trens e patrimônio ferroviário em lugares habitáveis? Faz-me rir!
ResponderExcluirO que ainda está de pé deve ser aproveitado para sua principal finalidade: Transporte de passageiros! E se for possível, finalidade turística.
Mas a prioridade é o transporte de passageiros, porque o rodoviário já está mais do que saturado!
A novela ainda não acabou...
Caro Ralph, onde e quando tiraram essa foto de um ACF Dormitório da finada Companhia Paulista?
ResponderExcluirAbraços!
Mario Favareto
São Paulo - SP
Mario, eu tirei essa foto em Bauru em 30 de setembro do ano passado (e não em 30 de junho como escrevi por engano). - Ralph
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