sábado, 19 de setembro de 2009

ALEGRE VISITA

Hoje recebi uma mensagem de uma pessoa de Miracema, no Rio, divisa com Minas Gerais. Cidade muito simpática e limpa, onde a estação ferroviária desativada há quarenta anos foi conservada como estação rodoviária. Conheci muito rapidamente a cidade, da janela do ônibus, na manhã de um dia de outubro do ano passado. Este entrou e saiu da cidade para embarcar e desembarcar passageiros, como o trem um dia fez.

Eu estava no caminho de uma viagem de cerca de 13 horas até Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, onde um carro foi me buscar para me levar até a cidade de Alegre, ali perto. Fiquei lá três dias. Fui a convite do Instituto Histórico e Geográfico da cidade, que tem a sede na antiga estação ferroviária, esta também desativada há quarenta anos. Ali passava a linha que ligava Cachoeiro, na linha do Litoral, a Espera Feliz, na linha do Manhuaçu, todas antigas linhas da extinta Leopoldina.

Haveria no fim de semana em que eu lá estava uma caminhada pelo leito da antiga linha no sentido de Celina, distrito da cidade que também tinha sua estação. Na verdade, paramos logo após o primeiro túnel, depois de andarmos pelo leito por quase todo o percurso – em alguns trechos era impossível a caminhada, por queda de pontes e por mudança da trilha – praticamente todo ele em aclive, quase sempre acompanhando o rio Alegre, às vezes ao lado, às vezes já lá embaixo, no vale. Lindo lugar.

No meio do caminho paramos em um sítio para tomar alguma coisa e chupar frutas. Ali alguns dos caminhantes começaram a tocar sanfona e cantar algumas músicas locais. Para quem vem de São Paulo, é outro mundo.

Passando o túnel, voltamos. E de ônibus, que foi nos buscar. Enquanto permaneci na cidade, passeei o que pude por ela. Pesquisei no acervo do Instituto, visitei Celina com o meu amigo Marcos, que eu conhecia de tantas colaborações que ele mandou para o meu site, andei no antigo leito da ferrovia no sentido de Rive, que era a estação antes de Alegre. Logo na saída da cidade (a apenas três quarteirões da praça central), o leito cruza o rio Alegre – numa ponte nova, pois a ferroviária está ao nosso lado somente com os belos pilares de pedra expostos – por que a teriam retirado? – e deixa de ter asfalto, para seguir em terra. O rio que ele acompanha depois de cruza-lo de repente desaparece da minha esquerda. Ando um pouco mais e olho para baixo. O rio desaba por uma cachoeira monumental tendo lá em baixo, num desnível acentuadíssimo, uma pequena usina elétrica. Outra vista magnífica.

Na praça central da cidade, alguns belos casarões resistem ao tempo e são conservados como podem. Numa das esquinas, o que pertencia a uma das famílias tradicionais da cidade aparece na fotografia acima. Próximo a ele, um vendedor de churros com doce de leite, a que eu não pude deixar de comparecer. Pequenos restaurantes, barzinhos, mercearias, farmácias e um pequeno parque no jardim central. Cidade bem de interior, mesmo.

Na volta, fui para a pequena estação rodoviária e aguardei o ônibus, que faria o percurso Alegre-São Paulo, via Guaçuí, Carangola, Espera Feliz, Muriaé e Além Paraíba, para depois pegar a via Dutra. Incrível: perdi a saída do ônibus. Contratei então um táxi para me levar a Guaçuí, onde o ônibus estaria me esperando – gentileza da moça da bilheteria de Alegre.

Ótima viagem. Conhecer o Brasil é sempre uma maravilha.

2 comentários:

  1. Conhecer o Brasil é sempre uma maravilha. (2)

    E quantas outras cidades coo Alegre existem pelo país.

    Ah, Ralph você já foi a Muqui? A estação de lá é muito bonita, principalmente a noite - tive a grata oportunidade de fotografá-la em um momento noturno.

    O ES é uma caixinha de surpresas: Já fui a Muqui, Bom Jesus do Norte e a Guaçuí, mas ainda tem muito mais a se registrar e conhecer.

    Grande abraço

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  2. Passei por essas três cidades de ônibus durante a viagem para e de volta de Alegre. Só Bom Jesus do Norte era bem ruibzinha. Guaçuí é simpática, Muqui foi a melhor delas. Muito bonitinha.

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