Os italianos Pasquale Bonini e Assumpta Canalli viviam em Collodi, hoje município de Pistoia, na Itália, e nos anos 1820 tiveram uma filha, Ermínia Bonini, que se casou com Gabriel Lari. Tiveram (pelo menos) duas filhas, Tereza Lari e Assumpta Lari. As duas vieram para o Brasil casadas, a primeira com Amedeo Mennucci e a segunda com um marido de sobrenome Scardigli. Ambas tiveram filhos. A primeira teve sete; a segunda, não sei. Ermínia faleceu em Piracicaba em 1910.
Dos filhos de Tereza, Sud era o terceiro, nascido em Piracicaba em 1892. Casou-se com Maria da Silva Oliveira em Porto Ferreira em 1917, e tiveram cinco filhos. A segunda, Astrea, me teve em 1951, casada com Ernesto Giesbrecht em 1946. Amedeo e Tereza morreram nos anos 1930. Ernesto em 1996.
Eu me casei com Ana Maria Figueiredo Linhares, uma linda carioca e hoje sou pai de três filhos, Alexandre, Filipe e Verônica, e avô de Willi (Guilherme).
Sempre gostei de genealogia, desde pequeno. Tudo o que sei sobre minha família, no entanto (e ainda existem os outros ramos... muita coisa), aprendi com meus pais e avós e em documentos Às vezes encontrados por acaso. Ou então, de arvores genealógicas feitas por outras pessoas, como minha irmã Astarté e meu primo Austen, entre outros.
Há muita gente que não liga a mínima para isso. Sabe quem foram seus avós porque os conheceram; não têm, muitas vezes, a mínima noção do nome de um dos oito bisavós, por exemplo. É um direito de cada um querer ou não saber quem são seus antepassados. Mas acho que é uma das motivações da nossa vida: saber de onde viemos.
Saber quem eram, o que faziam, como viviam. Por exemplo: meu tetravô, Pasquale, a primeira pessoa citada acima, vivia na região de Lucca, na Itália. Provavelmente nasceu lá também. O que fazia? Passou dificuldades naquele início de século 19? Vivia tranquilamente? E sua esposa, Assumpta? Quantos filhos tiveram? Somente Ermínia, minha trisavó? Ela veio junto com sua filha Tereza para o Brasil, em 1888? Acho que não, deve ter vindo depois, talvez por ter ficado viúva: na sua certidão de óbito feita em Piracicaba em 1910 consta que ela era viúva. Assim como na Hospedaria dos Imigrantes não achei seu nome na chegada dos Mennucci em 1888.
Consta também que ela nasceu em 1833: mas certamente foi alguns anos antes. Era costume da família dos Lari modificar até certidões para que a pessoa parecesse mais jovem. Isso continuou nas mulheres da família que foram sobrinhas de Sud até bem recentemente. Olhando a certidão, está muito claro que o número 1833 foi modificado, e eu diria com 95% de certeza que o ano que aparece por baixo é 1823. Ou seja, a velhinha morreu com 87 anos no interior de São Paulo.
O que sobra destas pessoas das quais sabemos o nome, mas nunca as vimos, não as conhecemos? Somente um borrão de tinta em nossa cabeça? Oitenta e sete anos vividos e nada para deixar para seus descendentes? Não se preocuparam com isto? Hoje, quando todos os seus netos já se foram, Ermínia não tem mais ninguém que se lembre de seu rosto, de suas alegrias e de suas tristezas, assim como das histórias que ela devia contar de Pasqualle, de Assumpta... e de meus primos afastados, filhos, netos e bisnetos do tal senhor Scardigli... se não houvesse encontrado essa certidão no meio dos papéis de meu avô, jamais saberia dessa família. Onde estarão hoje?
(Sobre a foto acima: a pessoa é uma Silva e não uma italiana. Não tenho fotos tão antigas assim dos Mennucci e cia. Pessoa que eu conheci, com cerca de 90 anos, em São Paulo. Dela eu me lembro: era minha tia-bisavó portuguesa, Maria de Abreu.)
E Willi, hoje com onze meses com idade e um sorriso quase permanente em seu rosto... terá ele algum interesse um dia em saber tudo isto? Ele, que é hexaneto (existirá esta palavra?) do Pasquale, aquele senhor da Toscana que viveu na época de Napoleão Bonaparte?
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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Olá Sr. Ralph,
ResponderExcluirHá alguns dias estive no Memorial, e pesquisando se meus antepassados ali "pernoitaram" em quarentena, fui informado de que, o imigrantes chegados mas com parentes e/ou conhecidos no Brasil, onde pudessem ficar, não paravam na Hospedaria, e seguiam viagem para o local do parente ou amigo estabelecido (podia ser um fazendeiro que os aguardava). Assim, a chave para os que não ficaram hospedados seria saber a data de desembarque ou o navio.Talvez por isso não tenha encontrado os Menuccis, assim como eu não encontrei os Trentins, mas apenas os Zagos (aqueles não se hospedaram, estes sim).
Dos Mennucci eu encontrei: 1888. Não encontrei foi, junto com eles, a velha Erminia. Suponho que tenha vindo depois. E aí sim teria vindo direto para Piracicaba, com certeza, pois a família já estava lá.
ResponderExcluirRalph,
ResponderExcluirSou exatamente como você. Mas acho que na minha família mesmo só eu me interesso pela genealogia.
A minha curiosidade em saber como viviam meus parentes em Portugal está me levando a ir até lá ano que vem.
Auxiliei minha esposa que tem sobrenome Madella a descobrir junto com o meu sogro os seus antepassados e descobrimos que a origem da família mesmo é na Grécia, no século XVI.
Acho fascinante essas coisas.
Precisa atualizar um desse para o Max!
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