terça-feira, 1 de setembro de 2009

NOS IDOS DE 1970

Faz dois anos e meio que eu cheguei em casa e escrevi o texto abaixo. Mais precisamente, no dia 6 de março de 2007.

Eu hoje passei na alameda Casa Branca, na esquina da rua Cravinhos, ali, pertinho de onde se inicia a hoje badaladíssima rua Oscar Freire. Já fazia um bom tempo que eu não passava por ali: os Jardins já há muito tempo viraram para mim um “bairro fora-de-mão”... O que me chamou a atenção foi a demolição do que existia nessa esquina. Na verdade, o terreno já está vazio e se enxerga dentro dele, já cercado, um bate-estacas. Não que fosse uma bela casa – longe disso. Nem me lembro direito do aspecto dela. Mas era ali que eu, no final dos anos sessenta e no início dos setenta, ia comer pizza com meus amigos e também com minha namorada – que hoje é minha esposa. Era o “Jardim do Chopp”. Tinha esse nome, mas era uma pizzaria.

Fomos muito ali, principalmente aos sábados. Eu tinha ao redor dos meus 18 anos. Quase do lado, já em um prédio, na alameda, morava um de meus amigos. A dois quarteirões dali, na Oscar Freire, entre a Padre João Manoel e a Ministro Rocha Azevedo, morava outro amigo meu, numa casa que era na verdade uma chácara. Com um fundo de pelo menos 60 metros, se não mais, a casa ficava perto da calçada, mas o pomar no fundo era enorme. Um pouco para cima, na Rocha Azevedo, morava outro amigo, que, no fundo de sua casa, tinha jabuticabeiras. Uma vez olhei um mapa da Chácara do Caaguassu, que ficava mais ou menos entre a Paulista e a rua Estados Unidos, com um esquema das ruas que foram loteadas dentro dela no final do século 19. Exatamente naquela área existia um jabuticabal. Fora estas, várias casas por ali ainda abrigavam famílias. As pequenas lojas começavam a aparecer, substituindo as famílias que moravam nas casas. Já havia prédios, claro — e infelizmente —, mas eles ainda dividiam numa proporção razoável o seu espaço com o das casas.

O Jardim do Chopp já nem tinha mais esse nome havia anos, nem sei o que era lá ultimamente. Mas na minha lembrança ele ficou como sendo sempre a mesma coisa. Agora mais um prédio vai ser construído ali, aumentando o já absurdo número de edifícios da região e, na verdade, da cidade inteira. Velhas chácaras, por ali, nem pensar. Já não é possível ir mais de bicicleta dali até minha casa, no Sumaré, como esse amigo meu que vivia na chácara costumava fazer: era só pedalar seguindo a Oscar Freire, e, quando atingiam a Doutor Arnaldo, era uma descida só de uns 500 metros, até minha casa, do outro lado, junto a uma rua estreita que, alguns metros depois, virava um charco: hoje, é a avenida Sumaré. Até o morro ali derrubaram para passar a avenida Paulo VI, nos anos setenta, acabando com a velha rua Pombal, cheia de casas dos anos quarenta e de vida curta.

Enfim, quantas lembranças esse terreno agora vazio e cercado me deixou. E olhe que apenas se passaram pouco mais de 30 anos. Uma pena, mesmo.

Dois anos e meio depois, eu não passei por lá de novo para ver o que fizeram ali.

2 comentários:

  1. Não sei qual é o lado da esquina, mas é fácil descobrir o que há lá hoje: Google Maps! http://maps.google.com/maps?f=q&source=s_q&hl=en&geocode=&q=al.+casa+branca,&sll=-23.569183,-46.66275&sspn=0.000702,0.00142&ie=UTF8&radius=0.04&rq=1&ev=zi&ll=-23.56907,-46.662795&spn=0.000702,0.00142&t=h&z=20

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