sábado, 17 de abril de 2010

BARRA MANSA DÁ ADEUS AO TREM

A estação de Barra Mansa, da Central do Brasil, em janeiro deste ano, em foto de Anderson Nascimento.

Nos últimos dias notícias dão conta que a cidade de Barra Mansa, por onde passa o antigo ramal de São Paulo da Central do Brasil (ramal Barra do Piraí-Braz, em São Paulo) desde o ano de 1869 e hoje operada pela MRS, vai mudar sua área de manobras para algum lugar fora do centro da cidade. Para quem não sabe, em Barra Mansa também cruza a linha-tronco da Rede Mineira de Viação, que ligava no passado Angra dos Reis a Goiandira, em Goiás, passando pelo estado mineiro. As linhas se cruzam no centro da cidade de Barra Mansa (nota - a linha da antiga RMV, hoje operada pela FCA, hoje liga Angra dos Reis a Araguari, no Triângulo Mineiro, devido à construção de uma linha variante por causa da construção de uma represa próxima à divisa entre os Estados de Goiás e de Minas, nos anos 1980).

A notícia foi dada aos jornais e à população da cidade pela Prefeitura com a presença do Governador fluminense e ampla exposição à mídia da região, como fato relevante e auspicioso para a cidade. As obras deverão fazer parte do PAC (não sei se isso é bom ou mau, visto que a maioria das obras do tal PAC não andam) e começar no máximo em um mês.

A notícia não diz muita coisa: não diz para que local o pátio de manobras será deslocado, por exemplo. Alguns conhecidos me disseram que será para uma região próxima à estação de Saudade, fora da cidade, no caminho da ferrovia já para Resende. Por outro lado, remanejar um pátio de manobras não significaria necessariamente que a linha toda seria mudada, poderia ser somente o pátio em si. Porém, a notícia de que "grandes avenidas serão construídas" dão a entender que sim, que as linhas sairão de onde está hoje para ir também para outros locais.

Conheço Barra Mansa. Esta cidade teve um crescimento desordenado, crescendo em volta da junção das linhas sem planificação alguma durante os últimos cem anos. A cidade é suja e mal cuidade: há inúmeros imóveis, funcionais, ou não, totalmente deteriorados. A ferrovia pouco atrapalha tudo isto: uma avenida em seu lugar não mudará nada. O que a ferrovia teve para degradar já foi feito. A avenida, porém, poderá ajudar a continuar com a degradação, inclusive mais aceleradamente. Somente com muito investimento isto não aconteceria. Podem ter certeza que o maior investimento será a remoção de trilhos e a construção de uma avenida.

Nada diferente do que se está fazendo em Araraquara (a passo de tartaruga) e do que já foi feito em Jacareí há cerca de seis anos. Em São José também se arrancam os trilhos da cidade. A diferença é que estas cidades são mais ricas do que Barra Mansa.

Enfim, os mesmos erros continuam a ser realizados no Brasil e ninguém contesta, exceto pessoas que não têm influência nisso, como eu, por exemplo. Espero que eu morda a língua no futuro. Mas sinceramente não acredito.

3 comentários:

  1. Lamentável. O Brasil não aprende com seus erros e futuramente essa decisão pode gerar grandes arrependimentos.

    Que o prédio da Estação não vá abaixo com a construção de uma "grande avenida". O que resolve não é a construção de avenidas: O que resolve é o reordenamento urbano.

    Abraços

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  2. Conheço Barra Mansa.É uma cidade apertada,com ruas estreitas.
    Esse papo de largas avenidas é algo manjado!Não resolve os problemas de trânsito,pois em grandes cidades se alargaram ruas se construíram autoestradas,mas o engarrafamento acompanhou e se expandiu junto!
    Essa história de construir largas avenidas é a "solução" mais barata e gera aplausos momentâneos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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