
O mapa acima foi encontrado nos arquivos de meu avô e data de 1934. Mostra o município de São Paulo pouco antes da anexação do município de Santo Amaro, que se deu em 1935. Nessa época, Sud Mennucci, que trabalhava na comissão estadual que estudava a redivisão municipal do Estado, defendia a progressiva anexação de diversos municípios em volta da Capital, com a opinião de que isto melhoraria a administração. Graças a Deus ele não conseguiu seu intento... ou mudou de ideia depois e parou de pressionar para tal.
A divisa com Santo Amaro ia desde a nascente do rio Carapicuíba em linha reta até a foz do córrego da Traição no Pinheiros. A partir dali, acompanhava o córrego (atual avenida dos Bandeirantes) até o ponto mais alto do morro da Divisa, o que era a divisa tripla dos município da Capital, Santo Amaro e São Bernardo (hoje, essa parte deste último é Diadema). A partir dali, a divisa não difere das atuais - o que mudou foi o fracionamento dos municípios limítrofes. Reparar que o número de municípios que tinham divisa com a Capital era de sete, apenas.
Na zona oeste, no entanto, houve alteração depois. Osasco ainda era um bairro de São Paulo. O limite oriental era numa reta que unia a nascente do rio Carapicuíba com o Quartel de Quitaúna, que estava então dividido entre São Paulo e Parnaíba. Hoje, a divisa de Osasco (separado da Capital em 1959) com Carapicuíba (e não mais Cotia) é exatamente o córrego Carapicuíba, que desagua no final da plataforma da atual estação da CPTM, General Miguel Costa.
As linhas férreas estão bem mostradas: Sorocabana, Cantareira, Central (já existia a variante de Poá) e S. P. R. (Santos-Jundiaí). Lá no norte, acima do bairro de Caieiras, existia um enclave, dentro do município de Juqueri, pertencente à Capital: era onde ficava o Hospital do Juqueri, depois Franco da Rocha, bem como também essa parte oeste de Juqueri - que por sua vez virou Mairiporã em 1944.
A zona urbana e mais adensada de edifícios era a que está hachureada no mapa. O resto eram campos, mata e alagados, pontilhados por pequenos vilarejos que mais tarde cresceram e se tornaram os bairros de hoje, alguns bastante deteriorados, alguns ricos, a maioria pobre. A importância das ferrovias era notória: elas apareciam em destaque no mapa, enquanto nenhuma rodovia ou estrada aparece - embora já existissem. Já existiam, mas nesse tempo não ainda a Anchieta, a Anhanguera, a Dutra, a Castelo Branco e muito menos as mais recentes ainda Ayrton Senna, Imigrantes, Bandeirantes.
Como uma lembrança de mapas mais antigos, aparecem também rios e córregos, coisa rara nos dias de hoje, onde exceto os três maiores, Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, os pequenos nem são citados, quando não foram entubados.