Há muitos anos atrás li sobre a colônia leta de Varpa, que hoje fica em Tupã. Li também sobre a saga dos imigrantes da Letônia que chegaram ao local em 1921 e desceram na estação de Sapezal, próxima à de Paraguaçu Paulista, e irem de uma forma ou de outra pelo meio da mata de então até chegarem ao local que denominaram com o nome de "espiga", mas em leto, naturalmente.
Em 1960, Varpa já estava semi-abandonada. Os descendentes dos imigrantes começavam a se dispersar e a colônia, com casas de madeira e de alvenaria em estilo leto, foi se esvaziando. Na verdade, são duas Varpas: a mais próxima da estrada Tupã-Quatá, que é um bairro, mesmo, com ruas asfaltadas e algum comércio, e a que fica na fazenda Palmas, particular e cujo dono cuida das casas, estas todas de madeira, que lá ficam, muitas ainda vazias, mas bem cuidadas externamente. Ou seja: alguma coisa mudou em Varpa desde que eu soube de sua existência, numa reportagem de jornal de cerca de 10 anos atrás.
Hoje,Varpa é considerada um ponto turístico. Sempre quis ir ao local. Porém, me decepcionei bastante quando estive lá anteontem. Não que não seja um local agradável e bonito, mas, para algo que se chama de "ponto turístico", falta muito, mesmo. Se v. não vai lá para pescar no rio do Peixe - muito próximo à vila - ou para se banhar na tal cachoeira da fazenda da Palma, não há nada para fazer e pouca coisa para almoçar, por exemplo. Em dez minutos você vê tudo. Ou seja: coisa de turismo brasileiro, sem estrutura alguma. Mas valeu pela revigoração do bairro, que, desde 1921, passou pela administração de diferentes municípios e hoje é subordinada a Tupã, como distrito.
Pior mesmo é Quatá: cidade seguinte a Varpa, é bem pequena e acaba na linha da ex-Sorocabana, tem uma estação tipo "caixotinho", feia, construída num dia de pouca inspiração para substituir a velha, menor mas muito mais bonita. Está abandonada, enquanto os armazéns foram restaurados. A cidade é árida e com poucas ruas. Como sede de município, jamais deveria sê-lo. É a farra dos municípios do Brasil. A cidade é claramente estagnada. Poucas construções antigas e razoavelmente bonita: o mais são casas antigas muito descaracterizadas, com o que é muito comum na região: a substituição de janelas de madeira originais e bonitas por janelas de ferro menores, feias e que em nada combinam com a arquitetura original. O resto são casas mais novas sem estilo algum, como em qualquer lugar o é hoje.
Enfim, em Quatá, não foi nada fácil achar alguma coisa para fotografar. De lá peguei de novo a estrada e fui em frente, numa tarde quente deste final de dezembro (mais especificamente, anteontem).