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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALPHACAOS

Alphaville em 2007. Hoje, quatro anos depois, está pior. Foto Fernando Figueiredo Linhares Piva de Albuquerque Schmidt
Hoje, no Facebook, participei de uma discussão sobre o horroroso trânsito de Alphaville. O problema é crônico e tende a piorar cada vez mais, se é que tem como piorar. A discussão passava inclusive pela velha tese de separação municipal do bairro Alphaville dos municípios onde ele está situado (nem distrito é), ou seja, Santana de Parnaíba e Barueri.

Criado em 1974 por iniciativa da Construtora Albuquerque Takaoka, a mesma que construiu diversos prédios na Capital no final dos anos 1960 e início dos 1970 e que também construiu diversas estações ferroviárias na Alta Sorocabana dez anos antes disso, o Alphaville foi criado para ser um paraíso. E até foi, mas por pouco tempo. Já em meados dos anos 1980 havia diversos problemas, como falta de água, falta de luz, falta de esgoto, excesso de pernilongos, falta de infraestrutura. Depois, veio o problema do excesso de trânsito na Castelo Branco, que não aguentou o rojão. Finalmente, resolvidos (só em parte) vários dos problemas citados acima, veio o que é od e mais difícil solução: o trânsito caótico, causado pelo excesso de construções, residenciais horizontais e edifícios de apartamentos e escritórios numa quantidade para a qual o traçado viário do bairro não estava preparado.

O problema já se arrasta por diversos anos. Já foram colocados alguns semáforos (poucos), construídos dois túneis, alguns pequenos viadutos, avenidas foram alargadas (no que dava para alargar), agora uma passagem subterrãnea que não fica pronta nunca, além de uma passarela que pouca gente usa... e nada de resolver. Para piorar, permitiram a construção de um shopping center - griffe Iguatemi - na entrada do bairro junto à Castelo Branco, o que vai pôr a pá de cal no trânsito horroroso que já se prolonga praticamente pelos dias inteiros e entra pelo início das noites.

Não há planejamento, somente a ganância para ganhar dinheiro. Prédios são construídos em locais onde jamais se sonharia que eles aparecessem. As ruas não dão mais conta do fluxo de tráfego. Por que? Bom, primeiro porque o número de moradores aumenta exponencialmente. O sujeito vem de outro lugares para morar aqui e não analisa a situação a priori. Por exemplo, um conjunto de oito edifícios residenciais está sendo construído entre o residencial Alphaville 4 e o rio Tietê, em frente à foz do córrego da Cachoeira no grande rio. Ora, se muita gente reclama do mau cheiro do rio nas casas que ficam próximas ao rio Tietê já há muitos anos, por que é que se acha que os novos moradores, que ficarão encostados às margem direita do rio, não o sentirão? Afinal, não é para menos que o conjunto de prédios já é chamado a boca pequena de Alpha Cheiro. Outro caso foi a permissão de construção de um conjunto de lojas e escritórios enorme entre o Alphaville 2 e o Alphaville 3 às margens do córrego do Garcia, tapando a visão dos infelizes moradores das casas do Alphaville 3.

A Via Parque, continuação da Marginal Direita do rio Tietê atrás do Alphaville 2, aberta há 3 anos para facilitar o escoamento dos Alphavilles de Santana de Parnaíba e dos Tamborés (a partir do Alpha 3 e do Tamboré 2), corre o risco de entupir de vez quando os prédios que já estão em fase final de construção ao longo da via.

Há vários motivos para o trânsito não andar. Um deles é o escasso número de avenidas em relação ao grande número de edifícios na área fora dos residenciais fechados. Outra é a falta de retornos e de estacionamentos. O motorista vem de sua casa no Alphaville 2, por exemplo, para ir à padaria da alameda Rio Negro e só pode parar no estacionamento já quase saturado particular dela. Não pode, por exemplo, parar do outro lado da avenida para descer do carro e atravessar a avenida a pé para alcançar a padaria porque não há lugar para estacionar em ponto algum da rua (talvez somente às 3 da manhã, quando a padaria está fechada). Então ele tem de avançar até achar um retorno lá na frente do Centro Comercial e voltar. Perderá nisso cerca de dez minutos e será um carro a mais num fluxo de trânsito que precisasse desse carro.

E os ônibus, que em vez de fazerem um percurso o mais retilíneo possível, ziguezagueiam pelas avenidas/alamedas para colher passageiros, fazendo um percurso que deveria levar metade do tempo se fosse feito normalmente? Enquanto isso, agem como filtro de tráfego. Paradoxalmente, o número de ônibus é insuficiente para atender à demanda - e se de repente, a população dos residenciais resolvesse deixar os automóveis em casa para tomar os ônibus, então? Aí, não haveria condução para dez por cento dos usuários...

Qual é a solução, enfim? Não sei. Colocar VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos, ou seja, bondes modernos) nos canteiros centrais das avenidas? Talvez ajudasse, e bem. Proibir a construção de edifícios e shoping centers no bairro? Agora que já há prédios demais, é tarde - mas quem é que tomaria uma posição dessas? Prefeitos? Vereadores? Mas nunca! Demolir o que já existe? Bom para ser contado em contos de fadas.

Ou seja, estragaram Alphaville... e ainda tem gente que acha que criar um novo município resolveria os problemas. Não resolveria, nada. Político é pólítico em qualquer lugar. Como sub-produto, quebraria os dois municípios "castrados", que tem 90% (Barueri) e 75% (Parnaíba) da renda advinda do Alphaville e do Tamboré. Deixe como está e mude-se para Conceição de Monte Alegre, perto de Paraguassu Paulista, um dos locais mais calmos do mundo...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE RODAGEM SÃO PAULO-MATO GROSSO (1922)

Chegada da comitiva em Itu (1922) aguarda a chegada das autoridades da cidade

Em maio de 1922, foi aberta a Estrada de Rodagem São Paulo-Mato Grosso. Ou, pelo menos, o trecho São Paulo-Itu. A estrada passou a ser chamada indistintamente pelo nome acima como também por Estrada Nova de Itu. A velha era a antiquíssima Estrada de Itu, ou Estrada Velha de Itu, ou ainda Estrada Real de Itu, dos quais alguns vários trechos ainda existem hoje em dia, alguns em péssimo estado.

A Rondon, que ainda não tinha este nome - creio que o ganhou após a morte do Marechal Rondon, em 1959 - passava, como era comum na época, por dentro das cidades. Afinal, o movimento de automóveis era pequeno e os prefeitos comentavam que "era interessante que os autos passassem pelo centro das cidades para poderem ver as maravilhas de cada uma delas".

Trecho não identificado da rodovia no dia de sua inauguração em 1922

O trecho aberto em 1922 era no início - ou seja, o trecho Pinheiros-Barueri - na verdade uma retificação da estrada velha. A atual Corifeu de Azevedo Marques, que continua com o nome de Autonomistas (em Osasco), Rui Barbosa (Carapicuíba) e Anhanguera (Barueri) era o leito da estrada velha e basicamente continuaria como leito da nova. Houve apenas retificações na altura do Instituto Butantan (o trecho ali abandonado em 1922 ainda existe em parte, sem asfalto e quase intransitável) e do Parque Continental (onde o leito original era a rua Emílio Carlos). Dali até a estação de Barueri era praticamente o mesmo de séculos.

A partir da estação de Barueri a estrada velha seguia paralela à linha da Sorocabana (hoje CPTM), sem cruzar a linha; esta somente iria ser cruzada pela estrada antiga lá em Jandira. A nova cruzava a linha em Barueri, subia o morro e entrava por onde hoje é a Estrada dos Romeiros até Santana de Parnaíba, onde também entrava ao lado da Igreja Matriz, passava pelas ruas tricentenárias e saía lá na frente no caminho para Pirapora.

Passando também por dentro desta cidade e depois pela de Cabreúva, desembocava no centro de Itu. Apenas alguns anos depois o trecho além de Itu seria construído, seguindo progressivamente até atingir o rio Paraná na divisa do Mato Grosso.

Construção da nova ponte sobre o Tietê em Pirapora do Bom Jesus (1991) na variante da rodovia construída na cidade nesse ano

Com o tempo, a estrada ganhou o nome de Marechal Rondon. Até por volta de 1980, ela seguia por onde está descrito. Porém, em algum ponto, convencionou-se chamar a Marechal Rondon começando na via Anhanguera, em Jundiaí, e a estrada Jundiaí-Itu ficou com o nome. O trecho Barueri-Itu ficou parcialmente com o nome de Estrada dos Romeiros até Pirapora.

Em 1922, em Parnaíba, a estrada que cruzava o município de Barueri a Pirapora, na época distritos de Parnaíba, teve de sofrer retificações em relação a alguns trechos da estrada anterior. Todo o trecho da Cruz Preta que segue paralelo ao córrego da Cachoeira foi aberto para esta nova estrada; a anterior passava pela área ao lado do córrego do Lageado e pela pedreira que até hoje existe ali.

A ponte metálica da estrada original (1922) em Pirapora foi construída bem antes disso (1880) e retirada (1991) para ser abandonada num depósito de ferro-velho

Em 1982, já com muito mais tráfego de automóveis, ônibus e caminhões, uma variante foi aberta pela Prefeitura de Parnaíba ao longo do morro da Igreja Matriz costeando o rio Tietê, pois esse tráfego estava causando rachaduras na estrutura da velha igreja. Como consequência, os carros deixaram de entrar pelo centro da cidade para cruzar a sede do município, situação que persiste até hoje, para sorte do casario tombado pelo Condephaat.

Ponte velha de madeira inaugurada com a rodovia em 1922 - foi substituída por uma de concreto nos anos 1940 - e na foto menor trecho não identificado da estrada , também em 1922

Nas fotografias, alguns trechos da estrada na época de sua inauguração, registrados pela Revista da Semana de 13 de maio de 1922. A inauguração foi feita em carreata pelo então Presidente do Etado Washington Luiz Pereira de Souza.

sábado, 16 de outubro de 2010

O CÓRREGO DA CACHOEIRA

Foz do córrego da Cachoeira. Do lado de cá do Tietê, Santana de Parnaíba e o Alphaville. Do lado de lá, Barueri e o bairro da Chácara Marco. Foto tomada por mim em 10 de outubro de 2010.

O córrego da Cachoeira tem esse nome por causa da cachoeira sobre pedras que existe em seu curso e que pode ser vista da Estrada dos Romeiros, para quem vem de Santana de Parnaíba, pouco antes da curva à direita para subir a ladeira que termina no topo onde está o balão do bairro da Cruz Preta.

Em dias normais, a quantidade da água que verte pelas pedras é pequena; em tempo de chuva, a cachoeira chega a ser muito bonita.

Ao contrário de muitos córregos em áreas urbanas, este está por boa parte de seu curso - este não deve ser maior do que três quilômetros - sem construções a sua volta. Nasce no alto da Cruz Preta, desce entre a Romeiros e diversos galpões que foram construídos à margem esquerda do córrego e que são alcançados por pontilhões de madeira ou concreto e depois cai pedra abaixo para cruzar a Romeiros lá em baixo, entrando à direita da Chácara Marco, por onde passa longe das construções que existem por ali.

A Prefeitura está aparentemente fazendo uma obra de recuperação ambiental, mas não sei ainda se isso manterá o córrego a céu aberto ou se significará a sua entubação. Depois de cruzar a Romeiros, ele somente pode ser visto de qualquer rua por ali já perto de sua foz, onde, depois de acompanhar um campo de futebol de várzea, desemboca no rio Tietê em frente aos fundos do Alphaville 4, que fica do outro lado do rio e já no município de Santana de Parnaíba. Quem olha da outra margem do Tietê vê uma foz com bastante água.

Vale lembrar também que esse córrego marcava a divisa das terras do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e sua fazenda da Vacaria, que ele possuía ali nos anos 1840 e 1850. Essa fazenda começava do outro lado, mais perto de Parnaíba, no córrego do Sítio do Morro. O desmembramento dessa fazenda deu origem a muito bairros de Parnaíba, como o Germano, Parque Santana, Rancho Alegre e outros.

Longa vida ao córrego da Cachoeira, e que ele fique por muito tempo ainda a céu aberto e com o mínimo de lixo possível...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

RESTOS DOS CAMPOS

Entre o campo e os cavalos, o rio Tietê - que não pode ser visto.

Hoje saí a pé para andar aqui perto de casa. Com 15 minutos de caminhada, fui parar no rio Tietê. Nada de novo nisso - em linha reta, estou a 500 metros dele. Só que, para chegar nele, tanto a pé quanto de carro, há voltas e mais voltas. No caminho, passei pela reserva ecológica da Ilha do Bacuri, feita sobre um trecho original do rio em forma de U, na foz do córrego do Barreiro, e hoje não mais parte do curso normal do Tietê.

Um pouco mais adiante, cheguei ao rio propriamente dito. Lá estava ele, com cara de rio de interior, se não fossem, dependendo de que ponto se olha, umas casinhas ao fundo ou um galpão industrial no morro ao alto. Sujo, imundo e sem estar em seu canal original - o rio, ali, foi retificado nos anos 1970 - ainda se parece com um calmo rio a 500 quilômetros de São Paulo. Do outro lado do rio, não é mais Santana de Parnaíba - ainda é Barueri, naquele ponto.

Dá também para ver na outra margem a foz de um outro córrego, o córrego da Cachoeira, que é mais facilmente visto em uma cachoeira de pedras para quem passa pela Estrada dos Romeiros vindo de Parnaíba e pouco antes da Cruz Preta - isso, para quem tem interesse e tempo de olhar sem se distrair e bater o carro. Aliás, a Prefeitura de Barueri parece estar recuperando as margens desse rio, sobre o qual (ainda) não corre avenida nenhuma. É curto, mas bonito... fora a sujeira, pneus, etc.


Logo depois, voltei para casa e tive de sair para comprar algumas coisas. É feriado mesmo, pouco trânsito, fui do outro lado do rio, em Barueri. Aproveitei e dei uma olhada do outro lado do rio em relação a onde eu estava pela manhã. A visão foi interessante. Do lado de cá, um campo de futebol, uma ruazinha que terminava numa pequena mata e, do outro lado do Tietê, os prédios que (infelizmente) estão sendo construídos entre o rio e o Alphaville 4, este em Santana de Parnaíba. Cavalos pastam no campo e os prédios imensos do outro lado mostram a diferença de duas vidas. Há cinquenta anos atrás, os dois lados seriam mais ou menos iguais. Aliás, na foto, o rio não dá para ser visto.