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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

LOCALIDADES COM NOMES ESTRANHOS...

Estação de Manuel Feio, em 2001. Foto Ricardo Corte
Recentemente soube que o pessoal de Itaquaquecetuba quer mudar o nome da segunda estação ferroviária do município, chamada Manuel Feio, hoje atendendo a CPTM. O nome existe desde a inauguração da estação, em 1927.

Concordo que Manoel Feio é um nome estranho, mas o engenheiro da Centrsl do Brasil que foi homenageado era esse mesmo. A Central era mestra em colocar nomes "de gente" em suas estações. Bom, apesar de o nome ser um tanto... feio, eu jamais concordo com a mudança de nomes em logradouros que já os têm.

Já basta a recente mudança de nome do Minhocão paulistano, de "Presidente Costa e Silva" para "Presidente João Goulart, este um picareta que só não é o pior presidente que este país já teve, porque ele foi superado pela "presidenta" Dilma, recentemente deposta. Quem foram os imbecis que aprovaram esta mudança? Vereadores do defunto PT e seus aliados, claro. Nesse caso, sou favorável à volta do nome anterior. Costa e Silva não foi nenhuma maravilha, mas neste caso foi sacaneado simplesmente por ter sido um presidente da era dos militares.

Se acham o nome Manoel Feio feio, imaginem o que os paulistanos pensariam de um bairro de Pistoia, Itália, que se chama "Femmina Morta", ou seja, "mulher morta". Quando estive nesta cidade, onde mora minha querida filha Veronica, vi passarem diversos ônibus que se dirigiam para este bairro, ostentando o nome no seu dístico acima das janelas frontais do veículo. Não me consta que ninguém na cidade esteja reclamando do nome.

No assunto nomes estranhos, temos um bairro em São Paulo que se chama "Chora Menino", que, apesar de estranho, é muito bonito e poético. O Tramway da Cantareira passava por lá, depois de deixar a estação de Santana e rodar por alguns quarteirões da rua Alfredo Pujol. O cemitério que fica no bairro tem este nome. Provavelmente o nome do bairro foi tirado do do cemitério.

Aqui no município de Santana de Parnaíba, onde moro, há dois nomes curiosos: um é o bairro do 120. Sim, "cento e vinte", também com direito a ônibus com o nome no dístico. Ele fica no norte da cidade e seu nome vem dos anos 1940/50, quando, segundo se conta, era caminho para a fábrica de cal da Matarazzo que ali existia e nessa região existiam duas bombas para levar água para a fábrica. Uma era de 80 cavalos e outra, de 120. Então, quando se começaram a construir cass no caminho, o lugar ficou conhecido pelo nome numérico.

E não muito longe dali, há o bairro "Várzea do Souza". O curioso é que ninguém sabe exatamente quem foi o Souza que morava - ou era dono - dessa várzea, tanto que ninguém parece usar esse nome antigo, próximo ao 120 e, segundo moradores mais antigos, o local que gerou a região mais rica do município, chamada com o nome amplo de Fazendinha. O nome Várzea do Souza pode não ser muito conhecido hoje, mas o que tem de ônibus - inclusive, um que vem de São Paulo, Capital - até hoje com esse nome no dístico não é brincadeira.

Ainda em Santana de Parnaíba, um dos bairros que existem entre o Alphaville e o centro do município de Santana de Parnaíba sempre se chamou "Tanquinho". Agora, o nome está desaparecendo, pois os loteamentos "chiques" e mesmo as lojas e oficinas que estão se estabelecendo na Estrada da Bela Vista (na região) acham "esquisito" ter um nome tão, digamos, simplório como Tanquinho e insistem então em dizer que estão em Alphaville, mais chique. E assim vai se perdendo mais um nome tradicional da região.

Da mesma forma, em Barueri, havia um bairro de nome "Passa-Três", situado exatamente onde a rodovia Castelo Branco passou com seu asfalto no final dos anos 1960. O bairro sumiu e o nome, também. Na divisa deste município com o de Santana de Parnaíba havia outro bairro com o nome "Passa Dois", que é o nome do córrego que cruza ali a Estrada dos Romeiros, vindo dos lados do Jardim Isaura. Hoje em dia, ninguém sabe o nome do bairro e do córrego. Este último, aliás, quase desapareceu, tendo sido em parte canalizado sob a terra.

E nessa brincadeira, vamos perdendo nossa história e nossas tradições.

domingo, 2 de agosto de 2015

1875: A ABERTURA DA SOROCABANA, BARUERI, PARNAHYBA E PIRAPORA

A estação de Barueri por volta de 1880. Este prédio durou até 1928, quando foi substituída por um novo, que foi demolido em 1882, quando se construiu o atual, utilizado pela CPTM.
Aberta em 1875, a estação de Barueri foi uma das estações originais da linha São Paulo-Sorocaba. Seu nome derivou não do município ao qual pertencia na época, Parnahyba (hoje Santana de Parnaíba), mas sim da Aldeia de Barueri, núcleo fundado no final do século XVI e que ficava a cerca de 2 km dali. 

Quando esta estação foi aberta em 10 de julho de 1875, já existia um minúsculo povoado ali, formado pelos operários da construção da ferrovia e da estação e por comerciantes que haviam ali se estabelecido, pois Aldeia de Barueri, a Barueri original, ficava longe (ver acima). 

No dia anterior (9/7/2015) à abertura da linha, o jornal A Provincia de S. Paulo atentava para o fato de o acesso à estação ser difícil, tanto para cargas, quanto para passageiros. 

"Da ponte do Baruery, perto da estação (1), é preciso com toda a urgencia o atalho para facilitar a chegada dos passageiros na estação, e mesmo para os carros (2), e cargueiros não darem tamanha volta e sobre perigos de vida, e muitos prejuízos. Muitos passageiros têm perdido o trem (3) por causa da grande volta do caminho para chegar à estação. Pede-se encarecidamente ao bem do público que o governo atenda os reclamos, e a digna directoria da Estrada de Ferro Sorocabana perderá muito, se deixar passar o tempo das festas em Pirapora (4); o commercio tem sofrido difficuldades por não ter a ponte aterro para chegar na estação. Com pouco dinheiro, talvez se faça a ponte e aterro. Espera-se que sejam attendidos os interesses a bem do publico, e do commercio de Parnahyba e Pirapora". 

Notas do autor deste artigo sobre o texto transcrito acima:

(1) nota do autor desta página: tratava-se da ponte sobre o córrego de São João, hoje canalizado em quase todo o seu percurso dentro do atual município de Barueri.

(2) nota do autor: não se tratavam, é claro, de automóveis, e sim de carroças e afins.

(3) nota do autor: isto mostra que, mesmo antes da inauguração da linha em 10 de julho, houve trens provisórios passando por ali e transportando passageiros.

(4) nota do autor: esperava-se que as festas em Pirapora do Bom Jesus, sempre mais no mês de agosto, fossem as grandes beneficiadas com a estação, apesar de ficarem a vinte quilômetros desta; as estradas de São Paulo para lá eram péssimas nesta época.

No dia seguinte ao da nota no jornal, 10 de julho, foi realizada a viagem inaugural do trem da Sorocabana, com a presença do Imperador D. Pedro II. O trem parou em Barueri, onde diversas pessoas da Câmara de Parnahyba estiveram ali presentes. 

Como consequência da abertura oficial da linha, a estrada que ligava Barueri a Parnahyba (sede do município) e Pirapora (então um distrito de Parnahyba, mas que, por causa das festas religiosas, era nesta época considerada mais importante pelos paulistanos do que a sede, então pobre e decadente) foi totalmente reformada, e, em 1922, com algumas retificações efetuadas pelo Governo do Estado, tornou-se a atual Estrada dos Romeiros. Até este ano, era parte da chamada de Estrada de Ytu.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O TELEFONE FANTASMA


Eu e a Ana Maria compramos um terreno em Alphaville em 1979, no município de Santana de Parnaíba. Um ano depois, eu deixei a Shell e fui trabalhar na DuPont, que, na época, estava no início da rua da Consolação, em frente à Biblioteca Nacional.

Na época que eu entrei lá, nós já havíamos decidido construir uma casa no terreno. É a casa em que moramos até hoje. Entrar na DuPont foi coincidência: eu não sabia que eles também estavam construindo no mesmo bairro - só que no lado de Barueri.

Em julho de 1981, mudamos de escritório. Saímos do centro de São Paulo para trabalhar no isolado mundo de Alphaville, Barueri. Agora, eu, que já estava construindo desde o início do ano, poderia facilmente ir todos os dias à obra. Eu, nessa época, estava morando no bairro do Sumaré. Trânsito nas Marginais e na Castelo Branco? Nem pensar, nunca era problema nessa época. Para ir do escritório à obra, então, eram cinco minutos.

Eu havia comprado um telefone pelo plano de expansão da Telesp no final do ano anterior. Perspectiva de instalação? Sem informações. Garantiam apenas que em dois anos seria instalado. Porém, Santana de Parnaíba, na época, não tinha telefone de sete algarismos e muito menos DDD.

Em agosto, eu precisei verificar um probleminha da obra na prefeitura de Parnaíba. Porém, ir até lá pela Estrada dos Romeiros demorava cerca de meia hora a partir do escritório da DuPont. A estrada atual que liga Alphaville a Parnaíba era praticamente inexistente. Pedi para a telefonista da empresa que ligasse para lá, ao que ela me respondeu: "Parnaíba? É na Bahia, não é"? Respondi-lhe: "olhe pela janela para aquelas montanhas no fundo. Do outro lado é Parnaíba". Surpresa, ela me perguntou por que o eu não ligava pelo DDD? "É tudo 011, não é?" Respondi-lhe que não havia o sistema lá. "Passe o telefone", disse ela. Eu falei: "256". Ela disse: "e o resto?" Finalizei: "acabou". Incrédula, ela tentou a ligação. Cinco minutos depois, disse-me que a conexão demoraria meia hora e ela me chamaria.

Desisti. Peguei o carro e fui até a prefeitura. Afinal, não havia o trânsito de hoje. Resolvi o problema e voltei, uma hora e pouco depois.

Em setembro, a Telesp apareceu no terreno e instalou o telefone no barraco de obras. No residencial, deveria haver naquele momento cerca de nove obras apenas; nenhuma casa pronta ainda. Eles disseram que o telefone deveria funcionar apenas quando a central telefônica da cidade ficasse pronta, o que deveria ocorrer em novembro e levaria meu telefone e os da cidade a passar a utilizar da nova estação 424. Na semana seguinte, eu resolvi tentar telefonar do Sumaré para a obra, usando o telefone que eu já sabia qual era: 424-1261. Surpreendentemente, um dos pedreiros atendeu. Funcionava!

A conta não veio quando esperada. A cidade de Parnaíba continuava com seus telefones de três algarismos, mas o meu telefone funcionava. Liguei para a Telesp para perguntar quando viria a conta, ao que eles responderam que tal somente ocorreria quando o telefone funcionasse. Eu falei: "já funciona, estou falando dele". Responderam que isso não era possível e que eu deveria estar enganado. Deixei para lá. A primeira conta somente veio um mês depois da abertura da estação no final do ano. A cidade ganhava um telefone decente, mais de dez anos depois da implantação do DDD no estado.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE RODAGEM SÃO PAULO-MATO GROSSO (1922)

Chegada da comitiva em Itu (1922) aguarda a chegada das autoridades da cidade

Em maio de 1922, foi aberta a Estrada de Rodagem São Paulo-Mato Grosso. Ou, pelo menos, o trecho São Paulo-Itu. A estrada passou a ser chamada indistintamente pelo nome acima como também por Estrada Nova de Itu. A velha era a antiquíssima Estrada de Itu, ou Estrada Velha de Itu, ou ainda Estrada Real de Itu, dos quais alguns vários trechos ainda existem hoje em dia, alguns em péssimo estado.

A Rondon, que ainda não tinha este nome - creio que o ganhou após a morte do Marechal Rondon, em 1959 - passava, como era comum na época, por dentro das cidades. Afinal, o movimento de automóveis era pequeno e os prefeitos comentavam que "era interessante que os autos passassem pelo centro das cidades para poderem ver as maravilhas de cada uma delas".

Trecho não identificado da rodovia no dia de sua inauguração em 1922

O trecho aberto em 1922 era no início - ou seja, o trecho Pinheiros-Barueri - na verdade uma retificação da estrada velha. A atual Corifeu de Azevedo Marques, que continua com o nome de Autonomistas (em Osasco), Rui Barbosa (Carapicuíba) e Anhanguera (Barueri) era o leito da estrada velha e basicamente continuaria como leito da nova. Houve apenas retificações na altura do Instituto Butantan (o trecho ali abandonado em 1922 ainda existe em parte, sem asfalto e quase intransitável) e do Parque Continental (onde o leito original era a rua Emílio Carlos). Dali até a estação de Barueri era praticamente o mesmo de séculos.

A partir da estação de Barueri a estrada velha seguia paralela à linha da Sorocabana (hoje CPTM), sem cruzar a linha; esta somente iria ser cruzada pela estrada antiga lá em Jandira. A nova cruzava a linha em Barueri, subia o morro e entrava por onde hoje é a Estrada dos Romeiros até Santana de Parnaíba, onde também entrava ao lado da Igreja Matriz, passava pelas ruas tricentenárias e saía lá na frente no caminho para Pirapora.

Passando também por dentro desta cidade e depois pela de Cabreúva, desembocava no centro de Itu. Apenas alguns anos depois o trecho além de Itu seria construído, seguindo progressivamente até atingir o rio Paraná na divisa do Mato Grosso.

Construção da nova ponte sobre o Tietê em Pirapora do Bom Jesus (1991) na variante da rodovia construída na cidade nesse ano

Com o tempo, a estrada ganhou o nome de Marechal Rondon. Até por volta de 1980, ela seguia por onde está descrito. Porém, em algum ponto, convencionou-se chamar a Marechal Rondon começando na via Anhanguera, em Jundiaí, e a estrada Jundiaí-Itu ficou com o nome. O trecho Barueri-Itu ficou parcialmente com o nome de Estrada dos Romeiros até Pirapora.

Em 1922, em Parnaíba, a estrada que cruzava o município de Barueri a Pirapora, na época distritos de Parnaíba, teve de sofrer retificações em relação a alguns trechos da estrada anterior. Todo o trecho da Cruz Preta que segue paralelo ao córrego da Cachoeira foi aberto para esta nova estrada; a anterior passava pela área ao lado do córrego do Lageado e pela pedreira que até hoje existe ali.

A ponte metálica da estrada original (1922) em Pirapora foi construída bem antes disso (1880) e retirada (1991) para ser abandonada num depósito de ferro-velho

Em 1982, já com muito mais tráfego de automóveis, ônibus e caminhões, uma variante foi aberta pela Prefeitura de Parnaíba ao longo do morro da Igreja Matriz costeando o rio Tietê, pois esse tráfego estava causando rachaduras na estrutura da velha igreja. Como consequência, os carros deixaram de entrar pelo centro da cidade para cruzar a sede do município, situação que persiste até hoje, para sorte do casario tombado pelo Condephaat.

Ponte velha de madeira inaugurada com a rodovia em 1922 - foi substituída por uma de concreto nos anos 1940 - e na foto menor trecho não identificado da estrada , também em 1922

Nas fotografias, alguns trechos da estrada na época de sua inauguração, registrados pela Revista da Semana de 13 de maio de 1922. A inauguração foi feita em carreata pelo então Presidente do Etado Washington Luiz Pereira de Souza.

sábado, 16 de outubro de 2010

O CÓRREGO DA CACHOEIRA

Foz do córrego da Cachoeira. Do lado de cá do Tietê, Santana de Parnaíba e o Alphaville. Do lado de lá, Barueri e o bairro da Chácara Marco. Foto tomada por mim em 10 de outubro de 2010.

O córrego da Cachoeira tem esse nome por causa da cachoeira sobre pedras que existe em seu curso e que pode ser vista da Estrada dos Romeiros, para quem vem de Santana de Parnaíba, pouco antes da curva à direita para subir a ladeira que termina no topo onde está o balão do bairro da Cruz Preta.

Em dias normais, a quantidade da água que verte pelas pedras é pequena; em tempo de chuva, a cachoeira chega a ser muito bonita.

Ao contrário de muitos córregos em áreas urbanas, este está por boa parte de seu curso - este não deve ser maior do que três quilômetros - sem construções a sua volta. Nasce no alto da Cruz Preta, desce entre a Romeiros e diversos galpões que foram construídos à margem esquerda do córrego e que são alcançados por pontilhões de madeira ou concreto e depois cai pedra abaixo para cruzar a Romeiros lá em baixo, entrando à direita da Chácara Marco, por onde passa longe das construções que existem por ali.

A Prefeitura está aparentemente fazendo uma obra de recuperação ambiental, mas não sei ainda se isso manterá o córrego a céu aberto ou se significará a sua entubação. Depois de cruzar a Romeiros, ele somente pode ser visto de qualquer rua por ali já perto de sua foz, onde, depois de acompanhar um campo de futebol de várzea, desemboca no rio Tietê em frente aos fundos do Alphaville 4, que fica do outro lado do rio e já no município de Santana de Parnaíba. Quem olha da outra margem do Tietê vê uma foz com bastante água.

Vale lembrar também que esse córrego marcava a divisa das terras do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e sua fazenda da Vacaria, que ele possuía ali nos anos 1840 e 1850. Essa fazenda começava do outro lado, mais perto de Parnaíba, no córrego do Sítio do Morro. O desmembramento dessa fazenda deu origem a muito bairros de Parnaíba, como o Germano, Parque Santana, Rancho Alegre e outros.

Longa vida ao córrego da Cachoeira, e que ele fique por muito tempo ainda a céu aberto e com o mínimo de lixo possível...