
Em 1964, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro inaugurou a variante que ligava as estações de Bento Quirino, em São Simão, e do Alto, em Ribeirão Preto, eliminando dessa forma diversas estações ferroviárias entre elas, a saber: Canaã, Beta, Tibiriçá, Cravinhos, Buenópolis, Bonfim Paulista, Santa Tereza e Ribeirão Preto.

O novo traçado era (ainda é usado) muito melhor do que o antigo, que datava de mais de noventa anos antes e cheio de curvas. Porém, numa época em que os trens de passageiros ainda tinham alguma importância no contexto de transporte no interior paulista, o fechamento das estações foi desastroso para as populações locais.
É verdade que as estações de Canaã, Cravinhos e Ribeirão Preto tiversm suas versões novas na variante (as outras duas desta nova linha, Evangelina e Engenheiro Silva Mendes, ficavam no meio de coisa alguma), mas, mesmo assim, com exceção da de Ribeirão, os usuários de Cravinhos, cuja estação ficava no centro da cidade, e de Canaã, próximos a uma fazenda, ficaram ao léu.

O mapa mostrado nesta página explica por que: as duas estações de Cravinhos distavam 15 quilômetros uma da outra. A estação nova estava no meio de coisa alguma, à beira de uma estrada que à época nem pavimentação tinha. Obviamente, os passageiros da cidade desapareceram. Ônibus para a estação? Nem pensar. Em Ribeirão, a situação foi contornada com uma ligação entre a estação nova e velha feita de forma provisória. Mesmo assim, a estação nova jamais retomou o movimento da velha e até hoje fica num bairro de baixa população que não cresceu à sua volta.

E olhe que a estação foi construída em módulos pelo engenheiro Carlos Bratke, de forma a que no futuro (que se imaginava próximo) ela viesse a fazer parte de um shopping center (nota: o Shopping Iguatemi, primeiro do país, em São Paulo, só foi aberto dois anos depois, em 1966), com a construção de mais módulos anexos.
As pequenas estações intermediárias, que provavelmente já tinham baixo movimento na época, não sofreram tanto. Mas com estradas quase inexistentes ainda na região, bem como os ônibus então, ficaram sem o trem para lhes facilitar a vida, incluindo a Vila Bonfim, bairro rural não muito pequeno de Ribeirão.

No entanto, a variante não poderia ser construída de outra forma: para evitar excesso de curvas, foi construída numa tecnologia bem mais moderna e tamém fora das cidades para baratear o preço das desapropriações para a sua construção. Num país que pensasse nos seus usuários e não desse tanta atenção somente para as rodovias, na época, deveriam ter sido construídos acessos e dado transporte rodoviário para os usuários abandonados longe da nova linha. Qual o que!
No fim, a variante contribuiu fortemente para o desaparecimento de forma mais rápida ainda dos trens de passageiros. Em 1980, com exceção do trecho entre Mato Seco e Lagoa Branca, o resto do tronco da Mogiana estava bastante afastado das cidades que lhe deram origem em 1875-96.
Nenhum comentário:
Postar um comentário