quinta-feira, 19 de maio de 2011

O SONHO ACABOU

A avenida do Vidoca hoje às 8 da manhã: surpreendentemente, sem trânsito. Mas ontem à noite...
Quem pensa que os congestionamentos-monstro somente existem atualmente na Grande São Paulo, está por fora. Ontem, em São José dos Campos, entre 5 e 7 da tarde, o caos no trânsito era total. Com um agravante: pegava a Dutra também de roldão. Eu vinha de Taubaté para São José e tive de entrar na cidade. Fiquei mais de uma hora na Dutra e dando voltas na cidade.

É difícil não dar voltas em São José: somente quem conhece muito bem a parte mais antiga da cidade - que é justamente a entrada principal até o centro, com seus arredores e a avenida Nelson Davila - pode escapar dessa sina. Eu até que conhecia bem, mas não tendo ido já há 3-4 anos na cidade e ter chegado nela já no escuro rodeado de carros, ônibus e caminhões por todos os lados prejudicaram a memória de meu conhecimento.

O sistema viário dessa área da cidade é horroroso - para resolver, só mesmo arrasando tudo e construindo as ruas de novo. Entre outras coisas, como ruas estreitas, ruas sem saída e ainda por cima sem formar quadriláteros e mãos e contra-mãos em excesso, a sinalização é péssima (isso parece ser uma constante nas cidades do Vale do Paraíba).

O aumento populacional e o de automóveis, como sucedeu em outros locais do Brasil, nos últimos anos, agora causam o caos. Por enquanto ainda é no início da noite (quando eu ia constantemente para lá de 1999 a 2006, isso não ocorria), mas claramente a cidade vai logo se afogar em carros em períodos mais longos.

Se você perde uma entrada em São José, você está frito. A volta para chegar ao mesmo lugar é geralmente gigantesca. Mesmo na avenida do córrego do Vidoca que tem o nome de um politicozinho qualquer), não há retornos - e há farto espaço para construí-los. Se você desce a avenida São João vindo do centro e quer ir aos hotéis que ficam na esquina desta com o Vidoca, mas à esquerda, v. tem de fazer o retorno quase lá na Dutra.

E por aí vai. Realmente, o sonho acabou. A velha São José vai desaparecendo, não somente em sua tranquilidade quanto nos seus velhos ícones e indicadores - parte da estrada velha Rio-São Paulo desapareceu na região do Aquarius; a estação ferroviária original desapareceu há muuuuito tempo; a linha original foi-se recentemente no Banhado; o próprio Banhado corre riscos (o local é lindo). O velho casario do início do século XX vai sendo derrubado aos poucos. A cidade vai perdendo sua identidade e aos poucos vai se tornando igual a qualquer outra.

7 comentários:

  1. Para mim, os piores engenheiros de tráfego estão em São José dos Campos, se é que lá existe engenharia de tráfego. Dá para desconfiar que não.

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  2. Eu acho que é impossível um engenheiro de tráfego conseguir alguma coisa lá. A solução é, como eu disse, derrubar toda a área em volta da Nelson Davila e traçar tudo de novo...

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  3. Ralph, não é somente SJC. todas as cidades do Vale cresceram, e isto acontece em praticamente todas elas. Taubaté é a mesma coisa.... As cidades estão conurbando, e o planejamento viário não é levado em conta. Tranquilidade mesmo, só nas cidades "mortas", que são aquelas a beira da antiga SP/Rio ( Silveira, SJ Barreiro, Bananal, Areias) Mas por pouco tempo, pois loteamentos de chácaras de luxo estão chegando por lá.

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  4. É que o Ralph não pegou a avenida JK na zona leste em horário de pico, rs. Mas de fato, a construção do Anel Viário foi uma sacada que, se não fosse isso, hoje seria muito pior.

    Sobre a sinalização, eu conheço pessoas que falam o contrário. Eu também acho bom - pelo menos nas vias principais - pelo menos há 3 anos atrás, quando ainda morava lá.

    Sobre os retornos, concordo plenamente com o Ralph.

    Se quiser ver sinalização ruim e placas artesanais em péssimo estado, ande aqui em Mogi das Cruzes, rs...

    Mas que é fato que a cidade está crescendo muito e o trânsito se tornando (já está) um caos, é triste.

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  5. De todas as cidades do Vale, SJC foi a que teve o crescimento mais acelerado. Até os anos 70, a maior cidade do vale era Taubaté. Mas a maior proximidade de SJC para a capital trouxe grande número de empresas (GM, CTA/ITA, Embraer, Avibrás, Kodak, Johnson&Johnson, Fujifilm, Panasonic, Ericsson, Hitachi, Refinaria da Petrobras, etc.) e a cidade inchou. Tanto que uma pesquisa mostrou que apenas 48%(aproximadamente, não lembro exatamente quanto) dos moradores de São José dos Campos nasceram na cidade.

    Acho que essa diferença brusca entre o apertado centro velho, dos tempos mais modestos, e a "paulistana" área expandida é fruto dessa expansão em ritmo de Big Bang.

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  6. Infelizmente, diversas outras cidades do interior se descaracterizaram também com a expansão e ficam longe da capital...

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  7. Você tem razão, pois agora Taubaté enfrenta uma especulação imobiliária das fortes, com vários prédios sendo construídos. Várias cidades estão se expandindo, devido ao crescimento da economia do país.

    O que eu apontei é que SJC, que era menor que Taubaté, teve um crescimento maior que a "vizinha", em ritmo mais intenso, e imaginei que a maior proximidade para a capital seria a explicação para SJC atrair mais investimentos que Taubaté.

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