quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O TAV (OU TAD?) E A VELHA RIO-CLARENSE


O Diário do Povo de Campinas publicou hoje uma reportagem sobre o TGV, também chamado de TAV (Trem de alta velocidade) ou Trem-bala. Pelo que as prefeituras falam, parece que o nome será TAD – Trem de Alta Dificuldade.

Cada prefeitura consultada impõe alguma dificuldade (leia-se mudança de traçado), mas querem os empregos que ele gerará. “As que terão estações esperam o desenvolvimento econômico que virá com os passageiros, enquanto as demais contam os prejuízos com o impacto ambiental, com as desapropriações, a segregação de bairros, a destruição de lavouras e tentam mudar o trajeto”. Dá para construir uma estrada de ferro e contentar a todo mundo? Estrada de rodagem não causa o mesmo efeito?

Em Campinas, o prefeito não quer o pátio de manobras no velho pátio (de lá a linha segue para Viracopos), para “não inviabilizar o megaprojeto imobiliário elaborado pelo escritório do arquiteto Jaime Lerner”. Ora, cancele-se o projeto, que sem dúvida pode ser feito em outro local e nem é importante para a cidade, sinceramente. Ele quer que o pátio seja em Boa Vista, local hoje perigosíssimo nos subúrbios da cidade. Em Itupeva, a linha deverá passar entre condomínios de casas de alto padrão (vem a pergunta: se fossem casas simples, ele também reclamaria?). O prefeito quer colocar a linha às margens da Rodovia dos Bandeirantes.

Em Jundiaí, a estação está prevista para ser junto ao entroncamento das rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera. A Prefeitura quer mudá-la de local, por motivos que mais parecem enrolação do que algo plausível. Em Caieiras, o prefeito não quer porque segundo ele a cidade seria cruzada por um elevado sobre um hospital, a sede da prefeitura etc.. Em São Paulo, Capital, ainda se discute se vão ou não colocar a estação na Barra Funda – o local mais lógico por ter acesso por trilhos. Já em Guarulhos, onde haverá a estação do aeroporto, o prefeito quer ficar com as oficinas, etc na cidade. Já no Vale do Paraíba, tudo que é cidade quer sua estação. Assim, vai ser trem rápido de que forma, parando até em caixa dágua, como se dizia antigamente? Em São José dos Campos, também se quer colocar a estação longe da cidade. Se for assim, melhor nem tê-la.

Enfim, a reportagem trata de ouvir opiniões de diversos setores nas cidades paulistas da via, e tem gente que quer e gente que não quer. O problema é que quem não quer vai criar problemas, porque geralmente são as Prefeituras.

No fim, esse trem parece a Companhia Rio-Clarense, que apareceu em 1884 e foi comprada pela Paulista oito anos depois: todo fazendeiro acionista queria que a linha passasse na fazenda dele. Resultado: saiu uma porcaria, que a Paulista demorou anos para consertar. No TGV, quase todo prefeito entrevistado quer que a linha não passe na cidade e com isso quer modificar o traçado. Ou seja, desse jeito vai sair uma porcaria – se sair alguma coisa.

Os trechos em itálico e entre aspas são transcritos do jornal e escritos por Maria Teresa Costa.

2 comentários:

  1. Ralph, muito bom esse seu post e falamos dele lá no nosso blog. Passa lá depois! :)
    www.nesserioeuqueronavegar.com.br

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  2. Acho engraçado que rodovia ninguèm atrapalha, se adapta, acho que é a velha mentalidade de que trem é coisa de velho/passado/maluco/etc... Incrível não sei de onde tira-se tanto preconceito? Será que nós amantes de trem nascemos com o gene do amor a um propósito, aum trabalho a uma paixão?

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