A parte que desabou
fica próxima à agência de veículos Max Car. Os proprietários já foram avisados
de risco de novos desmoronamentos devido às chuvas
As oficinas de Além Paraíba, ex-Central do Brasil, construídas em 1871, estão em ruínas. Nos últimos dias caíram mais algumas paredes.Os trens de bauxita que passavam diariamente pelas ruas da cidade acabaram em fins de julho deste ano.
Os trens de passageiros... vixe... estes já acabaram há trinta e cinco anos.
A estação e escritórios da estação de Porto Novo do Cunha estão abandonados há muito tempo. Também são construções de 1871.
Parece que ninguém está interessado em conservá-las.
Para complicar as coisas, estão querendo demolir as oficinas e não restaurá-las. E há briga pela propriedade.
O artigo reproduzido abaixo saiu pulicado pelo jornal Agora (Agora Jornais, (http://www.agorajornais.com.br/site/component/k2/item/582.html) durante o mês de dezembro.
Leiam-no e vejam o que se faz com a memória ferroviária brasileira.
Domingo, 13 Dezembro 2015 00:00
Cai
mais uma parte do entorno da ‘Rotunda’
FOTOS REPRODUZIDAS NESTA PÁGINA: Marilia
Muniz/Jornal Agora
Mais uma parte da memória ferroviária de Além Paraíba caiu por terra na
manhã deste domingo, dia 13 de dezembro de 2015. Uma parede lateral do entorno
da antiga Rotunda da Estrada de Ferro Leopoldina desabou, levando junto uma
parte do telhado em telhas francesas. Felizmente, o desabamento não atingiu
diretamente a rotunda (parte redonda), que é tombada pelo patrimônio histórico
municipal. A parede que desmoronou faz parte das antigas oficinas da Rede
Ferroviária Federal, no trecho reto, que há anos já vem sendo comercializado
pela igreja católica (Paróquia de São José/Diocese de Leopoldina), que está
transformando o local em imóveis comerciais, como agência de carros,
restaurantes e outros.
A parte que desabou
fica próxima à agência de veículos Max Car. Os proprietários já foram avisados
de risco de novos desmoronamentos devido às chuvas
O desmoronamento de parte da parede lateral e telhado— na Rua Dr. Sobral
Pinto, na Vila Laroca— ocorreu por volta de 10h30m deste domingo. Segundo
moradores da redondeza, o barulho que se ouviu foi semelhante a uma explosão.
Felizmente não houve vítimas. Uma mulher havia acabado de atravessar a calçada
quando os escombros caíram, mas ela não foi atingida.
O coordenador da Defesa Civil de Além Paraíba, Renato Miranda e o Secretário Municipal de Obras, Levindo Dias, estiveram no local, que foi isolado parcialmente até que a Prefeitura retirasse os escombros, os quais atingiram meia pista da Rua Dr. Sobral Pinto, próximo à agência de veículos Max Car.
A área conhecida por “Rotunda”, que integra o trecho das antigas oficinas da extinta Rede Ferroviária Federal em Além Paraíba está sob a posse da Paróquia de São José (Diocese de Leopoldina), desde o ano 2004. Na ocasião, a igreja venceu uma causa judicial contra a RFFSA e tomou posse do terreno e benfeitorias, alegando que a empresa governamental não vinha pagando os devidos aforamentos, já que a área estava sob cessão (desde o Século XIX) primeiramente à Leopoldina Railway e, na sequência, à Rede Ferroviária. Neste período, nenhuma obra de limpeza e escoramento do patrimônio histórico foi feita pelos governos que passaram por Além Paraíba, os quais sempre usaram a justificativa de que o município está impedido legalmente de fazer obra em imóvel particular. No caso, como a posse da área e benfeitorias é da Paróquia de São José, a igreja católica seria a responsável pela conservação dos imóveis ali existentes. Até mesmo a Justiça entende dessa forma. Tanto assim que, em 19 de outubro deste ano, o Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Além Paraíba, Dr. Cláudio Henrique Fuks, atendendo a uma ação civil proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais— representado pelo Dr. José Gustavo Guimarães da Silva, Promotor de Justiça— em defesa do patrimônio público, proferiu decisão que determina que a Paróquia de São José (igreja Católica de Além Paraíba) tome medidas urgentes que minimizem os efeitos de degradação e o risco de ruir o prédio histórico da Rotunda, que se encontra na área das extintas oficinas da RFFSA.
Recentemente, a rotunda e seu entorno vêm sendo alvo de constantes ações judiciais, já que o grupo Bahamas manifestou interesse em comprar ou alugar a área para, ali, fazer uma de suas lojas atacadistas, o “Bahamas Mix”. O presidente do grupo, Jovino Campos, chegou a enviar carta ao prefeito Fernando Lúcio Donzeles, pedindo o destombamento da área, para que ele possa derrubar o telhado redondo, já que o projeto da empresa não prevê a restauração do patrimônio histórico, mas apenas a preservação das paredes laterais. Fernando Lúcio repassou o pedido de Jovino Campos à Câmara Municipal. No último dia 3 de dezembro, a Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública para discutir com a comunidade a questão do destombamento. Na ocasião, estiveram presentes representantes da Paróquia de São José, do grupo Bahamas, e da comunidade cultural, além do Promotor de Justiça, Dr. José Gustavo Guimarães da Silva, que falou em nome do Ministério Público. A fala do representante do MP pôs por terra todas as intenções do grupo Bahamas, Paróquia de São José e de alguns vereadores que já haviam acenado positivamente em favor do destombamento da rotunda, tanto assim que, no dia 4 de dezembro seria realizada uma reunião extraordinária para a votação pela Câmara Municipal. Tal reunião acabou sendo suspensa, devido à informação do Dr. José Gustavo Guimarães da Silva. Segundo ele, o grupo Bahamas não poderá fazer qualquer tipo de obra na área da Rotunda já que o espaço encontra-se envolvido em ações judiciais de proteção ao patrimônio histórico.
É importante ressaltar que parede e telhado que caíram na manhã deste dia 13 de dezembro não fazem parte da Rotunda (a área redonda), mas sim da área ao redor dela.