Autor desconhecido - fonte: Facebook
Ontem, dia 21 de dezembro de 2015, a Estação da Luz sofreu seu segundo incêndio em seus 115 anos de vida - sessenta e nove anos depois do último, em 1946.
Hoje, dia 22, tivemos notícias do rescaldo - poucas, ainda. Mas é inegável que a maior parte do primeiro e do segundo andar foi totalmente destruída. Boa parte das paredes externas continou de pé. Mas estarão seguras?
Estará segura a estrutura como um todo? Esta resposta virá depois de algum tempo. Até agora, a única hipótese é que o incêndio começou em um curto-circuito numa luminária que estava sendo trocada - ou onde uma lâmpada estava sendo trocada.
Início ridículo. Se foi isso mesmo, apenas comprova que a mão-de-obra (nota: se esta palavra ainda tem hifen, eu não sei. E nem quero saber) atual brasileira está em fase muito ruim. Afinal, não é fácil, hoje em dia, a troca de lâmpadas comuns em casa. Eu me lembro de quando trocar uma lâmpada era uma ação feita sem nenhuma dificuldade - o que não ocorre hoje. Lembremo-nos, também, que as instalações elétricas não são grande coisa nos dias de hoje: incluamos aí a má qualidade de muitos dos materiais elétricos.
Outra coisa: como na grande maioria dos incêndios dos quais temos notícias nos últimos anos, descobriu-se já que não havia aval do Corpo de Bombeiros para a obra. Hoje, fala-se que não era bem isso, que a Prefeitura já havia aprovado o laudo, mas que os bombeiros ainda não... bastante confuso para mim. O fato é que há muitas aprovações de laudos, avais, pela Prefeitura, pelos bombeiros, pelo CREA, etc. etc. etc... e os incêndios continuam ocorrendo. Lembram-se da casa de espetáculos em Santa Maria, RS? E do incêndio num dos prédios do "Memorial da América Latina"?
Quando li as notícias de várias fontes durante o dia de ontem e de hoje, não dá para concluir se os trens estão passando, afinal, pela estação da Luz. Como se sabe, eles passam não debaixo do prédio incendiado, mas a seu lado - e sobre trilhos e plataformas há uma gare de metal que existe ali desde a inauguração da estação em 1902. Afinal, estão passando ou não/ Creio que não, afinal, é preciso saber se a estrutura não há danos que possam comprometer a segurança dos trens que passam e das pessoas que esperam pelas composições da CPTM.
Desde o início do incêndio, a entrada de passageiros foi proibida e, aparentemente, os trens deixaram de passar. Na verdade, os trens que passam direto por ali são somente os cargueiros. Esses, como farão? Ninguém falou deles. Quanto aos da CPTM, entende-se que, como já há muito tempo os trens apenas chegam e saem da plataforma da Luz, sem cruzá-los direto, eles o farão agora a partir das estações imediatamente anterior e posterior à estação - ou seja, Braz e Barra Funda.
Quanto ao metrô, que a imprensa insiste em dizer que não pararam de circular pela Luz, há aqui um erro cabal de interpretação. Há, além da velha Luz que pegou fogo pela segunda vez em sua existência (lembremo-nos do incêndio supostamente criminoso de 1946), duas estações construídas pelo metrô e que têm o mesmo nome: Luz, também - da linha 1 e da linha 4. Elas estão contíguas à estação incendiada, mas os trilhos levam a outros pontos e o embarque e desembarque é feito em plataformas isoladas. Portanto, é evidente que os trens do metrô não deixaram de nelas circular.
Notaram os leitores que até agora nada falei do tal Museu da Língua Portuguesa, instalado desde 2006, quando foi entregue a restauração do prédio (que antes disso tinha uma série de defeitos que podiam comprometer sua estrutura). A imprensa noticia em 99% das notícias que o incêndio foi no museu. Ora, que diabos, esta é a estação ferroviária de maior movimento em todo o Brasil, funcionando desde 1902 (com uma interrupção de 1946 a 1951 para se recuperar do outro incêndio) como tal.
Só porque se instalou um museu meia-boca quase dez anos atrás em parte do prédio, este se transformou em... museu? Um museu tão bom (??) que, na verdade, mais parece um parque de diversões do que algo que mostra a memória de um povo? E que pode ser reinstalado em qualquer lugar, mesmo nos computadores? O que se vê dentro desse museu é um desperdício de dinheiro e de tempo de quem o visita.
Espero que, desta vez, não se demore anos para se restaurar o magnífico prédio da estação, como sói ocorrer em diversos outras reformas/restaurações que ficam anos em banho-maria (alô alô Museu do Ipiranga!). E que alguém sensato instale esse museu inútil em um galpão qualquer. E, se possível, que traga os escritórios da CPTM para os andares hoje incendiados, quando prontos. Afinal, o prédio foi construído para ser ferroviário, e não para um "museu" de línguas num país onde ninguém sabe escrever direito.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Infelizmente, esse patrimônio de imenso valor pra o nosso pais, num e somente pra São Paulo como queriam minimizar, sera deixado por um bom tempo pelo governo atual largado pois e conveniente fazer esse trabalho em troca de uma suposta licitação e assim tirar vantagens como sabemos que se tornou de praxe aqui nessa terra.
ResponderExcluirComo cidadão desse metrópole me sinto deixado as traças quando vejo situações como essa sendo comuns e parte de um panorama maior que seria o abandono do transporte sobre trilhos como modal no pais... Pois não adianta fazer linhas novas de metro e o transporte entre regiões serem depreciados e abandonados, levando em consideração que o pais e quase continental a sua dimensão de território e precisa de ligações a sua altura.
Em 1946 iramos fazer a viagem de férias, mas mesmo logo após o incêndio saímos de lá mesmo para o interior. A viagem iria sair da Lapa.
ResponderExcluirÉ muito triste esse acontecimento. A estação da Luz me traz muitas lembranças. Quando nos anos 1960 comecei a trabalhar como viajante, no início viajava muito de trem. Viajava uma vez por mês para o Rio, viajava pelo noturno que saia da Luz. Muitas vezes viajava para região da paulista e araraquarense e as saídas era pela Estação da Luz. Depois da tragédia, alguns dias depois passei por perto, doeu de ver os estragos.
ResponderExcluirConcordo que faltou realçar que se trata da maior estação ferroviária do Brasil, amarrada com a história de nosso maior produto de exportação, o café, responsável pela potência de São Paulo. Mas discordo quando diz que se tratava de um museu meia-boca. Suas exposições temporárias eram caprichadas e resgatavam sempre um personagem de nossas letras (no momento Câmara Cascudo). E certamente valorizava a palavra e o texto, ainda que de modo performático através da tecnologia. Cumpria bem esse papel. Será reinaugurado talvez em 2018, mais certamente em 2022, que será ano eleitoral e também do centenário da Semana de Arte Moderna.
ResponderExcluir