sábado, 17 de dezembro de 2011

OS ERROS URBANOS DE ALPHAVILLE E BARUERI

Folha de Alphaville

Depois de algum tempo, volto aqui neste blog - no quel não escrevo há cinco dias por absoluta falta de tempo - a falar do Alphaville, cada vez mais cheios de problemas.

Para quem olha de fora, parece um ninho de milionários. Para quem está dentro dos residenciais, ainda sentem um sossego bastante aceitável. Porém, basta você sair deles que os problemas começam.

O jornal local anuncia como se fosse uma maravilha a construção de trinta e dois novos edifícios no bairro. Uma maravilha... para quem os contrói e consegue vender, tendo lucros enormes. Para quem mora por aqui, algo que jamais deveria acontecer se houvesse um mínimo de planejamento da prefeitura local. No caso, a cidade de Barueri, que não controla nada nesse sentido.

Sejamos justos, no entanto, num ponto. O município de Barueri é um dos mais ricos no país. Sua arrecadação é invejada por pelo menos noventa por cento dos outros municípios brasileiros. Os prefeitos dos últimos trinta anos, todos da mesma "turminha" comandada todo esse tempo pro Rubens Furlan, têm feito um trabalho extraordinário no sentido de transformar o vilarejo paupérrimo que a cidade era no final dos anos 1970 em um local onde todas as ruas e praças são asfaltadas, ajardinadas, córregos canalizados (se bem que, neste último caso, não vejo com grande admiração, pois já está mais do que provado que córrego não se canaliza, limpa-se e mantém-se limpo no seu leito original. Mas não é a visão do povo em geral... até que venham as inevitáveis inubdações), bons serviços públicos. A arrecadação por tudo isto vêm de Alphaville e de Tamboré, que têm 90% da arrecadação e correspondem a talvez no máximo 20% da área municipal.

Agora, em matéria de planejamento urbano para a cidade, os prefeitos e vereadores (para que servem os vereadores, mesmo?) apenas aprovam literalmente qualquer coisa, não se preocupam em estudar o impacto que isso tem. Quem mais sofre por enquanto é exatamente Alphaville, por ser a sua área mais rica. Área, pois Alphaville nem distrito é, ao contrário de bairros como Jardim Belval e Jardim Silveira, que o são e não dá para entender por que.

Enquanto se aprovam trinta e dois novos edifícios só na região do Alphaville/Tamboré, não se pensa no problema de impermeabilização do solo, sombreamento excessivo, perda da visão de panorama, no aumento da temperatura, no excesso de concreto... e nem na falta de infraestrutura. No mesmo orgulhoso jornal que fala dos empreendimentos, há a notícia dos apagões da Eletropaulo, constantes em toda a área e sem perspectiva de solução, Esta empresa já mais do que provou que está aqui para ter lucro e não fazer investimento algum, nem se preocupa com manutenção. Enfim, é uma porcaria e assim deve continuar.

A falta de água, que já foi crítica nos anos 1980 e que melhorou muito, vêm cada vez mais voltando a ocorrer. O planejamento urbano deixa a desejar e dificilmente poderá ser solucionado, pois o leito carroçável é pequeno em relação às construções que existem. As alternativas de entrada e saída e de passagem são poucas. As construções, como as da avenida Andrômeda e da avenida Sagitário (acho que é este o nome, já que não tem placa - liga a avenida Alphaville à via parque e aos residenciais Conde) estão cheias de buracos, placas de cimento de misturadoras, interrupções constantes de tráfego por causa de manobras de caminhões de construtoras, caminhões estacionados na mão e na contramão, ou seja, acabadas por causa das obras gigantescas desses prédios grandes demais e - convenhamos - não exatamente necessários.

Cada novo prédio traz mais carros. Alphaville já os têm em excesso. As linhas de ônibus aqui existentes não ajudam. Dão voltas demais dentro do bairro e fora dele. Ou seja, tomar um deles para ir de qualquer ponto do Alphaville para uma estação de trem da CPTM (Barueri, Carapicuíba ou Osasco) toma um tempo realmente muito grande e irritante por causa disso e do tráfego pesado.

Diz o governador - mas estas notícias somente saem por aqui, nunca nos grandes jornais de São Paulo - que a CPTM terá um ramal para o bairro. Sinceramente, eu duvido, embora ache que seja realmente necessário. No entanto, mesmo se eu estiver errado e a intenção seja mesmo essa, somente poderia vir de duas formas: ou pelos VLTs ou de forma subterrânea. No segundo caso, obra cara. Outra obra cara que já deveria ter no mínimo ter começado é o enterramento da fiação. Não é um problema apenas estético: é também, e muito mais por isto, necessário para conter o problema de queda de eletricidade por causa das ventanias e chuvas que derrubam galhos e árvores inteiras num bairro em que a arborização é (graças a Deus) grande.

Enfim: somando os prós e contras, eu acho que o suposto luxo de Alphaville não sobreviverá pelos próximos vinte anos. Eu sinto muito por isto, porque eu realmente não acredito que nossos vorazes governantes estejam querendo sequer pensar em alguma solução para tudo isto.

Ou só eu estou aqui profetizando o caos?

Um comentário:

  1. Acho Ralph ,que você não está profetizando cáos só para Alpha Ville .Em todo lugar está essa febre imbiliária .Ninguém pensa na natureza e o que ela pode suportar .Aqui na nossa região de Sorocaba ,morar em condomínio é moda e até uma necessidade devido á violência .Todos querem se fechar em gaiolas de alto padrão ,com toda sua tecnologia e o mundo que se lasque .Reciclagem de lixo ,já melhoraria bem ,mas vai a passos de tartaruga .O nosso querido rio Sorocaba ,qualquer dia amanhece seco .Será que ninguém pensa nessa possibilidade ? Será que vamos beber concreto e cimento armado ? O que será dessa população que vem chegando e dessas crianças que já estão pelas cidades .Ainda é tempo de se fazer algo .Cada cidade trate seus rios e fontes como jóias raras . More em condomínio pensando que o que está fora de sua janela é muito importante .É o mundo maravilhoso que temos e chora em forma de enchentes ,catástrofes e tudo que vemos nos noticiários .

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