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sábado, 16 de abril de 2011

MORTE LENTA

Alphaville/Barueri - vista parcial em 2004. Hoje está muito pior
Mudamo-nos para Alphaville no ano de 1982. A decisão de construir uma casa e mudar para o bairro havia sido tomada em 1979, ano em que compramos um terreno em 42 prestações. Não era caro. Em 1980 decidimos vender nosso apartamento no Itaim, onde moramos por 6 anos, e com o dinheiro construir a casa. Em abril de 1982 ela estava pronta e nós, instalados.

Até hoje, moramos no mesmo lugar. O bairro, que era incrivelmente calmo - quando começamos a construir a casa, havia somente quatro construções nos 880 terrenos vazios que ali existiam - era composto de apenas quatro residenciais e nenhum prédio de apartamentos. A avenida Alphaville, que hoje já mudou de nome (Yojiro Takaoka, nome que ninguém usa), acabava junto ao cporrego do Barreiro.

Dali para a frente, a subida para o que viriam a ser os Alphavilles mais novos não existia e para se ir de carro até Santana de Parnaíba havia que se ter coragem, abrir pelo menos duas porteiras, cruzar pelo menos um córrego a vau e correr o risco de arrebentar a suspensão ou de encalhar sem ter quem ajudasse. O leito da velha estrada não era o que hoje é a avenida Alphaville e sua continuação Estrada da Bela Vista - somente uma parte, mais perto do bairro do Tanquinho, era o mesmo de hoje.

O telefone funcionava mal, havia enxames (sem exagero) de pernilongos, faltava água constantemente, mas era uma delícia, com tudo isso, morar ali.

Aos poucos, as empreiteiras - e nisso se inclui a hoje já extinta Albuquerque, Takaoka, idealizadora e construtora dos residenciais que chegaram a 12, no inpicio dos anos 1990 - foram estragando com tudo. Com um sistema viário construído para no máximo comportar os quatro primeiros residenciais, construídos de 1974 a 1980 e não mais ampliado, as construções de seguidos edifícios residenciais e de escritório, além de "centros de apoio" (pequenos shoppings a céu aberto) não trouxeram novas vias nem novos locais para estacionamentos. Somente trouxeram problemas.

Durante os anos 1990, o excesso de trânsito na rodovia Castelo Branco levou a uma estagnação nas novas cosntruções; porém, a chegada do novo milênio trouxe a duplicação da estrada - insuficiente - e a invasão de conjuntos de edifícios gigantescos no bairro, além da explosão de construções na área da antiga fazenda Tamboré que não havia sido comprada para a construção do Alphaville.

Tudo isso ocorreu sem o menor controle por parte das prefeituras dos dois municípios a que Alphaville pertence - Barueri, mais perto da Castelo Branco, e Santana de Parnaíba, na região mais para trás ao redor do Votucavaru e ao longo do rio Tietê no sentido da barragem Edgard de Souza. Fora os loteamentos da fazenda Tamboré, praticamente todos eles no município parnaibano.

Hoje e já há alguns anos o trânsito em Alphaville é proporcionalmente pior do que em São Paulo. O licenciamento para novos edifícios continua sem nenhum controle. As construtoras, de tão grandes que são os empreendimentos que parecem cair sobre as avenidas, acabam com o leito carroçável das estreitas avenidas como a Sagitário, a Via Parque e outras. A invasão de edifícios acontece principalmente no Tamboré (Parnaíba) e no Alphaville dentro de Barueri. No Alphaville dentro de Parnaíba, o grande problema ocorreu atrás do Alphaville 4, onde o licenciamento de um conjunto de oito edifícios junto ao Tietê comprometeu toda uma área do Alphaville 4.

A finalização do Shopping Iguatemi (na esquina da Rio Negro com a Castelo Branco), de dois edifícios na subida da alameda Andrômeda (via de acesso à Via Parque), de um conjunto gigantesco na Sagitário (às margens do córrego Garcia, na divisa dos dois municípios) e do conjunto de prédios citados junto ao Alphaville 4 vai trazer uma enchente de automóveis ao bairro, numa quantidade que o bairro não suportará, já que não está suportando nem o que já existe hoje. E nenhuma grande obra viária à vista, e qs que são anunciadas são claramente insuficientes para aguentar a demanda. Fora isso, o fornecimento de eletricidade está cada vez mais falho e a água já cpmeça a faltar novamente, como era nos anos 1980.

Ninguém fala nada. Apenas algumas reclamações isoladas em Alphaville. O pior é que as prefeituras não têm aparentemente coragem para barrar novas construções: afinal, Alphaville/Tamboré responde pela renda de 90% de Barueri e 75% de Parnaíba.

Enfim: que se f*** quem já mora e trabalha no bairro. Venda sua casa e se mude, pô! Deixe que novos otários venham se instalar no seu lugar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A DIVISA MUNICIPAL ENTRE SÃO PAULO E SANTANA DE PARNAÍBA

Na imagem do Google Maps, na parte de baixo vemos em amarelo o túnel do Rodoanel seguindo dali para nordeste. A estrada da fazenda Itaiê acompanha o córrego do Itaim e segue para noroeste - essa é parte da divisa atual dos dois municípios
Eu gostaria de fazer um levantamento das divisas atuais do município de São Paulo com os limítrofes. Haja tempo. Por enquanto, fico com o que está mais perto.

A divisa da Capital com o município de Santana de Parnaíba, a antiga Parnahyba, data de 1625. Porém, desde essa época, muita coisa se alterou nessa divisa. Por exemplo, o que é hoje o município de Barueri pertencia a São Paulo e somente em 1809 foi anexado a Parnahyba.
O relatório acima mostra as divisas dos dois municípios em 1908. Hoje é muito menor
Enfim, se considerarmos as divisas de 1908 - cem anos depois da anexação de Barueri por Parnahyba -, veremos que naquela época a divisa entre os dois municípios era muito maior. Os desmembramentos posteriores de Osasco, Barueri, Carapicuíba e Cajamar reduziram bastante essa divisa. Em 1908, ela começava junto ao quertel de Quitaúna e dali subia o Tietê, entrava pelo córrego Vermelho até suas cabeceiras (este córrego hoje divide Barueri e Osasco passando por duas ruas: Diretriz e Alagoinhas. Das cabeceiras seguia até o topo do morro Catanumi (também chamado de Jaraguá-Mirim), onde nasce o córrego do Garcia, que segue para oeste e hoje divide Barueri de Santana de Parnaíba. Sob esse morro passa um dos túneis do Rodoanel.
Aqui, a divisa continua no córrego Itaim, difícil de ser identificado na imagem, mas à direita do bairro que aparece no quarto esquerdo baixo da imagem do Google Maps, mais ou menos no centro da imagem de sul a norte
Aí começa hoje a divisa atual dos dois municípios, seguindo para noroeste acompanhando tanto o córrego Itaim quanto a estrada da Fazenda Itaiê. A divisa toda está na mata, descendo a enconta do Catanumi. Por aí descia (em 1908) até o desague do rio córrego no rio Juqueri. Hoje, o final da divisa se dá antes: mais precisamente, onde o córrego do Paiol Velho se encontra com o do Itaim, fazendo uma divisa tripla Santana de Parnaíba-São Paulo-Cajamar.
Aqui, dois córregos fazendo a divisa tripla citada no texto. O tubo é o Itaim entubado, e ele continua no sentido da curva do canal. Em primeiro plano, a chegada do rio Paiol Velho. Na foto, à direita do muro branco e também o automóvel estão em São Paulo. À esquerda do córrego do Paiol Velho, em primeiro plano, é Cajamar; à direita do mesmo, até o tubo, é Santana de Parnaíba, bairro de Colinas da Anhanguera.
Nesse ponto, a área urbana já chegou (o bairro ali pertence a Parnaíba e se chama Colinas do Anhanguera), mas é um trecho curto. Boa parte da divisa aqui em quetão corre dentro da Fazenda Itaiê em áreas de mata ou rurais.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALPHACAOS

Alphaville em 2007. Hoje, quatro anos depois, está pior. Foto Fernando Figueiredo Linhares Piva de Albuquerque Schmidt
Hoje, no Facebook, participei de uma discussão sobre o horroroso trânsito de Alphaville. O problema é crônico e tende a piorar cada vez mais, se é que tem como piorar. A discussão passava inclusive pela velha tese de separação municipal do bairro Alphaville dos municípios onde ele está situado (nem distrito é), ou seja, Santana de Parnaíba e Barueri.

Criado em 1974 por iniciativa da Construtora Albuquerque Takaoka, a mesma que construiu diversos prédios na Capital no final dos anos 1960 e início dos 1970 e que também construiu diversas estações ferroviárias na Alta Sorocabana dez anos antes disso, o Alphaville foi criado para ser um paraíso. E até foi, mas por pouco tempo. Já em meados dos anos 1980 havia diversos problemas, como falta de água, falta de luz, falta de esgoto, excesso de pernilongos, falta de infraestrutura. Depois, veio o problema do excesso de trânsito na Castelo Branco, que não aguentou o rojão. Finalmente, resolvidos (só em parte) vários dos problemas citados acima, veio o que é od e mais difícil solução: o trânsito caótico, causado pelo excesso de construções, residenciais horizontais e edifícios de apartamentos e escritórios numa quantidade para a qual o traçado viário do bairro não estava preparado.

O problema já se arrasta por diversos anos. Já foram colocados alguns semáforos (poucos), construídos dois túneis, alguns pequenos viadutos, avenidas foram alargadas (no que dava para alargar), agora uma passagem subterrãnea que não fica pronta nunca, além de uma passarela que pouca gente usa... e nada de resolver. Para piorar, permitiram a construção de um shopping center - griffe Iguatemi - na entrada do bairro junto à Castelo Branco, o que vai pôr a pá de cal no trânsito horroroso que já se prolonga praticamente pelos dias inteiros e entra pelo início das noites.

Não há planejamento, somente a ganância para ganhar dinheiro. Prédios são construídos em locais onde jamais se sonharia que eles aparecessem. As ruas não dão mais conta do fluxo de tráfego. Por que? Bom, primeiro porque o número de moradores aumenta exponencialmente. O sujeito vem de outro lugares para morar aqui e não analisa a situação a priori. Por exemplo, um conjunto de oito edifícios residenciais está sendo construído entre o residencial Alphaville 4 e o rio Tietê, em frente à foz do córrego da Cachoeira no grande rio. Ora, se muita gente reclama do mau cheiro do rio nas casas que ficam próximas ao rio Tietê já há muitos anos, por que é que se acha que os novos moradores, que ficarão encostados às margem direita do rio, não o sentirão? Afinal, não é para menos que o conjunto de prédios já é chamado a boca pequena de Alpha Cheiro. Outro caso foi a permissão de construção de um conjunto de lojas e escritórios enorme entre o Alphaville 2 e o Alphaville 3 às margens do córrego do Garcia, tapando a visão dos infelizes moradores das casas do Alphaville 3.

A Via Parque, continuação da Marginal Direita do rio Tietê atrás do Alphaville 2, aberta há 3 anos para facilitar o escoamento dos Alphavilles de Santana de Parnaíba e dos Tamborés (a partir do Alpha 3 e do Tamboré 2), corre o risco de entupir de vez quando os prédios que já estão em fase final de construção ao longo da via.

Há vários motivos para o trânsito não andar. Um deles é o escasso número de avenidas em relação ao grande número de edifícios na área fora dos residenciais fechados. Outra é a falta de retornos e de estacionamentos. O motorista vem de sua casa no Alphaville 2, por exemplo, para ir à padaria da alameda Rio Negro e só pode parar no estacionamento já quase saturado particular dela. Não pode, por exemplo, parar do outro lado da avenida para descer do carro e atravessar a avenida a pé para alcançar a padaria porque não há lugar para estacionar em ponto algum da rua (talvez somente às 3 da manhã, quando a padaria está fechada). Então ele tem de avançar até achar um retorno lá na frente do Centro Comercial e voltar. Perderá nisso cerca de dez minutos e será um carro a mais num fluxo de trânsito que precisasse desse carro.

E os ônibus, que em vez de fazerem um percurso o mais retilíneo possível, ziguezagueiam pelas avenidas/alamedas para colher passageiros, fazendo um percurso que deveria levar metade do tempo se fosse feito normalmente? Enquanto isso, agem como filtro de tráfego. Paradoxalmente, o número de ônibus é insuficiente para atender à demanda - e se de repente, a população dos residenciais resolvesse deixar os automóveis em casa para tomar os ônibus, então? Aí, não haveria condução para dez por cento dos usuários...

Qual é a solução, enfim? Não sei. Colocar VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos, ou seja, bondes modernos) nos canteiros centrais das avenidas? Talvez ajudasse, e bem. Proibir a construção de edifícios e shoping centers no bairro? Agora que já há prédios demais, é tarde - mas quem é que tomaria uma posição dessas? Prefeitos? Vereadores? Mas nunca! Demolir o que já existe? Bom para ser contado em contos de fadas.

Ou seja, estragaram Alphaville... e ainda tem gente que acha que criar um novo município resolveria os problemas. Não resolveria, nada. Político é pólítico em qualquer lugar. Como sub-produto, quebraria os dois municípios "castrados", que tem 90% (Barueri) e 75% (Parnaíba) da renda advinda do Alphaville e do Tamboré. Deixe como está e mude-se para Conceição de Monte Alegre, perto de Paraguassu Paulista, um dos locais mais calmos do mundo...