domingo, 21 de dezembro de 2014

BARUERI E PARNAÍBA, 2014 - UMA SENDO ESMAGADA POR PRÉDIOS, OUTRA PELA FALTA DE PREFEITO

Barueri antiga, provavelmente anos 1940 (Wikipedia). Fotografia tomada da plataforma da estação da Soocabana (a antiga, que durou de 1928 a 1982). O largo em frente é o largo São João. O topo do morro ao fundo é onde, hoje, está a Castelo Branco. O largo foi totalmente coberto com uma cobertura sobre um terminal de ônibus que não é suficiente para a cidade. Portanto, o largo desapareceu, assim como a igreja à direita, demolida em 1968 e que hoje está longe dali. A rua que sai ao fundo, subindo o morro, é a Capos Salles
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Barueri e Santana de Parnaíba, dois municípios um ao lado do outro na zona este da Grande São Paulo. O primeiro foi desvinculado do segundo em 1949. Na época, Parnaíba vivia da mesma forma que durante os duzentos anos anteriores: em decadência e sem praticamente nenhuma importância. Já Barueri, cuja primeira aldeia datava de vinte anos antes (1560) da fundação de Parnaíba (1580), foi, desde a sua transferência de sede para o largo de São João - fato que se deu por causa da construção da segunda estação da Sorocabana no mesmo local em que se encontra hoje (segunda, por que era a primeira parada do trem depois de sua saída de São Paulo, em 1875), apenas um pequeno vilarejo, que, em 1919, quando foi elevdo a distrito de paz, contava com apenas 200 habitantes.

A zona oeste da atual região metropolitana de São Paulo foi a que mais demorou para se desenvolver no século XX. Até os anos 1970, poucos municípios da região tinham importância. Mesmo as estações de trem juntaram durante cem anos vilarejos que se tornaram cidades somente de 70 a 100 anos depois.

Porém, a pressão da cidade de São Paulocontra o oeste foi criando bairros que "entravam" nos municípios vizinhos do Oeste, criando bairros e cidades-dormitórios que, somente a partir do final dos anos 1970, começaram realmente a se desenvolver. Santana de Parnaíba, sem trem, foi uma das últimas. Uma das fontes consultadas em 1968 cita o município - que, na zona Oeste, é um maiores em área - com bem menos de 10 mil habitantes.

Em 1974, foi criado, na área da Fzenda Tamboré, o bairro de Alphaville, trazendo, pela nova rodovia Castelo Branco, muitas indústrias e escritórios para Barueri e também lançando em paralelo condomínios fechados. Com outros nomes e donos, eles se espalharam rapidamente pela área, e as indústrias também. Barueri é hoje um dos municípios mais ricos do Brasil, com mais de 240 mil habitantes em 2010. Parnaíba chega a 110 mil, num crescimento que somente realmente se expandiu fortemente por volta de 1990.

Isso não fez com que os municípios aprendessem muita coisa. Barueri, no entanto, aprendeu bem mais e tinha bem mais dinheiro e aplicou-o bem, limpando a cidade, asfaltando praticamente todas suas ruas e ajardinando praças, colocando esgoto e ampliando a oferta de água, numa sequência de bons governantes desde 1978, com todos os defeitos que possam ter. Parnaíba tinha quase 100 mil em 2010.

Porém, a inundação de edifícios enormes de escritórios que começou com o Alphaville e hoje invade o Tamboré (barueriense e parnaibano), e boa parte dos outros bairros de Barueri (em Parnaíba ainda não), mostra que, como inúmeros outros prefeitos brasileiros (os de São Paulo inclusive), não para, mesmo com boa parte da população manifestando-se contra.

Numa hora em que falta água em São Paulo e municípios adjacentes, é uma temeridade continuar liberando prédios e mais prédios cada vez maiores por toda essa área.
O centro de Barueri, sem nome no Google Maps, está mais ou menos onde está assinalado o "Ginasio Poliesporivo José Correa). A lagoa de Carapicuíba está à direita, facilmente vista
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Tudo isso acima para criticar o governo municipal de Barueri, que precisa fazer algo com a lagoa de Carapicuíba (que, apesar do nome e da localização, ao lado do centro do município vizinho de Carapicuíba, pertence a Barueri e é uma área inundada que pertencia ao leito do Tietê antes da retificação, virou porto de extração de areia, foi obrigado a parar e encheu-se totalmente de água nos últimos anos, está totalmente poluída (segundo diz a Folha de Alphaville, inclusive com lixo hospitalar) e sendo aterrada aos poucos com terra extraída do canal do rio Tietê, que passa ao lado norte da lagoa.

Alguns vereadores querem transforma'-la em uma lagoa limpa (o que não será fácil e barato, dado o nível de poluição), outros querem drená-la, aterra'-la e fazer edifícios. Parece brincadeira, mas não é. Preciso comentar algo a mais?

Enquanto isso, Parnaíba não tem um prefeito, apenas provisórios, faz dois anos. A justiça não julga o que poderia ser decidido em uma sessão de tribunal. Mas, no Brasil, tudo demora anos. Agora, o atual prefeito provisório - que, curiosamente, é o mesmo que foi eleito e não conseguiu assumir por que era ficha-suja (olhem só - prefeito mesmo ele não pode ser, mas provisório, pode por que é o Presidente da Câmara Municipal), vai perder o cargo porque um novo presidente foi escolhido para a Câmara - e ele assumirá daqui a alguns dias. Liminares para lá e para cá, nada se resolve. Como se governa uma cidade dessa forma?

2 comentários:

  1. Me lembro de reportagens com projetos para a Lagoa de Carapicuíba, transformando-a em um polo político (com a transferência das sedes da Prefeitura e Câmara para o lado norte da linha 8). O Boluevard em construção sobre a linha 8 e estação Carapicuíba é parte deste projeto.

    Barueri realmente notei que aumentou vertiginosamente (trocadilho) o número de prédios. Poderia ter um controle maior sobre isso, pois toda cidade com grande número de prédios sofre com problemas ambientais, como "ilha de calor" (onde as construções acabam acumulando o calor do dia, e mantendo a noite quente devido a reposição de temperatura) e retenção de circulação de ar.

    A atual área chamada de "Bethaville" torço que ganhe um número menor de construções, se possível, baixos e com suporte a mais praças. Tipo, uma ocupação razoável, mas mantendo a área verde antes tirada.

    Conta ainda o aterro que fazem ao lado de Antônio João, na qual não sei qual fim será dado.

    Quanto a Santana do Parnaíba, não posso opinar muito. Mas pelo pouco que conheço, noto que a cidade tem limitações que se burladas, prejudicará a si mesma. É uma cidade montada em uma serra, onde no vale se encontra um dos centros principais, e nos topos, algumas das principais moradas.

    Conta ainda, ao que noto, a presença de nascentes, de uma grande área rural (o que seria bom sua manutenção) e seu patrimônio histórico. Espero que na parte política, a cidade se acerte e tome um bom rumo. Infelizmente, a política atual ainda é reflexo da nossa cultura de "Interesseiros vs. interessados", e enquanto não mudar a educação atual para demonstrar que deveríamos impedir atitudes assim...

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  2. Observa bem o blogueiro: a demanda hídrica só cresce, com prédios cada vez maiores. A curtíssimo prazo, estamos nas mãos de São Pedro, o que quer dizer, da sorte, que é aleatória e não está nem aí com o sofrimento imediato de 6 milhões de pessoas, se faltar água. Conclamem-se grandes rezas e romarias... Falando em romaria, me faz lembrar de Santana do Parnaíba, que para mim sempre foi sinônimo de roça, e gostaria que permanecesse assim... Boas Festas!

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