A rainha dos desastres ferroviários sempre foi a Central do Brasil. Hoje a ALL parece estar em vias de desbancar as façanhas da já desaparecida ferrovia...
Em nota da Internet, escrita por Maria Stella Calças e Guilherme Baffi e publicada ontem (13 de abril), outro acidente envolvendo a concessionária ALL é reportado na região de São José do Rio Preto. Parte do texto foi reproduzido logo abaixo.
"Doze vagões de um trem da América Latina Logística (ALL) descarrilaram, ontem de madrugada, na zona rural de Bálsamo. As composições, que estavam carregadas com soja, seguiam do Mato Grosso do Sul com destino ao Porto de Santos e saíram dos trilhos por volta da 1 hora. Foi o terceiro acidente do tipo em um mês. Na última sexta-feira, sete vagões de um trem descarrilaram no perímetro urbano de Meridiano - o local é próximo de onde, no dia 13 do mês passado, 10 vagões tombaram e oito descarrilaram, destruindo uma estação desativada e parando a pouco metros de residências. No descarrilamento de ontem foram danificados cerca de 200 metros da linha férrea. (...) A empresa previa que os trabalhos para liberação da via deveriam ser concluídos até as 20 horas de ontem. (...) A assessoria de imprensa da ALL (...) afirmou que a empresa concluiu em março a manutenção do trecho ferroviário de Rio Preto, com investimento de R$ 1,3 milhão para troca de 8,6 mil dormentes, 17 mil metros de trilhos, substituição de quase seis mil metros de lastros, nivelamento em todo o trecho, além de limpeza de bueiros e canaletas".
Transcrevi somente alguns trechos do que foi publicado e coloquei abaixo um comentário feito por um amigo meu que acompanha continuamente o que é feito pela empresa: "a troca de 8,6 mil dormentes equivale a 5 km de via linear, pouco ou quase nada em se tratando de ferrovia, ainda mais considerando que a vida útil dos dormentes adquiridos pela concessionária é apenas de 5 anos (somente 2 a 3, na prática). Já 17 mil metros de trilhos são apenas 8,5 km, caso a troca também fosse linear". Ou seja: se compararmos esses números com os números totais da ALL, ou seja, toda a quilometragem que ela tem em concessão, veremos que isso, apesar de parecerem grandes números, são infinitamente pequenos em relação aos totais.
E ele completou: "Pensando a longo prazo, deveriam adotar a tática da Vale-E. F. Carajás e instalar um dormente de aço ou concreto a cada cinco, de modo a garantir a manutenção da bitola e fixação da grade ao lastro; e gradativamente os demais à medida que os de madeira forem apodrecendo".
Somando às notícias que saem periodicamente com acidentes ocorridos nas linhas da concessionária, veremos que a operação dela é sofrível, causando danos às linhas e patrimônio das ferrovias que ela administra. Apesar de ter inúmeros processos instaurados contra ela (basta ler jornais), raramente se lê notícias sobre a sua condenação. E quando isto acontece, não se tem certeza se a empresa realmente pagou o que devia por ter sido condenada.
Este país está cheio de atitudes erradas e ilegais que não levam a nada. Novamente, basta ler os jornais diariamente para ver que não existem condenações para quem infringe a lei, seja em qualquer campo. Basta ter bons advogados.
Somos apenas pobres coitados que não têm outra opção a não ser pagar pelos desmandos das pessoas e empresas políticamente fortes deste país. É triste. Depois, não sabem por que qualquer trabalhador que tem a oportunidade de ir para outras plagas para trabalhar - desde por altos salários até por minguados dólares para lavar banheiros em subúrbios americanos.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
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Ola Ralph,
ResponderExcluirParabens pelo texto!
Como a ALL consegue dar lucro?
abraços
Fernando
Facil. Não faz manutenção, transporta só o que LHE interessa usando poucas linhas, abandonando o resto.
ResponderExcluirRalph;
ResponderExcluirEstive nos últimos dois finais de semana em Evangelista de Souza, local que você conhece, no extremo sul da Capital, na saída do antigo Ramal de Jurubatuba, mas já na Mairinque-Santos. Como concilio o fato de ser um amante das ferrovias com o de ser possuidor de um veículo 4x4, estes passeios geralmente fazem parte dos meus sábados ou domingos. A Primeira vez que estive em Evangelista, foi em 1999, e por mais abandonado que o local estivesse, ele ainda estava relativamente preservado. No entanto, a visão que tive nos dois últimos finais de semana foi chocante! Vagões acidentados jogados ao lado da linha, nas proximidades da estação, que também virou um imenso depósito de dormentes novos e velhos, de madeira ou concreto. Estes estão spalhados ao longo da região, que é uma Área de Preservação Ambiental, e também faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar, um patrimônio natural de valor inestimável! A Quantidade de materiais jogados e espalhados quase impede a passagem pela Estr.de Evangelista em alguns pontos, também vale citar o fedor causado pela soja apodrecida, que cai dos vagões mal fechados e em muitos pontos brota na baira da estrada, da linha, e até mesmo no lastro da linha! O Ramal de Jurubatuba, de dar pena! Totalmente erradicado no trecho Colônia Paulista-Evangelista, o que restou dele foi um "estradão" e os dormentes empilhados, jogados ao longo da ex-linha em diversos pontos. E os trilhos? Certamente foram instalados como "novos" em outros pontos controlados pela ALL, talvez até mesmo em Rio Preto ou Meridiano. O Caminho entre Evangelista e Eng.Marsilac se percorrido com atenção, revela outros vários vagões tombados, acidentados, jogados ás margens da linha, e no meio da mata! A Estação de Evangelista é mais uma vítima, infelizmente! A Plataforma está sendo praticamente demolida pela ALL, o telhado e os muros depredados, e o corpo da estação com um "puxadinho" sendo construído. Que diabo de empresa é essa? O que estão fazendo com as ferrovias de São Paulo? Em várias listas os paranaenses simplesmente "puxavam o saco" e "rasgavam a seda" dela, e aqui a operação além de ser precária é nefasta e predatória com relação ao patrimônio e aos cuidados básicos da operação! Triste! E peço desculpas pelo longo comentário!
Grande abraço!
Thiago, repasso o e-mail que recebi do Rollo quanto a esse relato seu:
ResponderExcluir"Sugiro que o texto abaixo e se possivel com algumas fotos seja enviado diretamente ao Ministerio Publico no endereço 4camara@pgr.mpf.gov.br.
Eu enviei uma denuncia do abandono pela qual passa a estrada de acesso ao condominio onde moro, inclusive sem recolhimento de lixo, a pista toda esburacada, e as barreiras dos morros caidas por causa das chuvas, consegui um excelente resultado, eles obrigaram a prefeitura aqui da cidade a tomar providencias sob pretexto de envio a quem de direito de ação publica contra o prefeito. Como aqui é area de manancial e faz parte do Parque Estadual da Cantareira, o setor do Ministerio Publico que cuida do meio ambiente é que tomou as devidas providencias.
Esse fato relatado pelo Thiago tambem é com eles, ja que estão degradando a Serra do Mar, veja bem, não pode ser o MP Estadual, tem que ser o Federal pois a ALL é concessão federal e a linha da Sorocabana tambem pertence a união.
Creio que se podera fazer com que essa concessionaria de M.... venha a tomar as providencias para que não se venha a degradar todo aquele ambiente, e alem disso a Serra do Mar até, acho eu, nas imediações de Jurubatuba é tombada e por isso a ALL não pode fazer o que esta relatado no email abaixo. Abraços Rollo"
Ralph, como se não bastasse a falta de escrupulos, de principios, e principalmente de ética, olha só o que está "virando moda" nessa empresa de m....
ResponderExcluirwww.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1828
02/12/2010 - 17:30
Blitz gera prisão em flagrante por trabalho escravo em ferrovia
Se isso fosse um país sério, e se Agência Reguladora não fosse cabide de emprego de afiliados politicos, com certeza gestores dessa qualidade não tocariam empresas no mercado!!!!
É um absurdo, os estados de origem deles é a maquete em escala tamanho real, aqui é a colonia de exploração mercantilista????
São Paulo deveria ter vergonha disso!