Construções antigas e belas na "Nova Luz" - leia-se Santa Ifigênia, no caso.
O nosso querido prefeito Kassab, que tanto se importa com a população paulistana, que vive presa em congestionamentos, que toma ônibus caindo aos pedaços e pisa e cheira lixo o dia inteiro, quer - e já faz tempo - revitalizar o bairro da Luz (que, aliás, nem tem esse nome, mas sim o de Campos Elísios).
O bairro da Luz original foi na verdade zona suburbana por muito tempo e está situado na região além-linha, ou seja, depois de se cruzar os trilhos da velha Santos-Jundiaí vindo do centro velho da Capital. Já Campos Elísios apareceu por volta de 1878 como uma continuação bem mais chic do bairro de Santa Ifigênia - este surgido no final da Guerra do Paraguai (no final da década de 1860) - por causa da facilidade de embarque para as fazendas no interior nas estações da Luz e da Sorocabana. Hoje, uma mistura destes dois bairros mais do que centenários está sendo chamado de Luz (erradamente).
Por ter sofrido uma (relativamente) rápida deterioração, ambos os bairros mantiveram por muito tempo boa parte das velhas construções. Agora, com muitas delas bastante deterioradas, o que quer fazer é pô-las abaixo sumariamente (segundo li, com algumas exceções) para se construir inúmeros novos edifícios de forma a trazer para o local empresas para ocupá-los.
Pergunto: a quem interessa toda essa derrubada e a construção dos edifícios? Parece-me mais que somente à Prefeitura e às empresas construtoras. Não há grandes notícias de certeza de ocupação por empresas interessadas. A região tem ruas muito estreitas - não vi nenhum projeto para alargá-las, por exemplo. Mesmo as demolições até agora foram poucas. E muito do que foi demolido virou ponto de encontro dos chamados habitantes da cracolândia. Que, aliás, a cada dia que passa, aumentam sua área de "passeio" dentro desses bairros.
Por que não simplesmente restaurar tudo o que existe por lá em termos das propriedades? Seria mais barato e bonito. Aumentaria muito menos a população da região, causando menos impacto no trânsito e na demanda de água, gás, eletricidade etc. Há casarões por ali que são extremamente belos. Exemplos há diversos, mas basta ver os que ficam no largo Coração de Jesus, esquina com a Barão de Piracicaba.
O que se pode concluir é o de sempre: prevalecem os interesses econômicos e não os da população. Além disso, o aumento da concentração de tráfego e demanda pelos itens citados de infraestrutura certamente se tornarão problemas a mais para a já sofrida, conturbada e inchada cidade de São Paulo. É uma pena que tenhamos, um após outro, prefeitos que pouco se importam com o que devem fazer, mas sim com o que cismam de fazer.
Está na hora de a população se unir e dar um basta nisso tudo.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
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