domingo, 17 de abril de 2011

O FIM DO GATO PRETO?

O Gato Preto, hoje. Todas as fotos foram tiradas por mim. À esquerda, o forno de cal, o bar fechado e o galpão semi-demolido, com o locomóvel dentro. À direita, o bar que sempre estsá aberto e 'a sua esquerda, a entrada do depósito de locomotivas e oficinas. Tudo isso está abandonado desde 1983 o ano em que a ferrovia parou.
Fui hoje cedo ao Gato Preto (km 36 da via Anhanguera, município de Cajamar), onde, como todos já devem estar carecas de saber pois já escrevi duzentas vezes aqui, existem velhas instalações da E. F. Perus Pirapora e das caieiras da fábrica de cimento Portland Perus.
A estrada de Ipanema em sua parte asfaltada. Abaixo, já em trecho em terra, no meio do bosque.
Saí de minha casa em Alphaville e segui pelo caminho de sempre: avenida Alphaville, Estrada de Ipanema...
Estrada do Jaguari, em seu trecho em terra e, abaixo, o ponto onde ela passa por cima do rio que lhe dá o nome. Não há ponte, são manilhas de concreto que passam sob a pista, ali, já em trecho de asfalto.
Depois, estrada do Jaguari...
Estrada do Guaturinho. Neste trecho, era ocupada até os anos 1970 pelos trilhos do ramal que levava à estação de Entroncamento.
Cheguei à Fazendinha, bem na divisa de Parnaíba com Cajamar, peguei a estrada Tenente Marques e entrei na estrada do Guaturinho, que, antigamente, neste pedaço que fotografei, servia de leito ferroviário para a chegada da ferrovia à estação do Entroncamento, hoje demolida e com sua área coberta pelo mato.
O pequeno prédio que também servia como estação de embarque e desembarque em Gato Preto.
Para enfim chegar ao Gato Preto...
Forno de cal e, à sua frente, o galpão semidemolido recentemente. Dentro dele, um locomóvel.
onde notei que, apesar dos boatos, (ainda) não houve demolições, com exceção das paredes e da cobertura de um galpão cujo único item nele contido, um velho locomóvel, continua lá. A velha caieira também segue ali, só que agora dá para ver sua base, com a demolição da parede do galpão do locomóvel.
Antigo bar. Não sei se ainda existe ou se está fechado por ser domingo.
Ao seu lado, uma velha casa onde existia (ou ainda existe, mas como hoje é domingo, estaria fechado) um bar. O outro bar, junto ao galpão das locomotivas, este continua ali, bem como a casa que, dizem, servia também de estação ferroviária para quem ali chegava de trem.
Ponte sobre o rio Juqueri-Mirim em Gato Preto.
O rio Juqueri-Mirim continua com sua velha pontezinha com gradil de ferro...
Estrada do Limoeiro. Ao seu lado, o rio Juqueri-Mirim e, do outro lado deste, onde passavam os trilhos que saíam de Gato Preto. Hoje um matagal só.
e a estrada do Limoeiro, por onde se entra e sai do bairro para quem não vem pela via Anhanguera, hoje asfaltada, acompanha o antigo leito da EFPP, que passava do outro lado do rio e que hoje está totalmente coberto de mato. É difícil imaginar que a ferrovia passava por ali para chegar ao bairro. Os trilhos dali foram arrancados, também, em 2003, mas eu cheguei a vê-los ali.

Apesar de já ter entendido que os governos municipais raramente se importam com patrimônio histórico, ainda não entrou na minha cabeça o por quê de não se tentar conservar este conjunto arquitetônico do Gato Preto.

Enumero aqui os motivos:

1) O bairro do Gato Preto, ao que tudo indica até aqui em minhas pesquisas, surgiu da construção da ferrovia ali, a partir de 1910;

2) A cidade de Cajamar surgiu com o nome de Água Fria em 1925 exatamente com a abertura de outro ramal da ferrovia e da pedreira nesse ano;

3) O município de Cajamar foi instalado em 1959, separando-se do de Santana de Parnaíba exatamente pelos esforços dos sindicalistas que existiam no bairro e que trabalhavam todos para a ferrovia, pedreira, caieiras e para a fábrica de cimento Portland Perus;

4) A manutenção desse conjunto seria relativamente barata, além de estar praticamente todo ele junto aos morros no Gato Preto, portanto, sendo de pouquíssima utilidade num eventual loteamento. Se este loteamento fosse residencial, então, restaurado, seria um adorno belíssimo para ele. Se fosse industrial, como parece que deverá ser, no entanto, a visão dos imóveis seria escondida em grande parte pela construção óbvia de grandes galpões de quem adquirir as glebas para uso industrial.

Sabe-se também que os atuais donos dos terrenos do bairro têm muitíssimas terras dentro do município. Seu desinteresse em relação à ferrovia etc. sempre foi notório. A sua única propriedade que ainda funciona - a pedreira de Cajamar (que fica no centro da cidade e não no Gato Preto) - foi vendida há poucos anos atrás.

Sem interesse dos donos e sem interesse político dos administradores desta cidade, nada se pode esperar, portanto, em termos de preservação. Infelizmente.

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