Na antiga estação de Piracicaba, os trilhos já foram arrancados há anos (Foto Luiz Carlos, 2009).
Na postagem de ontem, noticiamos (eita!! Parece jornal!!) que a antiga estação de Anta, no Estado do Rio de Janeiro, ficou sem os trens cargueiros que por ela passavam há anos, dando um "ar ferroviário" a uma cidade que desde os anos 1980 não tinha mais trens de passageiros. Hoje, saiu a notícia que a ANTT "desativou" o ramal ferroviário de Piracicaba, ou melhor, o trecho do ramal que fica dentro do município, entre a Rodovia do Açúcar e a estação terminal da antiga Companhia Paulista.
Em Recanto, a saída dos trilhos do ramal está nesse matagal (Foto Otávio em 2006).
A palavra "desativou" está entre aspas porque, na prática, o ramal já está sem tráfego pelo menos desde 1996, pelo menos dois anos antes da entrega da então moribunda FEPASA para a então mais-que-moribunda RFFSA. Eu me lembro de ter estado em Recanto, a estaçãozinha de onde saem os trilhos do ramal, em Nova Odessa, e um ferroviário que estava por ali me dizer que "já havia meses não passava nem auto de linha pelo ramal" e que, quando entrava, seguia no máximo até a estação de Santa Bárbara do Oeste.
Cargueiro passa pelo ramal nos anos 1940 em Santa Bárbara do Oeste (acervo Romi)
Muitos trilhos foram arrancados, grande parte por roubo; com dormentes de aço por todos os seus 40 km, quem não iria tentar arrancá-los também para vender como sucata? Em Santa Bárbara, os trilhos foram arrancados ilicitamente pela Prefeitura e o aterro aberto em dois para a passagem de uma avenida (como prefeito adora avenida!) já faz alguns anos. Portanto, o tráfego era impossível já há tempos.
O trem chegou a Piracicaba em 1922 com festas (Autor desconhecido)
Então, a nota da ANTT dizendo que "desativou" o trecho soa como palhaçada, como brincadeira. Sem trens de passageiros desde fevereiro de 1977, com pouquíssimas cargas depois disso num ramal por demais curto, ele foi colocado na concessão dada à Ferroban em 1998. Hoje, em teoria, a concessão está nas mãos da ALL. Ambas as ferrovias já manifestaram por várias vezes a intenção de utilizar o ramal para o transporte de cargas proveniente do rio Piracicaba que chegariam no antigo porto de Ártemis por via fluvial, porém, para isso, nem usariam o trecho agora desativado, que corta trechos bastante urbanizados de Piracicaba.
Em Piracicaba, o armazém ao lado da estação está sem cargas há quase 20 anos e virou centro da Terceira Idade (Foto Luiz Carlos em 2009).
Para chegar a Àrtemis, uma linha haveria de ser construída de algum ponto na zona rural de Piracicaba, pois, da estação, seria inviável por vários motivos. Por isso, o não uso do trecho urbano e sua desativação teórica - pois na prática ele já o estava por 14 anos - em nada afetaria o possível uso do resto do ramal.
Os "bons tempos": trem de passageiros em Piracicaba em 1938 (J. Erdberg)
E adivinhem os senhores o que a Prefeitura disse que vai construir naquele trecho que perderá agora os trilhos que lhe resta? Já sabem? Pois é isso mesmo: uma avenida!!!! Já tem até nome! É "Nova Higienópolis" e já foi até licitada! Agora, os alunos do câmpus da Universidade que fica ao longo do antigo leito que se danem: sem transporte ferroviário (um veeletezinho) para eles. Que comprem carros, poluam bem, usem a avenida nova e se metam em consgestionamentos. E que não se esqueçam de procurarem locais para estacionar, em fila dupla, tripla...
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
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Viva a ANTT. Viva os brasileiros, cada vez mais brasileiros. Como bons peladeiros, vamos chutando os problemas pro futuro.
ResponderExcluirsaudações,
ResponderExcluirno Estado do Rio de Janeiro a coisa não é diferente. No município de Campos dos Goytacazes os trilhos viraram ciclovia.
Em Vassouras, só restou a estação de trem. Assim como em Barra do Piraí - Conservatória, que só é possível observar as velhas estações. Alguns trechos, só mesmo trem de carga.
Em Mangaratiba, os trens de passageiros que ligavam o bairro de Santa Cruz (Rio de Janeiro), passando por Itaguai, Itacuruça ...foram substituidos pelo capital rodoviário.
Em São Paulo, me recordo que lá em Jaguariuna ainda funciona um trem (que vem de Campinas), mas em Pedreira - Amparo -Serra Negra, só restaram as estações.
Isso quando não resolvem destruir os trilhos e manterem os prédios das estações. Na minha opinião não tem nada mais triste que uma estação sem trem...que função tem? Nenhuma, é um elefante branco que só serve para ressaltar a incompetência e descaso dos políticos, causando ainda mais indignação.
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