sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A MEMÓRIA PAULISTANA

Bela fachada na esquina das ruas Guaicurus e Faustolo, na Vila Romana, situada à antiga estrada velha de Campinas (rua Guaicurus). Toda pichada, ainda é muito bonita e o imóvel segue sendo utilizado. Foto Ralph M. Giesbrecht em 3/7/2010

Algumas atualizações sobre o estado da memória paulistana hoje. Deu no jornal que uma chaminé industrial foi tombada na Mooca. Apenas uma chaminé para ser mantida no meio de um novo (e certamente desnecessário) condomínio de edifícios "de alto padrão" que será construído no local. Melhor que nada, dirão. Sim, essas chaminés geralmente são muito bonitas e imponentes, mas sozinha, cercada de prédios, representará o quê?

Por outro lado, na Lapa, um prédio que começou a ser construído de forma ilegal 15 anos atrás, tornando-se um esqueleto de concreto com cerca de dez andares de altura depois de "abortado", foi finalmente condenado à demolição. Bom para um bairro somente de casas e já tombado, teoricamente, desde seu loteamento, há 90 anos. É duro se fazer cumprir a lei neste País. Às vezes se consegue, mas com a geração de uma porção imensa de entulho.

Seria mais fácil se as pessoas se conscientizassem de algumas possibilidades de se manter construções antigas e representativas histórica e/ou arquitetonicamente, sem prejudicar os interesses econômico-financeiros: em construções com mais de 50 anos e que tenham sido feitas à beira da calçada (ou seja, sem recuos frontais), a demolição de suas fachadas seria proibida, fazendo com que se possibilite a demolição no restante do terreno, mas que fosse mantida a fachada como entrada.

Não é uma ideia nova nem original: alguns prédios recentes já se valeram deste artifício tanto na Capital como em cidades do interior. Falei já sobre isto na minha postagem do dia 28 de julho deste ano. Seria uma forma de se manter as poucas fachadas antigas que ainda restam na cidade sem atrapalhar ninguém.

Está mais do que na hora de pararmos para pensar. Se dá para equilibrar o fator dinheiro com o fator memória, por quê não?

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