segunda-feira, 2 de agosto de 2010

RECICLAGEM DO LIXO EM SÃO PAULO

No escoadouro da servidão aberta sobre o antigo leito do córrego Verde na Vila Madalena, ali no fundo, o pneu velho jogado - clique para ampliar - Foto do autor em abril de 2010

Parece que o município de São Paulo não sabe, mesmo, como fazer com a reciclagem do lixo urbano. Não há meio de se conseguir colocar uma ordem, uma metodologia no sistema. Sistema, que, aliás, se acreditarmos no que diz a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de hoje, nem existe.

Não entrarei em detalhes sobre os dados. Percebe-se por ela que as promessas que a Prefeitura tem feito (por exemplo, criar centros de coleta de lixo descartável, como a que existe na baixada da rua Inácio Pereira da Rocha, em Vila Madalena) não são cumpridas ou são realizadas longe de atingir o objetivo previsto.

Estamos falando de lixo urbano, mas se a Prefeitura não sabe nem limpar a cidade, cada vez mais suja (uma limpeza em regra ao longo da Marginal do Pinheiros, sentido sul, entre o Cebolão e a ponte Eusébio Matoso - por onde passo religiosamente todas as manhãs - daria com certeza caminhões e mais caminhões de lixo), como vai pensar em organizar a coleta de um lixo mais "nobre", como o lixo potencialmente reciclável?

Outra reportagem no mesmo jornal publicada há menos de uma semana mostra que o asfaltamento de ruas com asfalto tendo na composição borracha moída oriunda de pneus velhos não ultrapassou a marca de oito quilômetros na Capital nos últimos dez anos, sabendo-se que, além de ajudar a eliminar toneladas de pneus velhos, o asfalto feito dessa forma aumenta a durabilidade do material, além de outros benefícios para o trânsito.

Claramente, a Prefeitura é incompetente nesse ramo de lixo, assim como em outras áreas. E falo, aqui, não só da atual, como em todas ou na maioria das anteriores. Mais outra reportagem mostra que as próprias empreiteiras contratadas pela Prefeitura para recolher entulho joga o material em outro lugar... para que retirar do lugar original, então?

Talvez isso não seja culpa somente dos administradores, mas também do gigantismo de uma cidade possivelmente ingovernável. E - sinceramente - é culpa da sociedade também, que atira lixo no primeiro lugar que vêem, de dentro de suas casas, das suas mãos quando passeando na rua ou jogando o que não quer pela janela dos veículos.

É uma sociedade que espera que o governo faça tudo por ela, em vez de tentar se esforçar para resolver seus problemas sem a ajuda do governo sem dinheiro e sem capacidade para tal, geralmente corrupto e/ou ineficiente. A primeira coisa que a população poderia fazer seria não atirar o lixo em qualquer lugar. A segunda, separar decentemente o lixo reciclável. Não é nada difícil, muito pelo contrário. A coleta, sim, é mais problemática - mas parece que a Prefeitura não saiu do zero depois de mais de vinte anos de propagação da doutrina da reciclagem. Então, por que não fazermos nós mesmos?

Num momento em que os lixões e até os aterros sanitários são contestados por quase todo mundo, não reciclar lixo parece insanidade.

13 comentários:

  1. Numa sociedade predatória e mercantilista como a nossa, a única reciclagem que dá certo é aquela que rende dinheiro. Como, por exemplo, a das latinhas de alumínio. Aqui na praia, em São Vicente, se você bobear, o pessoal leva sua latinha ainda cheia... Aliás, se você pensar bem, os freqüentes roubos de fios de cobre (que quase sempre são imediatamente fundidos em lingotes, apagando os rastros do crime) são uma modalidade de reciclagem de grande sucesso, ainda que, digamos, involuntária e ilícita. Puxa, os caras reciclando cobre direto e você reclamando que não há reciclagem no Brasil... :))
    E mais: o lixo doméstico aqui em São Vicente também é reciclado, ainda que de forma meio inesperada, mas muito degradante. Basta os condomínios colocarem os sacos de lixo na rua, para serem recolhidos, e catadores os abrem e recolham o que consideram valioso, obviamente espalhando os demais detritos (geralmente orgânicos) ao redor, empesteando o ambiente. Isso fez com que alguns condomínios passassem a trancar seu lixo em carrinhos de plástico, só o abrindo quando da passagem do caminhão-coletor. Mais uma vez: quem disse que não valorizamos nosso lixo??

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  2. Bom, aqui em Parnaíba há reciclagem em alguns bairros, Alphaville inclusive. Funciona melhor que em SP, a Prefeitura banca uma cooperativa... já o fato de destruírem lixo para catar recicláveis mostra que a falhas está nas pessoas que não separam o lixo antes de pôr na rua, não nos catadores...

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  3. Concordo. Ainda estamos na idade da pedra no que tange à educação ambiental. Minha experiência prática mostra que, para a maior parte da população (incluindo muitos profissionais universitários), reciclagem ainda é coisa de poetas e naturebas. Infelizmente o órgão mais sensível da maioria das pessoas é o bolso. Logo, o que não atinge o bolso não as afeta.

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  4. Transcrevendo o comentário do Daniel Gentili: Ola Ralph

    Em 1952 quando tinha 8 anos morava em

    Botucatu, a coleta do lixo pela prefeitura

    era feita por um funcinário, um carroção de

    quatro rodas e duas parelhas de burros...

    um dia quando ia para escola cedo...vi uma

    "cena" que jamais esquecerei, uma senhora

    que tinha esquecido de colocar a "lata" de

    lixo para a devida coleta saiu atraz do carroção

    chamando "oh lixeiro , ho lixeiro" o condutor

    parou, pegou a lata despejou o lixo e disse

    "minha senhora ou sou o coletor de lixo, lixeiro

    é quem faz o lixo" achei que até tinha sido mal

    educado mas estava coberto de razão....ja contei

    esta história para vários candidatos a cargos

    políticos aqui em Lins....onde até existe uma

    coleta de lixo reciclável pela prefeitura ..

    devagar mas aqui vai se tomando um "costume"..

    mas é uma cidade pequena...em S.Paulo simplesmente

    acho impossível, mesmo com uma grande eficiência

    por parte da prefeitura, ja vi ai no rio Tietê

    e Pinheiros, peneus, sofás, geladeira, até uma

    carcaça de Brasilia, milhoes de garrafas pets....

    Aqui em casa, sómente duas pessoas e um gato.."geramos"

    uma quantidade que considero enorme em embalagens

    descartáveis, em 1952 costumava-se guardar papel,

    barbante etc...não existia "embalgens plásticas"

    bem isto seus pais ja te contaram....tinha

    muito menos poluição...a vida era mais simples...

    voltando a "historinha" inicial quero dizer que

    somos todos lixeiros, pessoas, industrias, lojas

    supermercados etc...é um problema das grandes cidades

    no Brasil e em outras "plagas"...no exterior...

    ( e das pequenas também ... do planeta emfim)...

    como a grande maioria não esta nem ai com o lixo

    jogando em qualquer lugar como você comentou no seu

    blog...vamos morrer sufocados no lixo...isto se

    não aparecer uma "peste negra" como no ano 1300

    século XII acho...matando metade da populaçao. e ai

    os que sobraram acabaram vivendo melhor( por algum tempo)...mas sempre

    o "progresso" aumentando o lixo...

    Da para imaginar a "ira" do seu avô Sud Mennucci..

    se ele estivesse vivo... e ver de certa forma acontecer

    o que ele mentalmente previa a mais de setenta

    anos..que sem a educação...o cáos que seria...

    Bem..ia fazer um pequeno comentário no seu blog, mas fui escrevendo

    ...escrevendo..ficou comprido..mal redigido...etc...

    que resolvi mandar por e-mail...

    Desculpe se em algum tópico nào consegui transmitir

    um pensamento lógico e claro....sou muito ruim de redaçao

    só passava com nota mínima de português...pode ate ser

    que você não concorde...mas isto não diminui a consideraçAo

    que tenho pelo estudioso, pesquisador, Ralph Mennucci Giesbrecht

    Obrigado pela atenção

    Daniel Gentili

    PS...reli,,,,ficou ruim de redação mesmo....ta loco...

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  5. No meu prédio, no Centro de São Paulo, há um contêiner para se colocar o lixo reciclável. Todas as segundas-feiras passa um caminhão para recolher seu conteúdo.

    Aparentemente, funciona. Aparentemente.

    Não sou especialista — aliás, bem longe disso —, mas aponto o que me parece não fazer sentido:

    1) O lixo é jogado no contêiner tudo junto, papel, vidro, plástico etc. Não sei se haveria espaço no meu pequeno condomínio para abrigar diferentes recipientes, mas, se cada morador pode separar, por que misturar tudo para depois alguém ter de separar?
    2) O contêiner fica sujeito às intempéries, e é só chover para o conteúdo ficar molhado, já que não só o contêiner não é vedado, como as pessoas abrem sua tampa mesmo quando está chovendo para jogar outras coisas. Talvez isso não faça diferença para plásticos e vidros, mas para papéis sei que faz.
    3) Quando o caminhão passa, joga tudo atrás de um caminhão de lixo similar aos comuns. É uma mistureba maior (bem ou mal, no contêiner quem jogava um monte de jornais velhos jogava-os todos mais ou menos juntos), mas, pior ainda, o caminhão faz uma compressão do conteúdo, o que sem dúvida dificulta ainda mais para quem vai separar depois. Isso sem falar que boa parte dos vidros certamente se quebra nesse processo.

    Falta explicarem bem esses pontos. Pelo que expus acima, o processo ainda gera dúvidas e parece não funcionar como deveria.

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  6. O grande problema da reciclagem é, de fato, a devida separação inicial entre os diversos tipos de rejeitos (orgânico, metais, vidros e plásticos) por parte do consumidor do produto. Isso já ajuda muito nas operações posteriores de separação adicional e beneficiamento. Só que isso exige muita cultura e disciplina por parte do público em geral. Como a educação e civismo do brasileiro vem piorando ano a ano, creio que nossas perspectivas são sombrias. Vou citar um exemplo concreto que vi em Paris, 1997. No condomínio onde meu cunhado morava, a regra era só jogar lixo orgânico. Os materiais recicláveis (metais, vidro e plásticos) tinham de ser jogados num container comunitário, numa praça próxima. Cada material tinha sua baia própria. Parece que a coisa funcionava razoavelmente bem.

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  7. Gorni, em Parnaíba, onde moro, o pessoal da reciclagem retira o lixo reciclável todo misturado (orgânico, não) - eles mesmo separam na cooperativa. Portanto, eu deixo tudo junto num saco verde que eles mesmo trazem: papel, plástico, alumínio, metal, vidro. As pilhas, jogamos em recipientes plásticos com tampa espalhados pelo residencial, que depois são recolhidos. Portanto, eu não separo porque eles pedem para não fazê-lo.

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  8. A separação entre lixo orgânico e não-orgânico já é um bom passo. Mas a prática comum é a divisão nas quatro classes tradicionais (orgânico, plástico, metal e vidro), pois minimiza o trabalho posterior. Mesmo assim, há separações posteriores entre os vários tipos de plásticos, metais, etc. O grande problema da reciclagem é que o uso de mão de obra é intenso e, muitas vezes, o material reciclado é de pior qualidade e mais caro do que o material virgem. O fato é que a reciclagem, exceto em casos muito específicos, de metais caros (por exemplo, cobre e alumínínio) não é viavel economicamente, a menos que o governo aplique taxas punitivas ao uso de material virgem. Epa! eu não devia ter falado isso...

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  9. O Diário de São Paulo fala do assunto hoje: http://www2.diariosp.com.br/flip/images/page10.swf

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  10. Vire e mexe , cai-se no mesmo e velho problema.
    Enquanto a sociedade como um tôdo ou pelo menos uma grande maioria não quiser, nada acontecerá. E a ultima coisa que a sociedade brasileira quer é se preocupar com lixo. Que venha logo a bendita peste negra propalada acima.

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  11. Olha, visitei Birigüi em 1998 e fiquei horrorizado a quantidade de sacos plásticos cheios de lixo apodrecendo em várias estradas rurais. Hoje a situação é bem melhor, mas não está completamente resolvida. Se a tal peste negra não baixou por lá naquela época, não baixará agora. Bem ou mal, nosso ambiente (ainda) é bem menos infecto do que na Idade Média...

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  12. No bairro onde moro , Higienopolis , a grande maioria das pessoas que levam seus cachorros a passear carregam consigo sacos plasticos.Após recolherem as fezes do animal no saquinho dão um nó e jogam-no em algum pé de arvore ou mesmo na calçada. Pouquissimas procuram um cesto de coleta de lixo ou levam os dejetos de volta para casa.

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