terça-feira, 17 de agosto de 2010

ESTÁ TUDO UMA BAGUNÇA

Em foto tirada hoje por mim em Santa Barbara do Oeste, a linha do ramal de Piracicaba, uma linha concessionada à ALL, mas não utilizada há mais de dez anos, foi cortada pelo meio para a passagem de uma avenida construída pela Prefeitura.

Hoje estive em Santa Barbara d'Oeste. Fazia, na verdade, já 14 anos que eu não ia para lá. Quando fui, estava atrás da estação ferroviária. No ano anterior, 1995, havia passado por ali o último trem do ramal de Piracicaba, com uma carga de açúcar - já o de passageiros, o último passara 19 anos antes. Descobri que o prédio, em estado de conservação apenas regular, era a rodoviária da cidade.

Soube, depois, que o prédio foi abandonado e a rodoviária transferida de local. Assim ficou até cerca de 2005, quando a Fundação Romi conseguiu autorização da Prefeitura, já dona do prédio, para instalar ali parte da sua fundação. No armazém, ao lado, instalaram um auditório. Isso tudo hoje está muito bem conservado. Do outro lado da linha, entre o espaço entre os dois prédios, um terceiro foi construído, e ali está um bar e mais algumas instalações. Para se o atingir, fizeram uma pequena passarela metálica sobre os ains existentes três linhas do pátio, que ainda estão lá - afinal, o ramal foi concessionado em 1998 para a Ferroban e, depois, para a ALL.

Concessionado foi, mas uso que é bom, nada. O ramal está abandonado há mais de dez anos. Vários trechos já foram roubados no percurso. Mais não foi por milagre: os dormentes desse ramal são todos de ferro, com valor de sucata razoável por seu peso. Um dos dormentes que vi hoje foi fundido em 1896. A linha é de 1917, construída pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro em bitola larga de 1m60 e com 42 km.

A cerca de um quilômetro da estação, no sentido Americana, a linha corre sobre um aterro até um ponto em que ele foi destruído para se fazer uma avenida: a linha ali foi eliminada. Depois, continua do outro lado. Curioso, essa linha ainda está dada em concessão para a ALL. Quem teria autorizado o corte? Provavelmente, ninguém. A Prefeitura foi lá e arrancou todo o aterro e a linha. A avenida está feita, asfaltada, canteiro central, etc. Ficou tudo por isso mesmo. A ALL tem a obrigação de cuidar do ramal, mesmo não o usando. Nada fez. A Prefeitura não podia cortar, mas cortou. Isso significa que ninguém se importa, nem fiscaliza.

Este tipo de coisas: falta de fiscalização das agências, o fato de se fazer o que não se pode fazer com as ferrovias, o descalabro e desleixo com a infraestrutura pública (tanto das concessionárias quanto do poder público) estão cada vez mais constantes no país. Pelo visto, quando as malhas foram devolvidas ao seu dono, a União, nada mais sobrará para contar a história.

Acorda, governo! Acordem, brasileiros!

5 comentários:

  1. Ferrovias e ramais que no passado foram importantes só continuam existindo nos mapas, até naqueles bem vagabundos que estão encartados nas listas telefônicas. Mesmo no Google Maps, ramais extintos há mais de vinte anos ainda estão lá, mais para iludir do que para informar. Não se encontra a situação real, de ferrovias realmente operacionais. As concessionárias só se interessam pelos trechos lucrativos. As prefeituras adoram vistosas avenidas. As pessoas adoram seus carros. A fiscalização das concessões nem serve para inglês ver. Mais cedo ou mais tarde, com carros e mais carros sendo colocados nas ruas, essa situação ficará insustentável. Tomara que não seja tão tarde.

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  2. bom e so denuciar ao denit e a all esta linha consta como ativa prefeitura nao tem poder para retirar trilho nenhum

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  3. Gouveia, v. deve estar brincando... ninguém é sério

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  4. Zardeto, infelizmente, v. tem razão em tudo. Uma pena.

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