sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PRAÇA DO PATRIARCA JOSÉ BONIFÁCIO

O antigo e belo prédio do Mappin Stores, no lado oposto ao viaduto do Chá, em 1937. Este prédio foi demolido, provavelmente nos anos 1970, para dar lugar a outro prédio sem-graça: o que abrigava o Unibanco e agora abriga o Banco Itaú. Autor desconhecido

O nome no título desta postagem é o nome original desta tradicional praça da cidade de São Paulo. Localizada no Centro Velho, ela não é tão velha assim: foi construída (posso estar enganado na data, mas é por esta época) em 1928, quando se demoliram os imóveis que existiam ainda no pequeno quarteirão formado pelas ruas São Bento, da Quitanda, Líbero Badaró e Direita. Aliás, na esquina da Direita com a São Bento era o famoso "Quatro Cantos", único cruzamento em ângulo reto que o Centro Velho sempre teve.

Com o tempo, o nome foi resumido para "Praça do Patriarca". A partir de 1892, era na rua Líbero Badaró que desembocava o primitivo Viaduto do Chá, inaugurado nesse ano com sua estrutura em ferro. Quando a praça foi construída, passou a ser a porta de entrada do Centro Velho para quem vinha da Praça Ramos de Azevedo.

Da praça podia-se descer para o Anhangabaú, por uma pequena rua que passava entre o Palacete Prates (no local onde hoje está o sem-graça Edifício Conde Prates) e o início do viaduto. Depois, construiu-se a passagem entre o mesmo Anhangabaú e a praça por um túnel de pedestres com escadas: a Galeria Prestes Maia. Com a abertura do viaduto novo, em concreto, em 1938, a passagem lateral foi eliminada e substituída pela Galeria Prestes Maia. Posso estar errado aqui também e elas teram convivido por algum tempo.

Hoje, a praça ainda é bonita, mas perdeu o antigo prédio do Mappin Stores, substituído pelo edifício que abriga no térreo uma agência do Itaú, ex-Unibanco. À direita, a Igreja de Santo Antonio, de mais de 200 anos de idade, ficou espremida e meio escondida entre o prédio dos anos 1950 do Hotel Othon, fechado, e um prédio baixo horrorosinho e branco. À frente da igreja, um edifício dos anos 1920 ainda está lá, graças a Deus. De um lado do viaduto, a atual Prefeitura, ex-prédio do Matarazzo, está no lugar, desde os anos 1930, do prédio da Rotisseria Sportsman. Do lado contrário, o Conde Prates.

Sobre a saída da Galeria Prestes Maia, no centro da praça, o horror que a prefeita Marta mandou construir em 2002, uma cobertura que consegue ser mais feia do que todos os edifícios mais recentes da praça. Implosão nela (não na ex-prefeita, na cobertura).

Mas o trio Patriarca-viaduto-praça Ramos ainda tem beleza, principalmente iluminado à noite. Meu filho Alexandre deu sua recepção de casamento no salão do Othon, ainda aberto em 2006. Os convidados, muitos deles não tendo ido ao centro velho havia muito tempo, surpreenderam-se com a beleza da paisagem noturna vista das janelas do primeiro andar, mirando o viaduto do Chá e o Teatro Municipal.

6 comentários:

  1. Sim, Sr. Ralph, prédios antigos, lojas esquecidas: Mappin, Pirani, Lutz Ferrando, Casa Fretin (a do prédio de 1920 que ainda está de pé), R. Monteiro, Chocolates Sonksen, Doceria Dulca, Casa José Silva e Casa Manon. Mas ainda existe o sebo Ornabi, a Casa Godinho, a Padaria Santa Tereza, nos mesmos lugares.

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  2. Ah! Ainda nos fins da década de 70, boa parte de tudo isso existia no Centro Velho. pode ser relembrado em mais de quatro horas de filmages em super 8, "Rumo à Sé, Ruas sem Rumos", de Paulino Tarraf. Tudo no youtube.

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  3. A data que tenho como da ianuguração da Galeria é 1940. E em 1955 ela recebeu as primeiras escadas rolantes da cidade, que estão lá até hoje (reformadas, mas parece que ainda há muita coisa original).

    Sobre a recepção do meu casamento, aqui vai uma foto da vista batida do mezanino do Othon, em direção ao Teatro Municipal.

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  4. E sabem o que descobri? Que depois de escrever a postagem e buscar uma foto para ilustrar, EU NÃO TINHA FOTO ALGUMA, NEM ATUAL, NEM DO PASSADO, da praça! Fuçando muito, acabei encontrando a do Mappin Stores!!!

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  5. O horror que a Marta construiu ficou completamente fora do contexto da praça. Realmente um horror. Sem contar que a estátua do patriarca José Bonifácio está de costas para a praça.

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  6. Eu trabalho nesse prédio atualmente. O nome dele é Edifício Barão de Iguape, uma homenagem a Antônio da Silva Prado. Até onde sei, ele teria sido inaugurado em 1963, ou 1964. Pesquisando na net. aparece algo como construído em 1959.

    A edição atual do livro "A revolução burguesa no Brasil", do Florestan Fernandes, trás na capa uma bela foto aérea do Vale do Anhangabaú, acho que muito provavelmente no final dos anos 60, onde o prédio aparece por inteiro.

    Quem tem algumas fotos do prédio antigo e também da praça é o Instituto Moreira Sales, da família proprietária do ex-Unibanco.

    No livro "O Crime do Restaurante Chinês", do historiador Boris Fausto, tem uma passagem que faz menção os bailes de caranaval que ocorriam no terceiro ou quarto andar do antigo prédio.

    Edinilson

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