domingo, 25 de outubro de 2009

PUNIDO SEM SABER POR QUÊ

Deste ponto ao lado do Pateo do Colegio partimos nós em 2006 no passeio turístico. Não necessariamente nesse tróleibus.
Em 2006, eu vários amigos fomos passear de ônibus elétrico no aniversário de São Paulo. Antes que qualquer leitor ache esse passeio estranho, vou lembrar que, além de tudo, ele era de fim turístico. Afinal, esses ônibus não passam de um trem com trilhos... aéreos, não é verdade?

Depois da viagem, cinco dias mais tarde, enviei um e-mail ao jornal O Estado de S. Paulo. Não me lembro se chegou a ser publicado ou não. A transcrição está abaixo.

No último dia 25 de janeiro, fui com uma turma de amigos fazer o passeio turístico oferecido pela Prefeitura em ônibus elétricos. Partiam do Pateo do Colégio, rodavam pelo velho centro e voltavam ali, depois de uma parada na Praça Ramos. Foi um prazer andar em ônibus bons, silenciosos, confortáveis e não poluentes ao invés dos nossos famosos e meio maltratados ônibus diesel, fumarentos e não muito asseados. Na administração anterior a prefeita estava maluca para acabar com os tróleibus. Diziam que eram ultrapassados (???) e que quem gostava deles eram saudosistas. Pois bem, havia filas no Páteo do Colégio para andar nos tróleibus pelo dia inteiro. A prefeita não conseguiu acabar com eles, mas acabou com três linhas importantes. As outras, por causa de alguma pressão, foram mantidas. E precisamos convencer as ainda renitentes pessoas da atual Prefeitura que esse é o transporte que nos interessa. Se não dá para tê-los por toda a cidade, que se os tenham pelos maiores trajetos possíveis. Chega de barulho e de fumaça. Que nossos políticos ponham na cabeça que o negócio são ônibus elétricos e trens metropolitanos, mesmo. O resto é simplesmente o que sobra, pois é evidente que não se pode pôr tróleibus e trens em todas as ruas. Que lhes baixe a luz sobre suas cabeças, e que não ocorra o que aconteceu em Santos, Ribeirão Preto, Araraquara, Recife e várias outras cidades, onde os tróleibus foram nocauteados por pura ignorância”.

É interessante notar que na época o Prefeito já era o José Serra, que renunciou pouco depois para concorrer ao Governo do Estado. Mas, até onde eu saiba, nenhum tróleibus foi desativado depois da prefeita de nem-um-pouco-saudosa memória. Certamente não foi por causa do meu e-mail, mas ele deve ter ajudado alguma coisa se chegou a ser a ser publicado no jornal. Cidades como Niterói e Rio de Janeiro também tiveram os elétricos por algum tempo – pouco – e Santos ainda tem um – um!

Um dos comentários dos inimigos dos elétricos é que ele polui visualmente a visão aérea por causa de seus fios... concordo que o excesso de fios que existem na cidade contribui para enfeiá-la, mas ele é o único fio que não se pode enterrar... os outros podem (eletricidade, telefone, tv a cabo) ser enterrados e somente o foram na região da baixa Rebouças, partes do centro velho e na rua Oscar Freire. Dizem que é uma operação cara. Deve ser, mas gasta-se dinheiro com um monte de bobagens, por que não com o seu enterramento? Agora, cancelar tróleibus porque eles poluem visualmente e não pensar no conforto de não se ouvir barulho algum, ao contrário dos ônibus a diesel, é ser cego, mentiroso ou ter má vontade.

Aliás, é de se notar que na rua da Boa Vista, no centro velho, onde passam elétricos, há os postes antigos dos anos 1940 postos ali para segurarem os fios do tróleibus, que foram abandonados para que os fios fossem pendurados em outros postes mais novos. E os velhos, mais bonitos, ficaram ali sem serventia alguma. Isto também não é poluição visual?

5 comentários:

  1. Olá Sr. Ralph,
    Nunca mais vi aqueles trólebus antigos, arredondados (o design já futurista então) que vinham da Rua Augusta. Quando pequeno, minha mãe me levava para comprar botas numa loja chamada "Salva-pé", nessa rua - (1973?). Como íamos quase sempre no mesmo horário, (uma vez a cada seis meses), invariavelemente tomávamos o trólebus dirigido por um motorista albino; lembro-me disso como se fosse hoje. Abs.

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  2. O trólebus é um modal de transporte que poderia ser melhor explorado em São Paulo.

    Lá fora o trólebus evoluiu, com uma rede aérea mais leve e menos volumosa (diminuindo a poluição visual), com um sistema de baterias que alimentam o veículo (utilizado em locais onde os cabos não podem ser instalados), com cabos elétricos de alumínio (ao invés do caríssimo cobre), com hastes revestidas com kevlar que caem menos, etc.

    Quito, no Equador, possui um moderno sistema de trólebus (El Trole) de 18 km de extensão que chega a transportar 250 mil passageiros por dia!

    Modernos sistemas de trólebus poderiam ser (re)implantados em outras capitais, porém aqui no Brasil faltam políticos com alguma visão para a área dos transportes . . .

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  3. Até hoje eu tenho uma raiva enorme da Martaxa por esse motivo: acabou com os elétricos. Até 2002 eu morador de Santana ali na Voluntários por tempos prefiria vir do centro nesses trolebus antigos, saiam da Casper Libero.

    Lembro tb dos que subiam a Augusta, que saudades...

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  4. Agora aguente a fumaceira e o barulho dos que o substituiram - se é que foram substituidos...

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  5. Luiz carlos H. Manzione disse :
    Ralph , como nasci e cresci em Santos tenho ótimas lembranças do sistema de transportes da cidade. Os bondes principalmente. Implantados pelos ingleses no inicio do sec. XX serviram os santistas por m/menos 70 anos até serem derrotados por um general ignorante(prefeito nomeado) que cedeu ao lobby das cia. de onibus. Como informação : a rede de bondes de Santos guardadas as proporções das cidades era equivalente ao tamanho da rede de metro de Londres. Os velhos e bons administradores
    ingleses diziam que uma pessoa aonde quer que morasse não precisava caminhar mais de quatro quarteirões para encontrar uma linha de bonde
    e aborda-la.

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