sexta-feira, 9 de outubro de 2009

UMA TARDE EM UM CIRETRAN DA VIDA

Esta tarde fui a um Ciretran de uma cidade que não é São Paulo. Uma graça. Um funcionário para atender o público, o telefone e o chefe. Uma fila enorme numa cidade pequena. Há senhas, mas um monte de gente, dizendo que “é só uma perguntinha” ou “é só para entregar esta cópia xerox” fura a ordem das senhas. E a funcionária, em vez de manter a ordem, atende assim mesmo.

O mais engraçado foi o último caso, o do velhinho que se vira para o público que espera e diz “é só para entregar esta cópia xérox” e avança. A funcionária atende. E é aí que todos descobrem que ele é um caipirão, ignorante, ingênuo e... surdo. A cópia do documento que ele foi entregar não servia.

Não servia porque dizia que o carro era gasolina e gnv, e o senhor disse que “tirou o gnv”. E ainda por cima, que o carro era de inventário. Aí a funcionária disse que precisava mudar a documentação para dizer que era só gasolina. Mas como era de inventário, precisava de um advogado. E que o carro não podia rodar, senão a polícia iria apreender, levar para o pátio onde ele ficaria exposto ao sol e à chuva e ficaria enferrujando, pois quem poderia retirá-lo de lá já morreu.

O velhinho surdo não entendeu nada e voltou a fazer a mesma pergunta. Ela explicou de novo. Ele disse então que iria pôr o aparelho de gnv de novo, pois ele o tinha guardado. Ela disse que está bem, ele poderia pôr, mas mesmo assim não poderia rodar com o carro, pois teria de “desenrolar” o inventário.

O velhinho não entendia. Aí apareceu um outro senhor, muito simpático, que explicou tudo de novo e mais devagar para o velhinho, que não entendia nada enquanto não saía do balcão e a funcionária quando não estava tentando dizer para ele ir a um advogado, estava atendendo telefonemas e dizendo que ela não podia passar informações por telefone porque o local estava lotado de gente e ela não dava conta.

Quando ele finalmente se convenceu de ir embora, a funcionária pediu para ele esperar que viria uma terceira pessoa para falar com ele. Ele não entendeu. Ela repetiu: “o senhor aguarde aí sentado, que a fulana vem falar com o senhor”. Parece que desta vez a coisa foi.

Aí eu fui atendido. Foram 2 minutos só – mas no meio da conversa, o telefone tocou e ela atendeu e perdeu mais um minuto.

Burrocracia (com rr, sim) e desorganização bem típica de CIRETRANs, DETRANs etc. E tanto faz a cidade: parece que nunca vai acabar.

E o velhinho surdo vai ficar a pé por muito tempo.

4 comentários:

  1. Olá Sr. Ralph.

    Já fui caixa de banco. Em banco tem dessas coisas. Muita gente não queria "pegar" fila, ou "bixa" em Portugal: "É só uma perguntinha", "é só isso ou aquilo", etc. Então eu falava: "Quem não quer pegar fila, faz uma fila aqui ao lado".

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  2. Eu acho que desde que v. se manque, não há problema, ou seja, se v. acha que sua pergunta é curta e gera uma resposta curta, tipo "qual o horario de funcionamento", que aliás era uma das perguntas que eu precisava fazer, tudo bem. O problema é que se o caixa começa a enrolar na resposta ou v. mesmo põe mais uma, isso já sim começa a atrapalhar. Então não ponha uma nova pergunta ou agradeça e caia fora se seu interlocutor começar a enrolar. Mas o cara era surdo!!!!

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  3. Infelizmente, os funcionários do Detran/SP são mal remunerados e com precarias condições de trabalho.Salário de R$710,00 mensais!!!

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  4. Meu carro tem chapa de São Paulo e moro em São Sebastião. Quando fui renovar a licença através do CIRETRTAN de lá, o encarregado me perguntou por que eu não tranferia as placas para São Sebastião. Respondi que em São Paulo eu não precisava tirar cópia da identidade, nem do documento do veículo, nem abrir uma pasta para requerimento, nem esperar dois dias para o delegado assinar o novo documento de licenciamento. Este ano, no penúltimo dia do prazo licenciei no DETRAN da Av. do Estado (São Paulo) em menos de 5 minutos, sem exagero.

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