quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AS CHAMAS DO DRAGÃO

Só prédios junto ao rio Pinheiros... os barquinhos com "pessoas" são na verdade de plástico, em protesto contra a poluição do rio
Provavelmente já descarreguei aqui neste blog a minha ira contra o crescimento absurdo da cidade de São Paulo. Hoje cedo, porém, ouvindo rádio, um comentário me fez outra vez pensar na insanidade que é a manutenção do crescimento da cidade.

Dois “ouvintes repórteres” de uma rádio comentavam que a via Anhanguera e a via dos Bandeirantes, que chegam ambas de Campinas e além, descarregando seus automóveis, ônibus e caminhões na Marginal do Tietê, estavam “totalmente paradas” desde cerca de 5 quilômetros antes da junção com a Marginal.

Ora, a Anhanguera teve há poucos meses aberta a nova ponte que cruza o rio no seu encontro com a cidade. A Bandeirantes já há anos tem uma saída decente e direta nas duas postas da Marginal, uma de cada lado do rio. Os congestionamentos existem também há anos. Ou seja, construir as novas pontes na Anhanguera não adiantou nada. Claro que não. O problema não é ela – é a Marginal que não comporta o transito.

Enquanto isso, a Castelo Branco está tendo uma nova saída construída na junção com a Marginal do Tietê, sentido Penha. Também não vai adiantar. O problema não é ela – é a Marginal que não comporta o trânsito (sim, repeti a frase do parágrafo anterior).

A Marginal do Tietê, por sua vez, está em obras para aumentar suas pistas. Vai adiantar? No meu parecer de leigo, pouco. A solução para tudo isto é: pare de crescer, São Paulo. Pare de construir enormes prédios de apartamentos e escritórios. Deixe para reformar os galpões, casas e prédios de apartamento e escritórios antigos que já existem, muitos deles vazios.

Os erros vêm de longe: inúmeros prédios de apartamentos e de escritórios construídos sem vagas para automóveis ou com vagas insuficientes. Os carros então param nas ruas ou em estacionamentos particulares de preços verdadeiramente absurdos e aumentando sempre. E mais: os prédios novos têm realmente vagas para todo mundo. Mas são enormes e descarregam carros nos horários de pico como chamas saindo das ventas de um dragão medieval. Não há espaço para eles, e os congestionamentos se formam.

Leis de zoneamento e planos diretores para a cidade são feitos desde os anos 1970. De nada ou pouco adiantam, pois uma lei de zoneamento e um plano diretor são feitos para serem eternos, com modificações pontuais se realmente e muito necessárias. Entretanto, em São Paulo, cada vez que se completa a capacidade (que não é pequena) de construções de edifícios em um bairro, a solução é... mudar o plano diretor e aumentar o número permitido. Não dá. Não podemos continuar aceitando passivamente curvar-nos ante uma minoria prejudicando uma imensa maioria.

Temos de acordar antes que o caos... não, esse já veio. Melhor: antes que o apocalipse paulistano venha.

2 comentários:

  1. O problema é o modelo de transporte paulistano que privilegia os automóveis em detrimento aos ônibus e o metrô. Porque ao invés de abrir mais pistas na marginal, nao se constrói um ramal da CPTM?

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