sábado, 10 de outubro de 2009

AMADOR BUENO NUNCA MAIS?

O "Pomarola" em Amador Bueno, fotografado após nosso desembarque hoje

Há alguns dias chegou um anúncio extra-oficial de que hoje seria o último dia de viagem do trem da CPTM que faz com os velhos Toshibas da Sorocabana o trecho Itapevi-Amador Bueno (eletrificado, bitola métrica). Como eu jamais havia tomado esse “trem de luxo”, resolvi aproveitar o sábado para nele andar, confirmando-se a notícia ou não. Perguntamos ao maquinista: ele diz que nada foi confirmado nesse sentido.

Na visita e viagem acompanharam-me dois outros fanáticos que vieram desde Santo André fazendo baldeação na Luz e me esperando na estação de Itapevi às 10:30. Como moro relativamente próximo à linha, fui-me encontrar direto com eles lá, deixando meu carro num estacionamento no centro de Itapevi.

Chegamos e tomamos o primeiro trem, que sairia uns cinco minutos depois que eu cheguei. Era um com a pintura vermelha, apelidado de Pomarola. Foram 20 minutos de viagem até a estação de Amador Bueno, na única linha da CPTM que ainda resta em bitola métrica.

O trem parte e no início do percurso, até chegar a Santa Rita, a paisagem ainda pode ser chamada basicamente de urbana. A estação consta de plataformas sem coberturas, todas pichadas. Como não há bilheterias (pode-se embarcar nas quatro estações do trecho sem pagar), também a estação não é cercada.

Após deixar Santa Rita, uma das portas não se fecha (ela estava fechada durante a viagem até a primeira estação). Passamos a acompanhar a viagem dali, em pé em frente à porta, pois os vidros das janelas estavam riscados demais. O percurso entre Santa Rita e Cimenrita é mais curto que os outros. Em Cimenrita, outra estação sem cobertura nas plataformas, pode-se “admirar” os restos mortais da antiga fábrica de cimento Santa Rita, por muito tempo a segunda maior fábrica do Brasil e desativada há anos. Foi finalmente implodida há poucos meses.

Dá para ver do lado direito da linha o rio São João, praticamente um córrego, corcoveando ao lado da linha. Estreito, ele começa em São João Novo, estação que já há mais de dez anos o trem da CPTM não alcança, e deságua no rio Cotia, quase junto com o deságue deste no Tietê, depois de passar pelo centro da cidade de Barueri, onde está canalizado.

A paisagem é praticamente toda rural, dos dois lados da linha. Pode-se ver, numa das pouquíssimas casinhas próximas à linha, um lavrador mexendo na terra ao lado das diversas bananeiras ao largo do rio. Bem bucólico, mesmo. Mais um pouco e o trem para na 3ª estação, Ambuitá. O nome desta estação foi formado há anos pela combinação da estação posterior, Amador Bueno, e o da de Itapevi (não existiam ainda as duas estações intermediárias).

O trem com três carros (composição padrão desde os primórdios do Toshiba na Sorocabana, em 1957) está quase vazio. No nosso carro, apenas cinco pessoas, contando conosco. Afinal, é sábado. A meio caminho de Amador Bueno, uma casa ferroviária típica, linda, anos 1930, à beira da linha. Ainda é habitada.

Finalmente o trem chega a Amador Bueno. Todos descem e depois de cinco minutos o trem parte de volta. Ficamos por lá cerca de meia hora, observando sinaleiras abandonadas, um vagão-gaiola e um vagão descarregando placas de MDF (devia ser algum problema com o vagão, pois não há descarregamento desse material ali). Um trem da ALL aguarda ordem para prosseguir no sentido interior.

O trem que chega e nos trará de volta é um todo pichado: na verdade, a pintura dele é a pichação. Arte popular, dizem. Lixo e falta de educação, digo eu. Um passageiro tenta embarcar com a bicicleta; os guardas da estação fazem-no descer com ela. Seguimos para Ambuitá. Fotografo a tal casa ferroviária. Quando chegamos a Ambuitá, o mesmo rapaz com a bicicleta está esperando: ele entra no trem, ali não há guardas. E a conclusão de que viajando de bicicleta se anda mais rápido que com o Toshiba da CPTM.

Paramos em Cimenrita, em Santa Rita e chegamos a Itapevi. Pronto, dever cumprido: agora o trem pode acabar. As notícias são que a bitola será alargada até Amador Bueno e dentro de algum tempo a CPTM fará o percurso Julio Prestes-Amador Bueno direto, sem baldeação. Se isso é verdade, somente o tempo dirá. Espero que sim. De qualquer forma, no trecho dá para ver que colocar duas linhas de bitola larga não vai ser tão simples, há obras pesadas para se fazer. Vimos dormentes novos ao longo de alguns trechos da linha e colocação de muros na região de Santa Rita, além de as plataformas da estação de Itapevi estarem em obras. Sinal de que a reforma já começou? Vamos aguardar... Terá sido hoje o último dia do trem, realmente?

8 comentários:

  1. Opiniões a parte, o Toshiba não pode acabar agora, ainda não me despedi dele! Só falta arranjar algum final de semana livre!

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  2. Bom, já sei que não acabou, hoje rodou. Mas será uma questão de dias ou os planos foram completamente alterados? Particularmente, eu acho que se for para parar e restaurar a linha voltando com bitola larga e trem bom, ok! Mas se for para parar, prometer e jamais voltar, aí deixa o que está - se bem que é uma péssima propaganda para a boa CPTM.

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  3. Pelo que eu fiquei sabendo, a intenção é rodar com os franceses mesmo, até Amador. Ainda assim, por conta da demanda, não serão todos, a maioria continuará indo somente até Itapevi.

    Eu mesmo achei muito estranho a notícia de que eles acabariam dia 10, pois aí deduz-se que não haveria transporte até a conclusão dessas obras, o que ficaria muito ruim para a imagem da CPTM.

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  4. Há tantos boatos sobre a extinção desse trecho já há uns 2-3 anos que eu preferi não arriscar e fazer uma viagem nela, coisa que não havia feito ainda. Mas tem uma coisa: para rebitolar (e duplicar) a linha em bitola larga eles vão ter de para-la. Há trechos e cortes dificeis ali para serem feitos com o trem rodando.

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  5. olá, achei bem legal o blog, por aqui em itapevi as más linguas dizem que não haverá as estações cemirita e ambuitá

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  6. Eu não tive oportunidade de andar no toshima mas eu queria andar

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