quinta-feira, 10 de março de 2011

FOGO NOS TRILHOS

Auto de linha da antiga RFFSA incendiado por vândalos nos últimos dias em Miguel Pereira, RJ - foto AFPF - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária
Incêndios em instalaçoes ferroviárias não são incomuns. Porém, nos últimos anos, eles se tornaram até curiosos: afinal, se incêndios vários existiram nos primórdios das ferrovias por causa das fagulhas soltas pelas locomotivas a vapor (e outras causas também, claro), como temos notícias de tantos deles nos tempos em que as ferrovias estão tão abandonadas?
O incêndio na cabina de controle e em vagões no pátio de Itirapina, em 1/5/2001 (Foto Wilson DeSantis)
É fácil: o próprio governo federal, dono ainda da maioria dos edifícios das estradas de ferro não cuida deles. Vejam o texto de ontem sobre as subestações, por exemplo. Incêndios relativamente recentes em estações e outros imóveis ao lado das ferrovias dos quais me lembro doram o da estação de Adamantina, da ex-Cia. Paulista, em 2000, o da de Dois Córregos, em 2001; o da estação de Barra Mansa, na primeira metade dos anos 1980; o do pátio de Itirapina, em 2001 (que não pegou a estação em si); o dos carros de passageiros abandonados em Presidente Altino, no ano retrasado; e agora, o de um auto de linha que era utilizado eventualmente como pequenos passeios na abandonada linha Auxiliar na região urbana de Miguel Pereira, RJ.

Praticamente todos esses incêndios foram consequência de desleixo ou de atos de vandalismo em edifícios abandonados. O de Miguel Pereira, há poucos dias, não estava abandonado, mas sua guarda, por preservacionistas, não era contínua, infelizmente. Este foi, quase que certamente, consequência de vandalismo. A estação de Adamantina era de madeira. Queimou fácil: sobraram somente a cobertura das plataformas e um banheiro que ficava separado do prédio de 50 anos de idade e muito bonito, num estilo próprio da velha e tradicional Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Bombeiros combatem o incêndio na estação abandonada de Barra Mansa nos anos 1980. Hoje, 30 anos depois, o prédio foi recuperado (http://ccestacaodasartes.blogspot.com)
Quem ler este artigo e costuma acompanhar o que acontece nas ferrovias brasileiras atualmente ou em sua história vai se lembrar de diversos outros incêndios. Explosões de caldeiras de locomotivas a vapor eram frequentes no passado. Em Cerquilho, linha da Sorocabana, no ano de 1948, vagões com explosivos causaram danos a todo o pátio depois de uma explosão. E um dado curioso: um aeroplano que seria utilizado para vôos de reconhecimento (pelo menos, era o que se dizia) na revolta do Contestado, no início de 1915, pegou fogo sobre um vagão, em Barra Mansa, no Rio, quando era transportado do Rio de Janeiro para União da Vitória, no Paraná. Dois aviões, mesmo assim, prestaram serviço nessa guerra: um deles caiu e matou seu piloto, em março daquele ano, o Tenente Kirk.

4 comentários:

  1. Ralph, covardes estão por todos os lados!!!!!!

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  2. Ralph,

    Cabem alguns pontos de atenção sobre o seu texto.

    1-O auto de linha operava regularmente um par de trens semanal num trajeto de 4Km em cada sentido da via.
    2-O veículo era vigiado, sua guarda era feita numa seção da linha posicionada em frente a casa de um dos responsáveis pela operação e cercada por outras 2 residências, numa área iluminada e urbanizada.
    3-Me envolvi diretamente com esse projeto, não acredito ser ato de vandalismo, não foi a primeira tentativa de incêndio a acontecer com esse equipamento. É mais provável uma sabotagem, há iteresses políticos na região contrários a retomada do trem, inclusive a operação era restrita a um determinado trecho justamente para evitar atrito com a prefeitura de Miguel Pereira.
    4-Incêndios em ferrovias preservacionistas são comuns não por desleixo, lembre-se que a ABPF também já foi vítima de inc~êndios em seu acervo, eu não considero a ABPF desleixada com seu material.
    É minha visão sobre o assunto, não é a postura oficial da AFPF.

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  3. Teve a locomotiva a vapor (de 1879!) de Paraguaçu Paulista, incendiada em 1º de Janeiro de 2009, quando tinha acabado de ser restaurada. O vandalismo e a covardia parece que adoram as ferrovias.

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  4. Sou morador de Miguel Pereira e esse trenzinho que você pode observar foi reformado pela associação de turismo da cidade.
    Abraço

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