terça-feira, 29 de março de 2011

HERÓIS

Apesar de ser herói, Caxias só valeu dois cruzeiros em 1943
Pois é, outro dia li algo afirmando que Ayrton Senna foi um herói. Foi mesmo? Afinal, o que é um herói? É claro que isso pode variar de pessoa para pessoa, mas, para mim, chamar Senna de herói não tem sentido algum. E não vai desmerecimento meu algum a ele nisso. Senna foi um sujeito que se deu bem na vida, ganhando muito dinheiro para dirigir automóveis de corrida - coisa que fazia muito bem. Foi uma pessoa competente nas suas ações e no seu trabalho. Morreu num acidente, coisa infelizmente muito comum de acontecer em corridas cuja velocidade está ao redor de 300 quilômetros horários.

Jogadores de futebol - vários deles - são muitas vezes chamados de heróis. Tanto como Senna, são pessoas que se deram bem jogando futebol. Sabem e sabiam fazê-lo bem e conseguiram ganhar muito dinheiro com isso. É verdade que alguns, nem tanto, mas isso depende de como o sujeito sabe aplicar o dinheiro que ganha.

Herói, para mim, é a pessoa que arrisca a vida defendendo algo em que acredita sem esperar remuneração por isso. Geralmente, acredita numa pátria ou em um ideal. Que faça algo que beneficie muito mais do que a ele próprio. Pode estar lutando por sua família ou por seu povo. Ou por sua nação.

Heróis são os pracinhas que foram lutar na Itália sem treinamento algum nos anos 1940. São os revolucionários que deixaram suas famílias em suas casas para lutar por São Paulo em 1932, sem saber que era uma guerra perdida desde o início. Heróis são aquelas pessoas que durante uma catástrofe - inundações, incêndios, terremotos, tsunamis - correm para salvar quantas pessoas puderem no meio de fogo, água, detritos e lama, simplesmente para salvar vidas.

Jogadores de futebol não são heróis nem quando defendem a seleção nacional. Ganham para isso. Visam jogar na seleção apenas para ganhar mais dinheiro e ficarem mais valorizados com isso. Não há nada de errado nisso. Nem com Senna, que ficou rico por dirigir muito bem. Afinal, há que se valorizar a ambição de cada pessoa. Menos herói quem deixa o país para ganhar mais fora dele, fugindo de seus problemas no país natal - mas, no fundo, quem pode culpar pessoas por quererem melhorar de vida, ou por preferirem morar em um local diferente do local em que nasceram?

Chega de chamar de heróis pessoas que, apenas por morrerem, tornam-se heróis. Todos que morrem são bajulados, são as melhores pessoas do mundo. Por outro lado, muitos dos heróis, principalmente os brasileiros, são denegridos depois de serem idolatrados, porque começam a vasculhar seus defeitos. Ora, quem não os têm?

Heróis têm defeitos, mas são heróis por algo específico que fizeram e que levou à salvação de muita gente, de ideais, da pátria. O Duque de Caxias lutou na Guerra do Paraguai; não ficou num escritório burocrático na Corte, deu a cara para os inimigos, ao lado dos soldados que lá estavam. Todos heróis. Muitos, naquela época, talvez nem soubessem o que ou por que estavam lutando. Mas foram. Na marra, mas foram. Lutaram para não morrer, no mínimo. Caxias tinha defeitos? Com certeza, muitos. Mas foi um herói. Um dos muitos que, hoje em dia, mal são respeitados.

E não se pode confundir profissionais bem-sucedidos com heróis de verdade.

2 comentários:

  1. Bom dia ralph,
    Muito bem colocado...
    O absurdo extremo disto são os "herois do BBB" como o Bial os chama. Mas pelo baixo ibope do programinha, acredito que o povo começa a entender e artigos como este seu, devem ter aceitação cada vez maior.
    Foi muito conveniente este seu post.

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  2. Concordo plenamente com as suas considerações e as do Dario . Especialmente em um momento em que só falta se pedir santificação para o falecido ex vice presidente. O povão adora ir atráz da conversa mole da mídia rastaquera.

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