segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CEM ANOS ATRÁS

À direita, o rio do Peixe. À esquerda, o rio Uruguai. Do outro lado do Uruguai, Marcelino Ramos, cidade ainda tão pequena que não aparece nesta foto. Nesta foz do primeiro no segundo, a linha da E. F. São Paulo-Rio Grande já estava pronta em meados de 1910, aguardando a ponte sobre o Uruguai, que seria construída em madeira de forma provisória e inaugurada em dezembro do mesmo ano, ligando São Paulo e Rio de Janeiro a Porto Alegre e ao Uruguai por ferrovia.

Há cem anos atrás, o Brasil era muito diferente do que é hoje. Vamos nos concentrar em um tema que conheço bem: ferrovias. Hoje, quantas se constroem? A Norte-Sul, em Tocantins e em Goiás, e só. O leito da Transnordestina, na região entre o sul do Ceará e o oeste de Pernambuco, vai avançando a passos de tartaruga, atrasadíssima.

Em 1910, a Mogiana estava colocando para rodar o ramal de Jataí, o ramal de Cajuru e o ramal de Cravinhos. A Paulista, o ramal de Bauru. A Sorocabana estava construindo a oeste de Ourinhos, desbravando a selva virgem paulista. Virgem, senhores!!! Há cem anos atrás!! A Araraquarense avançava para lá de Catanduva, buscando chegar a São José do Rio Preto. A São Paulo-Minas chegava a São Sebastião do Paraíso. A E. F. do Dourado, a Ibitinga e começava outros ramais em busca de Jaú. A Noroeste do Brasil atingia o rio Paraná.

Em Santa Catarina, a E. F. São Paulo-Rio Grande avançava no sentido do rio Uruguai, prestes a construir em suas margens a ponte de Marcelino Ramos, ainda provisória, de madeira (a metálica seria inaugurada em 1913). No Rio Grande do Sul, a linha acabava de chegar a Caxias do Sul. Em Minas Gerais, a E. F. Oeste de Minas chegava a Betim e atacava outras linhas também. A Central do Brasil chegava a Pirapora, no rio São Francisco. E tinha a Madeira-Mamoré, avançando apesar de seus dramas.

Em 1910, essas não eram todas as obras de ferrovias. Havia mais, por todo o país, que não vou relacionar aqui, mas que poderiam ser. Era um frenesi, quase todos os dias inaugrações de ferrovias novas. Políticos para cá e para lá.

Vão dizer alguns que muitas eram mal construídas. E têm razão. Os motivos eram vários, mas os objetivos eram a acolonização, a integração do país. Isso sucedeu na Naoroeste, na São Paulo-Rio Grande, principalmente. Por causa dessa "mal-traçadas linhas", o desenvolvimento veio bem mais rápido para essas regiões.

Dirão outros que esse avanço nas matas - onde se formaram inúmeras cidades nas selvas do oeste catarinense e paulista por causa do trem de ferro - foi um desastre para a ecologia e para o êxodo rural (embora, no início, este processo tivesse sido invertido). Foi, realmente - mas há escolha, felizmente ou infelizmente? É um dilema do qual jamais teremos a resposta; a resposta para o que seria pior.

Em 1910, as ferrovias impulsionavam o desenvolvimento sem a burocracia de hoje. E mais: se todas as concessões dadas e pedidas nessa época tivessem se tornado ferrovias operacionais, a integração teria sido mais rápida ainda.

Hoje, cem anos depois, as ferrovias continuam sendo uma necessidade para o País, já devastado de boa parte de suas aintigas florestas, mas a burocracia, a desorganização e a corrupção fazem com que isso seja retardadíssimo. Aqui, o país regrediu. Este artigo pode ser estendido à exaustão. Foi escrito muito rápido e extremamente resumido, mas pode dar margem a muita interpretação e opiniões...

4 comentários:

  1. Não nos esqueçamos que amanhã é o centenário de um dos principais clubes do futebol brasileiro. Parabéns, NOROESTE DE BAURU!

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  2. Belo mapa de 1880 com as ferrovias de SP, RJ e MG:

    http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart219200/cart219200.html

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    1. Curioso é que o mapa diz ser de "todas as estradas de ferro das províncias de RJ, SP e Minas" mas não mostra a primeira estrada do Brasil que é a de Petrópolis. Num mapa de 1885 ela aparece:

      http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart291395/cart291395.jpg

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