A placa na estação de Evangelista de Souza. Errada há pelo menos 35 anos. Foto minha, hoje
E hoje estive em Evangelista de Souza, finalmente. Esse local, talvez o povoado mais longínquo do centro da cidade de São Paulo e ainda dentro do município, fica a uns sete quilômetros de Engenheiro Marsilac, este sempre (bom, sempre é exagero) citado nos jornais. Fica dentro da APA Capivari-Monos e está, teoricamente, salvo de construções, favelas etc.
Na verdade, em Evangelista de Souza não mora ninguém. Ninguém que eu tenha visto morando, pelo menos. Basicamente, é apenas uma estação de trem com a vila ferroviária em volta, todas construções dde meados dos anos 1930, quando a Sorocabana passou sua linha por ali, ligando Mairinque a Santos. Houve trens de passageiros para Evangelista de Souza desde essa época e eles duraram até o final de 1997. A vila, que até o início dos anos 1990 tinha seus moradores, morreu de vez.
O prédio da estação é utilizado como escritório da turma de via da ALL. Chegam de manhã e vão embora à tarde. Um funcionário dá plantão durante o turno de trabalho. O resto sai para manter a linha num determinado trecho em volta da estação (um quilômetro, dito por um deles). Até que o prédio não está tão mal assim, mas a plataforma de embarque é coberta com telhas de amianto - originalmente, eram telhas de barro - e a estrutura de madeira não inspira muita confiança.
Na placa que indica a posição da estação, posicionada na plataforma em posição bem visível, vê-se que desde os tempos de FEPASA não é trocada. Pode não fazer diferença hoje, mas nos tempos do trem de passageiros fazia. Nela está escrito que a estação seguinte é Engenheiro Ferraz (estava correto), mas a anterior era Barragem - que ficava na linha de Jurubatuba, hoje abandonada no trecho que a CPTM usa (de São Paulo a Varginha) e a estação de Evangelista. Nos anos 1960-70, a linha principal não era considerada a que seguia para Mairinque, mas sim a que ia para Pinheiros. Desde 1976, no entanto, isso já não se confirma. Portanto, a informação errada e não corrigida vem dessa época.
Saindo da estação no sentido Marsilac, há algumas casas da vila ferroviária, aparentemente vazias. Uma está em ruínas. Há uma de madeira. Uns 200 metros antes da estação, a chegada da linha de Jurubatuba hoje está abandonada: poucos trilhos de bitola métrica ainda são vistos no leito e enterrados, enquanto uma boa parte já foi arrancada. No pátio da estação, um enorme cargueiro cheio de soja e milho aguardava autorização para descer para Santos e não conseguia. Ficamos uma hora lá, ele fez muito barulho, mas não mudou de lugar.
Enfim, uma cidade-fantasma. Muito lixo em volta. É verdade que não há uma lixeira ali, mas isso não é desculpa. Restos de tudo que se possa imaginar está tudo atrás do muro da plataforma, entre ele e o barranco atrás. Do outro lado da linha, em frente à estação, enormes buracos causados pela água - provavelmente desde as fortíssimas chuvas de janeiro - já deixam dois desvios pendurados e ameaçam as duas linhas principais. A concessionária não parece se importar muito.
O caminho de acesso por carro, de Marsilac para Evangelista (que muita gente chama de Engenheiro Evangelista, um absurdo, pois Evangelista de Souza era o Barão de Mauá, que jamais foi engenheiro) é de terra, em alguns trechos não muito bem mantido, mas dá para ir, desde que não seja período de chuvas, como não está sendo hoje. A meio caminho da estação, vindo de Marsilac, na passagem de nível sobre os trilhos, quatro crianças esperavam pelo ônibus escolar (do Governo do Estado, segundo a placa nele). Elas foram filmadas com a mochila nas costas embarcando no ônibus, numa cena rural maravilhosa.
Nesse período, apenas um trem passou, além de um mini-comboio com duas locomotivas e um vagão vazio. Foi um da Votorantim Celulose, em bitola métrica. O grande estava no pátio esperando. Para nós, entre ida e volta, cinco horas de carro...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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Era um lugar a que eu gostaria de ir. Você nem me avisou... :(
ResponderExcluir...pois é, também não avisou os amigos!!
ResponderExcluirDiga ao menos qual foi o trajeto até lá. 4 x 4 dá conta da bagaça??
Estive em Evangelista numa viagem ferroviária "filha única de mãe solteira" há oito anos atrás, num literal bate-e-volta. Depois disso, "Thus quoth the raven, nevermore!".
Um Fiat Uno dá conta hoje também. A estrada está transitável, principalmente em tempo seco como agora.
ResponderExcluirRalph, a estrada que corre junto ao leito ferroviário entre o centro de Engenheiro Marsilac à Evangelista de Souza é comumente chamada de "Estrada Engenheiro à Evangelista", está inclusive em mapas da EMPLASA, mas os populares em sua simplicidade dizem apenas da forma como você mencionou.
ResponderExcluirCansei de fazer a pé o caminho Barragem-Evangelista. As cachoeiras são magnificas!!!
Tive o prazer de ir na EFS esse fim de semana, a estação de Evangelista de Souza continua na mesma situação descrita acima, a estação de Engenheiro Ferraz está na mesma situação da foto de 2007 do site estações ferroviárias, a estação Pai Matias foi totalmente reformada e fizeram alguns "puxadinhos" e a estação de Acaraú tabém continua na mesma situação de 2007.
ResponderExcluirA linha está razoavelmente bem cuidada, e muito movimentada. Vi apenas uma composição de bitola metrica passando que aparentemente era de cimento, o resto foi tudo bitola 1,60 e foram muitas e enormes, a maioria sendo puxada pelas locomotivas da Rumo Logistica (Grupo Cosan).