terça-feira, 3 de agosto de 2010

DE PINHEIROS A RIBEIRÃO PIRES DE TREM

O "quiosque" de Ribeirão Pires em construção (hoje, vi-o quase pronto) e, atrás, a bela passarela e a velha estação (só dá para ver uma pontinha dela, à esquerda da foto). O quiosque está na frente da visão de quem olha da rua do Comercio. Foto Arnaldo Boaventura há alguns dias.

Bom, hoje à tarde fui de Pinheiros a Ribeirão Pires de trem, ou seja, Metrô + CPTM. Linha 4 tomada na estação Faria Lima (que fica no cruzamento da rua Teodoro Sampaio com a rua dos Pinheiros), a seguir desci na estação Paulista, fui a pé (com auxílio da esteira rolante) por baixo da terra até a estação Consolação, onde peguei a linha 2 até a estação Paraíso, dali pela linha 1 até a estação Luz do metrô, desta fui a pé (também por baixo da terra) até a velha estação da Luz, onde tomei o trem da CPTM para a estação de Ribeirão Pires. Tempo gasto: 90 minutos.

Desci em Ribeirão Pires com um fog londrino: a velha garoa que não mais existe na Capital sobrevive ali. Garoa fininha, fria, dia nublado. A viagem para lá de trem foi inédita para mim: pela CPTM, jamais havia ido. A última vez tinha sido em 1980, pela Santos-Jundiaí, então já incorporada pela Rede Ferroviária.

Fiquei reparando nos detalhes: muitos viadutos, pontes sobre córregos, duas travessias sobre o rio Tamanduateí (uma no Pari e outra próxima à avenida das Juntas Provisórias), o metrô da linha 2 passando sobre a linha na estação Tamanduateí - trecho ainda a ser inaugurado - algumas (pouquíssimas) casas velhas da ferrovia ao longo da linha, e, no Ipiranga, postes de ferro já sem fiação mas que mantêm os isoladores brancos de cerâmica.

Durante boa parte do trecho o que mais se vê são armazéns dando fundos para a linha. Todos antigos, muitos abandonados. Nenhum deles com desvios ativos. Aliás, havia desvios sendo retirados na região entre as estações de Santo André e de Capuava. Aparência de zona rural mesmo, só um trecho curto próximo a Ribeirão Pires.

Na cidade, uma estação bem antiga, mais que centenária e funcionando. Recém tombada pelo CONDEPHAAT, que se vê agora com um problema: a luta de várias entidades da cidade contra obras da Prefeitura que descaracterizam o velho pátio ferroviário. O prefeito teve a cara-de-pau e o mau gosto de construir um prédio térreo, com diversas entradas de lojas (as pessoas o chamam de "quiosques"), entre a estação e a boca da rua do Comércio, a rua mais velha da cidade e pela qual se chegava à estação. Ou seja, quem vem com ela hoje perdeu a visão da estação. Pior: ali deve ser instalado um Habib´s. Para piorar somente mais um pouco, ali existia um jardim público, utilizado para uma construção que deve ser comercial.

Têm ampla razão as entidades em reclamarem. O CONDEPHAAT está sendo chamado a intervir, mas não vai ser fácil consertar o estrago. Fora isso, uma estação rodoviária imensa, também próxima à estação e quase sobre o antigo armazém da ferrovia (que hoje é ocupado pela Guarda Civil), contribui para enfeiar o ambiente.

Ribeirão Pires tem, ainda, uma particularidade: praticamente não tem prédios de apartamentos ou escritórios: a lei dos mananciais proibia essas cosntruções. Ou melhor, proibia - as entidades preservacionistas estão em polvorosa, pois ela acaba de ser abrandada - parece que vai ser possível a construção de prédios de até 8 andares.

Realmente, é muito fácil acabar com uma cidade. O difícil é arrumá-la. Deus salve o Brasil.

13 comentários:

  1. Os desvios entre Santo André e Capuava estão sendo "construídos", são novos.

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  2. É, realmente, em um curtíssimo trecho (50 metros?) havia dormentes novos alinhados, era o único sinal de construção de um novo. Os dormentes retirados e empilhados estavam completamente podres. Havia, no entanto, muitos trilhos arrancados - não sei se podem ser reusados.

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    1. Na verdade é um tramo longo se parar pra pensar. Pega o armazém abandonado da antiga AGEF (Armazens Gerais Ferroviários) e fica umas 7 linhas (3 visíveis e 4 cobertas pelo mato e soterradas que se estendem até a fábrica ativa de cimento e depois segue em linha conjunta com a CPTM e só faz um novo desvio próximo a estação Capuava abaixo do viaduto de acesso ao rodoanel (pouco antes da extinta passagem de nível)

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  3. Tenho a maior vontade de pegar os trens periféricos da cidade, conhecer esses caminhos. Projeto para 2012... E os trens da CPTM, estavam funcionando bem? Como foi o retorno? Você foi a passeio investigativo ou a trabalho. Repara não, sou perguntão. Abraço!

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  4. Fui a convite de um amigo conhecer as barbaridades feitas em Ribeirão Pires pelo prefeito. A volta foi igual, sem problemas - exceto pelo trecho da linha 4, que às 5 já não funciona, e então peguei o corredor de onibus na Rebouças para voltar ao escritório. Os trens da CPTM não dão problema, é raro. A CPTM vai bem, graças a Deus.

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  5. Espero que consigam demolir essas contruções atuais e todo o pátio ferroviário volte a ter as características originais.Como mencionei uma outra vez,eu achei um milagre o armazém ainda estar de pé,o novo terminal quase que passou por cima dele,e o velho terminal rodoviário está lá quase em frente,era mais funcional do que o atual.Gostaria que o próximo prefeito tivesse um pouco de respeito pela história da cidade.

    Clayton Roberto-Ribeirão Pires-SP

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  6. Teria sido mais rápido não descer na Paraíso e seguir pela Linha 4 até o Sacomã, e dali pegar a Ponte Orca até a estação Tamanduateí. Só que aí não passaria pela Luz (e por sua baldeação precária) e pelo trecho que engloba o Brás e a Mooca.

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  7. Ralph, duas pequenas correções no teu texto. Da Consolação até o Paraíso é a linha 2. E em cima da estação Tamanduateí não é a linha 5, é também a linha 2 do metrô. Essa linha eu conheço porque uso quase todos os dias, mas é comum eu me perder nos números dessas linhas, e quando falam em cor então, fico mais perdido ainda... Abraços!

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  8. Ralph , o pior de tudo é a instalação de um Habib's por lá.

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  9. Deus salve o Brasil mesmo, porque acho que as outras alternativas todas já foram usadas. Aqui em Araguari, no Triângulo Mineiro, o prefeito atual está se lixando para a ferrovia e continua devastando o pátio ferroviário tombado pelo município e pelo estado de Minas Gerais. Não consigo ajuda do Ministério Público, mas estou colecionando as cartas que envio a eles. Serão acusados de prevaricação. Essa madrugada furtaram mais peças do pátio. Os furtos estão generalizados depois que uma rua desnecessária foi aberta.
    Parece o caso de Ribeirão Pires: vão esperar devastar bastante para alguém enxergar que não deviam ter feito.

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  10. Ralph, uma pequena correção do chato aqui. Você afirmou que "...A última vez tinha sido em 1980, pela Santos-Jundiaí, então já incorporada pela Fepasa...". A Santos-Jundiaí foi incorporada em 1957 pela RFFSA, ela nunca fez parte da Fepasa.

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  11. Saco! Estou mesmo ficando gagá. Vou corrigir no texto, de novo... obrigado

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