Estação de Bento Quirino - foto de Ely Roberto de Oliveira Jr. em 2001
Hoje soube de uma história bem pitoresca lá no interior.
A Prefeitura de São Simão resolveu reformar a antiga estação ferroviária de Bento Quirino, desativada em 1971, para criar um museu ferroviário. Para isso, solicitou ao DNIT - um dos responsáveis (entre vários) pelo material ferroviário da antiga FEPASA, incorporada pela falida e extinta RFFSA em 1998, a cessão do material que se encontrava guardado na estação de Barracão, em Ribeirão Preto, esta desativada também e desde os anos 1990.
Vai daí, o DNIT teria autorizado. A Prefeitura foi lá e pegou o material, levando-o para Bento Quirino para arrumar e abrir o museu. No meio do caminho, o Ministério Público e a Polícia Federal tiveram uma denúncia de que o material foi subtraído de Barracão sem autorização.
Foram a Bento Quirino e lacraram a estação, fazendo o mesmo com a de Barracão, em Ribeirão. A bagunça foi armada. Há investigação agora sobre o caso.
Pergunta: por que a Prefeitura de São Simão não apresentou a carta que o DNIT teria dado, autorizando a remoção? Supõe-se que exista um documento desse tipo, senão eles não teriam conseguido remover tudo de Barracão, já que a estação estava fechada.
Se não tinham a carta, como conseguiram tirar o material (sei lá o que é esse material) da estação? Por outro lado, se Ribeirão Preto não queria que o material saísse do município, como alguém abriu o prédio para São Simão?
Mais ainda: há suspeitas de que a carta do DNIT não existe, o que existiria seria uma autorização de remoção... dada por Ribeirão Preto.
Ô história mal contada.
Não há jeito mesmo de se preservar material ferroviário no Brasil. Ninguém cuida. Quando alguém quer cuidar e o pega exatamente para cuidar dele, o dono diz: "é meu!". Isto já aconteceu antes. Sorocaba e Campinas têm uma briga com uma locomotiva que estava muito bem cuidada em Campinas e foi "resgatada" na marra por Sorocaba. Agora está enferrujando, exposta ao ar livre num parque.
Os donos de uma locomotiva em Bebedouro, em 2002, resolveram transferir uma locomotiva a vapor que estava meio largada em propriedade deles na cidade havia anos, para Antonina, no Paraná. A prefeitura de Bebedouro, que jamais deu a mínima para ela, barrou a saída da locomotiva da cidade, já na estrada, sobre um caminhão. Só que a locomotiva era particular e quem a estava transferindo era seu dono, que, com medida judicial, conseguiu levá-la para Antonina.
Há outras histórias escabrosas. E o material apodrece por aí.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
RELÍQUIAS FERROVIÁRIAS
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Eu não entendo nada disso, mas tenho meu palpite sobre casos assim. Infelizmente os Homens são mestres em complicar tudo e penso que os casos apresentados não sejam tão lineares como gostaríamos. Os governos possuem múltiplas facetas, com posicionamentos idem. Da mesma forma, a sociedade, o que teoricamente deveria ser saudável. Mas o cenário encontrado é o do ditado que "cachorro que tem dois donos morre de fome". Aqui em Araguari há um carro de madeira, que permanece anos esquecido num galpão das oficinas da EFG. Mas há uns 6 anos a prefeitura de Santa Bárbara resolveu ir buscar o tal carro. A população de Araguari se mobilizou e não deixou, o carro ficou aqui. A população fez a parte dela, na minha visão. Mas a prefeitura de Araguari nada fez até então. As administrações municipais foram mudando e O carro continua lá, no meio de milhares de pneus descartados. Não sei se o futuro do carro fosse melhor indo pra Santa Bárbara. Prefiro acreditar que o lugar do vagão é aqui, e que aqui podemos fiscalizar melhor. Desconheço os detalhes dos casos descritos no seu texto, mas já vi que em época de campanha eleitoral essas iniciativas de salvaguarda (de um lado e de outro) devem ser analisadas com bastante critério, verificar a autenticidade dos documentos (não que sejam falsos, mas deve-se verificar se tal órgão é legítimo para expedi-lo, etc), e até mesmo o histórico dos envolvidos.
ResponderExcluirOlá Ralph tenho visto seus comentários e fico feliz que haja alguem com sua visão. Parabens!
ResponderExcluirQuanto a matéria, realmente é um absurdo, parece até coisa de criança birrenta, não cuida do brinquedo, quando algume quer brincar ela toma de volta!