domingo, 11 de julho de 2010

TRANQUEIRA

A estação de Tranqueira, de madeira e construída toda em madeira, em fotografia tirada por mim em 2002.

Ontem, ainda em Curitiba, resolvi visitar uma velha estação que fotografei em 2002 e da qual não tinha notícias há muito. Curioso, há estações que ninguém visita para fotografar.
Fiu até lá de carro, seguindo a rua Mateus Leme sempre em frente. A um determinado ponto, ela vira rodovia: a rodovia dos Minérios. Entra no município de Almirante Tamandaré e, depois da entrada para esta cidade, seguimos mais seis quilômetros para chegar ao bairro de Tranqueira.
À medida que se vai avançando pela estrada, começamos a ver as caieiras que existem aos montes ali - e, também, a estrada e seus arredores cada vez mais esbranquiçado, com o acúmulo da poeira branca que precipita do ar da fumaça expelida pelas usinas. Somente junto a Tranqueira, há duas. E há diversas outras antes de chegar e também depois, no caminho para Rio Branco do Sul.
Eu sabia que a estação de madeira de Almirante Tamandaré já tinha ido para o chão. Eu a fotografei, também, em 2002. Tanto que, sabendo que ela não mais existia, nem me preocupei em ir até o local. Sefui pela estrada direto até Tranqueira. Eu não me lembrava que a estação não ficava ao lado da rodovia. Então, como a linha que cruza em nível a rodovia é simples, fui procurar por uma linha pelo menos dupla, onde poderia estar a estação.
Não foi tão simples. Avancei por um lado, à esquerda da rodovia (sentido Rio Branco do Sul) e entrei por uma rua de terra. Ali vi o início do pátio, com um AMV de onde saía um desvio. Não deu para prosseguir de carro por ali pois havia um atoleiro. Dei a volta, entrei numa estrada asfaltada e a um certo ponto, entrei à esquerda, acompanhando a linha - também simples, ali. A um determinado ponto, a linha se abria no pátio. Olhei em frente. Nada da estação.
Acompanhei a linha com o carro e nada - nem sombra da plataforma. A estação deve ter sido demolida, pensei. Parei numa casinha e perguntei a um senhor, que rapidamente: falou: "ficava logo ali", apontando com o dedo, "foi incendiada há alguns anos". Típico. Estação de madeira, já abandonada em 2002, o incêndio era quase que inevitável. Pode ter sido acidental, com algum idiota acendendo uma fogueira dentro ela. Ou proposital, ou por vandalismo, ou de algum morador cansado de ver o prédio descuidado e possivelmente com mendigos ou drogados dentro dele. Já vi isso acontecer em outras estações - se não são de madeira, mete-se a marreta nelas.
No caso, não havia plataforma porque mesmo esta era também de madeira. Então, com o mato crescido ao lado da linha, não se vislumbra nada, mesmo. Uma pena, era uma construção de madeira bem típica da região, como se pode ver na foto acima, uma das tiradas por mim em 2002. Como as outras estações do ramal que tinham a mesma tipologia desta também não mais existem, não sobra mais nenhuma para contar a história. Triste, mesmo.

6 comentários:

  1. É, não dá nem pra acreditar. Imagino que durante a sua procura vai dando uma expectativa: será que ainda existe? Será que não?
    É triste quando se verifica que já era.

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  2. Ei Ralph
    Se tivesse me falado no sebo que ia até lá poderíamos ter ido junto. Já faz pelo menos uns 5 anos que a estação não existe mais. A ABPF-PR chegou a pensar em um trem turístico no ramal de Rio Branco do Sul e uma idéia cogitada seria fazer uma réplica da estação de Tranqueira para parada do mesmo, mas até hoje não foi possível levar o projeto a cabo.
    Mas, enfim, realmente uma pena que a bela estaçãozinha não existe mais...

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  3. Luciano, naquele momento eu nem pensava em ir lá... depois que voltei para o hotel, que ficava no caminho, acabei indo, pois era facil, no caso...

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  4. Passei muitas ferias em Tranqueira, no sitio do Sr. Orlando. Meu pai que era muito amigo dele amava aquele lugar. A gente chegava de trem, ficava na casa de madeira de 130 anos de idade (na epoca, 40 anos atrás), pegava as carpas nos 3 lagos do sitio, comia pinhao assado na brasa, pão d'agua fresquinho, feijão novo cozido em panela de ferro... A visão da chegada era a estação de madeira, que pena, tudo é destruido neste país. Tenho tambem uma foto (papel) da velha estação, do sitio, do pinheirâo (4 pessoas conseguiam abraçar a arvore. Hoje, no Rio, todo dia vejo tambem uma estação que o Brasil esqueceu, era linda, a estação Leopoldina, em S.Cristovão. Abandonada, vandalizada, esquecida. Tristeza

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  5. Milch, se puder mandar seu noem intero, pretendo usar este trecho na página dessa estação no meu site de estações.
    Obrigado

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