sexta-feira, 23 de julho de 2010
CASAS NO CHÃO
Mais uma casa histórica paulistana foi demolida. Quantas casas serão demolidas por dia em São Paulo? Desta vez foi uma casa da rua do Bom Pastor, no bairro do Ipiranga e próxima à Xavier Curado, não muito longe do Museu Paulista. Quem me reportou foi o Douglas, do "São Paulo Abandonada".
Perguntar-me-ão: mas o que tinha essa casa de tão especial (foto acima, de autoria do próprio Douglas, meses atrás)? Respondo: para mim, casas com essa tipologia são muito bonitas. Não me perguntem o seu estilo arquitetônico: não sei responder, não sou arquiteto. Mas é um tipo de casa que não se faz mais, infelizmente. São características dos anos 1920 e 1930 na capital paulista e mesmo em outras cidades brasileiras.
Cada uma dessas que vai para o chão representa uma a menos para embelezar as cidades. Representa, também, a presença muito provável de um edifício de apartamentos ou de escritórios no mesmo local. Onde moravam 4, 5 pessoas, passam a viver mais de 200. O trânsito aumenta. A infraestrutura para alimentá-la tem de ser trocada, torna-se mais cara para todos. O céu desaparece um pouco na nossa visão. O verde que costeia a construção é substituído em grande parte por quintais cimentados e com pouquíssima absorção de água. A temperatura em volta do prédio aumenta de alguns centésimos de grau.
E se construíram ali um estacionamento? Menos mal, mas a cidade perde uma bela casa. E se for um galpão para uma loja ou um edifício para algum banco? Ainda é melhor do que um edifício alto, mas a cidade perde calor humano.
Enfim - estamos estragando nossas cidades, em resumo.
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Para quem tem dúvidas sobre o trecho "O céu desaparece um pouco na nossa visão", basta ver esta foto, tirada no bairro do Paraíso.
ResponderExcluirLembro muito bem dessa casa, aliás, esse trecho da Bom Pastor é muito bonito, tem várias casas como esta e um belo prédio gritando por socorro na esquina da Bom Pastor com a Rua dos Ituanos (acho).
ResponderExcluirÉ o bairro onde eu nasci, onde meu pai nasceu e onde meu avô nasceu. Embora a Estação Sacomã do Metrô tenha sido muito comemorada pelo fato de provavelmente tirar o "Ipiranga de Verdade" (e não o Alto do Ipiranga) do abandono, o medo é que o pouco das belas construções que sobraram, e que representam o passado do bairro desapareçam. A Arquitetura fabril, já se acabou. As Grandes indústrias que caracterizavam o Ipiranga desapareceram e deram lugar a prédios de apartamentos. Enfim, saudades! Mesmo sendo jovem, no meu tempo de Ipiranga se contavam os edifícios com mais de quatro andares nos dedos. Que bons ventos venham para o meu querido bairro.
Meu! Pensei que os casarões do Ipiranga estavam tombados! Agora estão... A indústria imobiliária está capitalizada com grana do exterior, e precisa produzir de qualquer maneira. Meu repúdio a essa dinâmica. Valeu!
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