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domingo, 2 de setembro de 2012

DEMOLIR POR DEMOLIR

Estação de Ribeirão Preto, SP (1885-1968): demolida por capricho dos comerciantes do centro que queriam que ali fosse construída a rodoviária, pois temiam perder o movimento com a transferencia da linha para o outro lado da cidade

Embora isto já tenha acontecido no Brasil em diversos lugares e por diversas vezes em sua história, demolir apenas por demolir é um defeito que parece insanável na cabeça de pessoas, tanto de governantes quanto de simples observadores.
Estação de Pacaembu, SP (1959-2006): Demolida por ser "depósito de drogados"

Nas antigas estações ferroviárias isto já ocorreu inúmeras vezes.
Estação de General Carneiro, MG (1895-1960): demolida por cisma da Central do Brasil, que queria ali uma estação "mais funcional"

É verdade que muitas delas o foram para que em seu lugar fossem construídas outras mais novas e mais eficientes, numa época em que nossa cultura ainda não tinha a menor preocupação com a conservação da memória brasileira.
Castelinho (1910-69), em Porto Alegre, ponto de partida para os trens para o interior do Estado: demolida por causa de um viaduto

Porém, esta cultura começou a mudar a partir dos anos 1930, com a criação do IPHAN e, mais recentemente, no decorrer dos anos 1970, quando o excesso de demolições para construção de edifícios residenciais ou comerciais e mesmo para a passagem de avenidas ou linhas de metrô já se dirigia para o absurdo.

Nos anos 1970, lembro-me dessa época, houve discussões quanto à demolição do prédio do Caetano de Campos e da residência de René Thioliier, em São Paulo, e do Palácio Monroe, no Rio de Janeiro. Destes, apenas o primeiro foi poupado. Os outros caíram apesar dos protestos. E não precisavam ter caído: no caso do Monroe, as escavações do metrô já haviam sido desviadas dele. Já no palacete da Paulista, junto à Rocha Azevedo, o herdeiro cismou que precisava vender o terreno vazio. E demoliu-o. Até hoje, o terreno segue vazio, tendo sido transformado em um pequeno parque, com os jardins da velha casa tendo sido mantidos. Quem pagou o mico foi o BANERJ, que havia comprado o terreno para ali construir um prédio para ele próprio.
Estação de Ibitiúva, SP (1929-2002): Demolida porque "estava abandonada", mesmo depois de ter sido estação rodoviária também

Voltando ao caso das estações, sempre me vêm à cabeça belos prédios como os da estações de Ribeirão Preto, Ibitiúva (em Pitangueiras, SP) e o de General Carneiro, em Minas. O caso da de Ribeirão é bem conhecido e estudado e pode ser visto no link sobre esta estação.
Estação de Tranqueira, em Almirante Tamandaré, PR (1909-2009): incendiada pela população por que estava sendo abrigo de drogados

São Manuel ainda está de pé, na região de Bauru, em São Paulo, mas sem apoio nenhum da comunidade. Idem Cordeirópolis e Cachoeira Paulista. São Francisco, em Alagoinhas, na Bahia, e Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, estão em pé, mas seriamente ameaçadas. A velha estação de Porto Alegre, o Castelinho, caiu em 1969. Sapucaí e Jaguara, em áreas rurais de Minas Gerais, estão também sem apoio nenhum. A de Chiador, também mineira, foi a primeira estação a ser construída nesse Estado e está em ruínas.

domingo, 11 de julho de 2010

TRANQUEIRA

A estação de Tranqueira, de madeira e construída toda em madeira, em fotografia tirada por mim em 2002.

Ontem, ainda em Curitiba, resolvi visitar uma velha estação que fotografei em 2002 e da qual não tinha notícias há muito. Curioso, há estações que ninguém visita para fotografar.
Fiu até lá de carro, seguindo a rua Mateus Leme sempre em frente. A um determinado ponto, ela vira rodovia: a rodovia dos Minérios. Entra no município de Almirante Tamandaré e, depois da entrada para esta cidade, seguimos mais seis quilômetros para chegar ao bairro de Tranqueira.
À medida que se vai avançando pela estrada, começamos a ver as caieiras que existem aos montes ali - e, também, a estrada e seus arredores cada vez mais esbranquiçado, com o acúmulo da poeira branca que precipita do ar da fumaça expelida pelas usinas. Somente junto a Tranqueira, há duas. E há diversas outras antes de chegar e também depois, no caminho para Rio Branco do Sul.
Eu sabia que a estação de madeira de Almirante Tamandaré já tinha ido para o chão. Eu a fotografei, também, em 2002. Tanto que, sabendo que ela não mais existia, nem me preocupei em ir até o local. Sefui pela estrada direto até Tranqueira. Eu não me lembrava que a estação não ficava ao lado da rodovia. Então, como a linha que cruza em nível a rodovia é simples, fui procurar por uma linha pelo menos dupla, onde poderia estar a estação.
Não foi tão simples. Avancei por um lado, à esquerda da rodovia (sentido Rio Branco do Sul) e entrei por uma rua de terra. Ali vi o início do pátio, com um AMV de onde saía um desvio. Não deu para prosseguir de carro por ali pois havia um atoleiro. Dei a volta, entrei numa estrada asfaltada e a um certo ponto, entrei à esquerda, acompanhando a linha - também simples, ali. A um determinado ponto, a linha se abria no pátio. Olhei em frente. Nada da estação.
Acompanhei a linha com o carro e nada - nem sombra da plataforma. A estação deve ter sido demolida, pensei. Parei numa casinha e perguntei a um senhor, que rapidamente: falou: "ficava logo ali", apontando com o dedo, "foi incendiada há alguns anos". Típico. Estação de madeira, já abandonada em 2002, o incêndio era quase que inevitável. Pode ter sido acidental, com algum idiota acendendo uma fogueira dentro ela. Ou proposital, ou por vandalismo, ou de algum morador cansado de ver o prédio descuidado e possivelmente com mendigos ou drogados dentro dele. Já vi isso acontecer em outras estações - se não são de madeira, mete-se a marreta nelas.
No caso, não havia plataforma porque mesmo esta era também de madeira. Então, com o mato crescido ao lado da linha, não se vislumbra nada, mesmo. Uma pena, era uma construção de madeira bem típica da região, como se pode ver na foto acima, uma das tiradas por mim em 2002. Como as outras estações do ramal que tinham a mesma tipologia desta também não mais existem, não sobra mais nenhuma para contar a história. Triste, mesmo.